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Oliver Stone: Prisão de Lula foi projeto dos Estados Unidos

  • Para diretor, governo americano age para desestabilizar líderes latinos
  • 15 Jul 2021
  • 17:36h

(Foto: Reprodução)

O diretor de cinema Oliver Stone acredita que a prisão do ex-presidente Lula (PT) durante a Operação Lava-Jato tenha sido arquitetada pelos Estados Unidos. Segundo o cineasta, a ação foi um plano do governo americano para desestabilizar líderes latinos. As informações são do jornal Folha de São Paulo.

“Pegaram o Lula com a Lava Jato, foi selvagem, uma história suja”, afirmou Stone, que está em Cannes  para a estreia do seu novo documentário “JFK Revisited: Through the Looking Glass”, sobre a morte do presidente John Kennedy.

Para o diretor, a condenação do petista é consequência do projeto americano de patrulhar o mundo. “É duro, é uma guerra em curso que está acontecendo […] No Brasil, Lula foi para a prisão, eles se livraram do Lula. Eles policiam o mundo”, disparou.

Stone prepara um filme no qual o ex-presidente será o personagem principal e que deve ficar pronto no segundo semestre de 2022.

China tem 1º caso no mundo de gripe aviária H10N3 em humanos

  • Exame
  • 01 Jun 2021
  • 09:42h

Gripe aviária: somente cerca de 160 exemplares do vírus foram relatados nos 40 anos transcorridos até 2018 (China Daily via/Reuters)

m homem de 41 anos de Jiangsu, província do leste da China, foi confirmado como o primeiro caso humano de infecção da linhagem H10N3 da gripe aviária, informou a Comissão Nacional de Saúde chinesa (NHC) nesta terça-feira.

O morador da cidade de Zhenjiang foi hospitalizado no dia 28 de abril depois de desenvolver febre e outros sintomas, disse a NHC em um comunicado.

Ele foi diagnosticado com o vírus da gripe aviária H10N3 em 28 de maio, disse a entidade, mas sem dar detalhes de como o homem foi infectado.

O paciente está estável e pronto para ter alta do hospital. O acompanhamento médico de seus contatos próximos não detectou nenhum outro caso.

A H10N3 é uma linhagem patogênica baixa, ou relativamente menos forte, do vírus em aves, e o risco de ela se disseminar em larga escala é muito baixo, acrescentou a NHC

A linhagem "não é um vírus muito comum", disse Filip Claes, coordenador laboratorial regional do Centro de Emergência para Doenças Animais Transfronteiriças do Escritório Regional para a Ásia e o Pacífico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Somente cerca de 160 exemplares do vírus foram relatados nos 40 anos transcorridos até 2018, a maioria em pássaros selvagens ou aves aquáticas da Ásia e de algumas partes limitadas da América do Norte, e nenhum foi detectado em frangos até agora, acrescentou.

Jornalista baiana estreia na Amazon com livro entre os mais vendidos

  • Redação
  • 25 Mai 2021
  • 08:18h

A obra conta as histórias de mulheres que dizem ter renascido depois de vivenciar um câncer, tendo como personagem uma mulher que superou a doença por sete vezes | to: Divulgação/ Assessoria

A jornalista baiana Rayllanna Lima fez sua estreia como escritora com uma grande marca para a carreira. Contribuindo há mais de sete anos para o jornalismo local, ela entrou para a lista dos livros mais vendidos da seção Jornalismo na Amazon, com o lançamento do livro-reportagem ‘Renascer’.

No e-book, fruto de seu trabalho de conclusão de curso, a jornalista conta as histórias de mulheres que dizem ter renascido depois de vivenciar um câncer. Uma das personagens superou a doença por sete vezes.

O projeto tem como propósito tirar os olhos da doença para colocar nos pacientes. Além das personagens com histórias de sobrevivência, foram ouvidos especialistas da área de saúde, como oncologistas e psicólogas, garantindo o embasamento científico sobre o tema.

“Pessoas não são e não podem ser apenas estatísticas. Em geral, quando se fala em câncer, o que mais aparece são os números de quantas pessoas morreram, quantas vão morrer ou quantas terão a doença. Decidi virar essa chave dando voz a quem viveu um câncer na pele e tem propriedade para falar sobre isso. Encontrei mulheres que tiveram medo do processo, mas que ao longo dele se depararam com suas melhores versões. Elas contam que aprenderam que a informação é uma importante aliada no tratamento oncológico”, explica Rayllanna.

Dividido em quatro capítulos, o livro aborda ainda questões relacionadas ao autoconhecimento, autocuidado e amor genuíno.

“Ouvir essas mulheres fez com que eu repensasse o meu modo de ver a vida e de viver. E acredito que isso também ocorrerá com os leitores. Além de relatarem os momentos mais difíceis ao longo do tratamento, elas falam sobre técnicas que podem ajudar nos processos de cura física, mental e espiritual. Não só para quem recebe um diagnóstico de câncer, mas para qualquer pessoa”, afirma a jornalista.

As ideias que revolucionaram a ordem política mundial

  • Gabriela Cuerba
  • 17 Mai 2021
  • 13:28h

Obra "Da República", de Cícero, é ideal para compreender os sistemas políticos e jurídicos e a máxima: "o direito coletivo sobrepõe o individual" | Imagem: Livraria do Senado

Produzida em 54-51 a.C. uma das obras mais antigas de Cícero é também uma das mais atuais. Da Repúblicaum dos maiores legados políticos da humanidade, apresenta as ideias de um dos maiores filósofos de todos os tempos: Marco Túlio Cícero.

Seus ensinamentos mudaram a ordem política mundial e permeiam até hoje os diálogos sobre a ética, a justiça e a coletividade. E, um exemplo da influência do orador, escritor, advogado e político romano nos sistemas de governo é a organização dos Estados, sobretudo nos países ocidentais, incluindo o Brasil.  

Este clássico do pensamento da humanidade traz lições tanto jurídicas quanto políticas de que o interesse particular de cada um deve estar subordinado ao interesse superior do conjunto, ou seja, é o texto mais antigo que remete a máxima jurídica: “o direito coletivo sobrepõe o direito individual”.

Com esses dizeres atemporais, o autor apresentou aos romanos as escolas da filosofia grega e deixou, ainda, a seguinte mensagem:

“Se as leis mudam, todo cidadão verdadeiramente virtuoso nem por isso deve deixar de seguir e observar as regras da eterna justiça, em lugar das de uma justiça convencional, posto que dar a cada um seu direito é próprio do homem bom e justo”. (Da República, pg. 83)

Da República é composto por seis livros e a nova edição, chega com novo design de capa integrando a coleção da obra ciceriana Dos Deveres e As Catilinárias, ambas publicadas pela Edipro, a editora dos clássicos.

Neymar é acusado de planejar assalto armado a ativista, diz site

  • Redação
  • 15 Mai 2021
  • 18:47h

(Foto: Reprodução)

O brasileiro Neymar está sendo acusado de planejar um assalto armado. A acusação acontece por parte do suplente de deputado estadual, Agripino Magalhães. O ativista dos direitos LGBTQI+ entrou com processo no Tribunal de Justiça de São Paulo contra o jogador do PSG e da Seleção Brasileira depois de denunciar supostas práticas de homofobia por parte de Neymar. A informação é do site IG. Davi de Paiva Costa Tangerina, advogado do jogador, também é citado na ação, acusado de fazer ameaças de morte a Agripino. O ativista requer que Neymar seja condenado e pede também uma indenização por danos morais no valor de R$ 1 milhão. Agripino Magalhães diz ainda no processo que recebe ameaças de morte constantes e que chegou a ter o celular furtado a mando do advogado e do jogador do time francês. O ativista diz ainda que não consegue mais arrumar emprego em decorrência das ameaças que vem recebendo. O jogador não se pronunciou sobre o assunto.

Destroços de foguete chinês cairão no sábado (08) na Terra

  • Redação
  • 07 Mai 2021
  • 08:37h

(Foto: G1)

Destroços do foguete chinês “Long March 5B” devem cair no oceano em território dos Estados Unidos, informou nesta quarta-feira (5) o jornal China Global Times. Os detritos que voltarão à Terra fazem parte do primeiro estágio do foguete, que possui cerca de 30 metros de comprimento, 5 metros de largura e 187 toneladas.

O Long March 5B decolou da ilha de Hainan, no sul da China, em 29 de abril para colocar em órbita o primeiro módulo da Estação Espacial Chinesa Tiangong, que se tornará o alojamento de três tripulantes.

De acordo com o site de geolocalização espacial americano Aerospace, os destroços têm chance de chegar à Terra em 8 de maio, às 23h34, caindo no oeste Estados Unidos. O ponto exato da queda dos destroços, entretanto, ainda é incerto. Segundo Wang Yanan, editor-chefe da revista espacial Aerospace Knowledge, os destroços não irão interferir em atividades humanas.

“A maior parte dos destroços queimará durante a reentrada, deixando apenas uma pequena porção que pode cair no chão, e provavelmente pousará em áreas longe de atividades humanas ou no oceano”, disse Yanan ao China’s Global Times, jornal pertencente ao grupo oficial do Partido Comunista da China.

A publicação também afirmou que a rede de monitoramento espacial da China está observando cuidadosamente a área da trajetória do foguete e tomará medidas para evitar danos aos navios que passam pela região.

O Departamento de Defesa dos EUA disse à agência de notícias Reuters que “todos os destroços podem ser ameaças em potencial“ e que o 18° Esquadrão de Controle Espacial da Califórnia ofereceria informações diárias sobre a localização do foguete.

Brasil cai quatro posições no Ranking de Liberdade de Imprensa da RSF

  • Media Talks
  • 20 Abr 2021
  • 09:35h

(Imagem Ilustrativa)

 O Brasil caiu quatro posições e passou à 111ª colocação entre 180 países no ranking de liberdade de imprensa global da organização Repórteres sem Fronteiras, anunciado nesta terça-feira (20/4) em Paris. Saiu da zona laranja, onde estão as nações cuja situação é considerada sensível, e entrou para a vermelha, um clube formado por aqueles onde a situação da liberdade de imprensa é classificada como difícil. 

Mas o País não está sozinho nisso. O estudo revela que “a principal vacina contra o vírus da desinformação, o jornalismo”, está total ou parcialmente comprometido em 73% das 180 nações que fazem parte do ranking de 2021. Apenas 7% dos países ficaram na zona branca, que sinaliza uma boa situação.

Entre as razões apontadas pela RSF destacam-se a pandemia do coronavírus, usada como pretexto para violações que vão de perseguições a leis restritivas e censura. E as redes sociais, nas quais o crescimento de ataques a profissionais e veículos contribuiu para minar a confiança do público no jornalismo e fomentar violência por parte de cidadãos, que se tornaram rotina em vários países. 

Este é o quarto ano consecutivo de queda do Brasil, que em 2018 estava na 102ª posição. Coube ao País a oitava pior colocação das Américas e a terceira pior da América do Sul.

O ranking de liberdade de imprensa da RSF é mais um momento de exposição negativa, contribuindo para desgastar novamente a reputação do País em nível global. O presidente Bolsonaro é citado no texto de apresentação do estudo, ao lado de Nicolás Maduro, como exemplos de líderes que promovem desinformação. Somente três governantes são destacados na abertura (o outro é o presidente do Egito, Abdel Fattah).

E a Agência Pública, mencionada como exemplo do trabalho de veículos que vêm desmascarando a desinformação, é a única organização jornalística citada na abertura do documento. 

Os embates de Bolsonaro e de seus filhos com a imprensa foram igualmente salientados na análise regional das Américas. Em fevereiro passado, a RSF  havia feito uma campanha global denunciando restrições ao trabalho da imprensa diante do agravamento da crise de saúde pública. 

Nos Estados Unidos, a liberdade de imprensa conseguiu resistir melhor do que no Brasil. Nem a campanha permanente de Donald Trump contra veículos e jornalistas – o ex-presidente tuitou mais de uma vez por dia contra a imprensa em cinco anos e meio – foi capaz de afetar a livre prática do jornalismo. O país subiu uma posição e agora está em 44º no ranking da RSF. 

Mais um efeito colateral do coronavírus sobre a sociedade

Na edição 2021 do relatório, a Repórteres sem Fronteiras afirma que a crise de saúde pública causou uma tendência generalizada de cerceamento ao trabalho jornalístico globalmente, com uma flagrante deterioração do indicador que avalia restrições de acesso a informações e entraves à cobertura da imprensa.

A situação melhorou em duas das regiões pesquisadas e piorou em quatro. 

No mundo todo, jornalistas se depararam com um maior número de obstáculos impostos pelos governos para obter informações, por causa da crise sanitária ou tendo ela como pretexto, como no caso do Brasil. 

Nesse cenário, um decreto “anti-fake news” que concedeu ao governo da Malásia o poder de impor sua própria versão da verdade fez com que o país tivesse a maior queda no ranking. Perdeu 19 posições, caindo para a 119º posição.

O estudo enfatiza que a desinformação, associada à intensificação da violência política na internet praticada por autoridades e seus seguidores contra jornalistas, é um dos maiores desafios para o jornalismo atual:

“Nos últimos anos, governos incorporaram no seu discurso público uma estratégia de deslegitimação do papel da imprensa.

Por meio das redes sociais, autoridades impulsionam seus seguidores a ataques contra jornalistas e meios de comunicação, na perspectiva de desviar a atenção sobre revelações comprometedoras, manter sua base política mobilizada e ter maior controle do debate público.”

Em março, o jornal The Guardian teve acesso às regras do Facebook para moderação de conteúdo, revelando que a rede orienta formalmente os moderadores a não remover ataques e até pedidos de morte de figuras públicas, incluindo jornalistas.

Um estudo do Internet Institute da Universidade de Oxford identificou a atuação de tropas cibernéticas financiadas por governos em vários países – inclusive no Brasil – dedicadas a espalhar desinformação e promover discurso de ódio, incluindo a desvalorização do jornalismo. 

Em vários países europeus (Itália, Alemanha, Reino Unido, França) a imprensa se tornou alvo de grupos de extrema-direita (neonazistas, hooligans e sovranisti).O vídeo de apresentação do relatório exibe agressões  a jornalistas em manifestações relacionadas à pandemia. 

 

 

Mulheres têm conquistas, mas caminho ainda é longo para igualdade

  • Por Ana Graziela Aguiar
  • 08 Mar 2021
  • 08:13h

Reprodução: Antonio Cruz/ Agência Brasil

Ser mulher é enfrentar um desafio diferente todos os dias. É superar barreiras, muitas vezes, invisíveis. Apesar de serem a maioria da população brasileira (51,8%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), elas ainda enfrentam cenários desiguais, seja na divisão das tarefas domésticas ou nos ganhos no mercado de trabalho. Muitas vezes, elas assumem tripla jornada. Saem para trabalhar, cuidam da casa, dos filhos. Em vários lares, elas são arrimo e sustentam sozinhas suas famílias.

Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), em 2018, 45% dos domicílios brasileiros eram comandados por mulheres. Mas, apesar de liderarem casas e assumirem as contas, as mulheres ainda têm de lidar com a discriminação. Estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostra que 90% da população mundial ainda tem algum tipo de preconceito na questão da igualdade de gênero em áreas como política, economia, educação e violência doméstica. Segundo o estudo, que analisou dados de 75 países, cerca de metade da população considera que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres, e mais de 40% acham que os homens são melhores diretores de empresas. Além disso, 28% dos consultados consideram justificado que um homem bata na sua esposa. Apesar da longa jornada enfrentada por elas ao longo da história, os números mostram que ainda há muito a caminhar.

Marco histórico

Considerado marco histórico na luta das mulheres por mais oportunidades e reconhecimento, o 8 de março foi instituído como Dia Internacional da Mulher, pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975. Muitos historiadores relacionam a data a um incêndio ocorrido, em 1911, em Nova York, no qual 125 mulheres morreram em uma fábrica têxtil. A partir daí, protestos sobre as más condições enfrentadas pelas mulheres trabalhadoras começaram a ganhar espaço.

Para a juíza Martha Halfeld, primeira mulher a ocupar a presidência do Tribunal de Apelações da Organização das Nações Unidas, não há mais espaço para a ideia de “concessão masculina”. Tudo o que as mulheres conseguiram, ao longo da história, foi com base em muito trabalho, dedicação e suor. Na visão da juíza, o 8 de março deve ir muito além de flores ou presentes. “Oferecer a rosa, pode ser visto como: eu te concedo uma assistência. Eu, homem, te concedo aquilo. Hoje, não existe mais espaço para eu concedo. Não, nós conquistamos. E nós conquistamos com muito trabalho um espaço de perfeita igualdade em termos intelectuais, pelo menos. Temos tanta capacidade intelectual quanto qualquer homem”, afirma Halfeld que permanece na presidência da Corte até janeiro de 2022 e segue na ONU até 2023.

Livro como arma

Para conquistar um espaço na academia e na literatura, a mineira Conceição Evaristo sabe o quanto teve de lutar. Sua primeira arma foi o livro, que a acompanhou desde a infância pobre vivida em Belo Horizonte. “Eu não tinha muita coisa em termos materiais. Brinquedo era uma coisa rara, passear era uma coisa muito rara, viajar muito menos. Então, o livro vem preenchendo um vazio. A escola onde estudei os meus primeiros anos primários tinha uma biblioteca muito boa. Desde menina, eu sempre gostei de leitura.”, conta. Segunda de nove irmãos, a escritora foi criada pela mãe e por uma tia. Conceição, que trabalhou como empregada doméstica e lavadeira, foi a primeira da família a conseguir um diploma universitário. Depois da graduação, veio o mestrado, o doutorado e as aulas em universidades públicas. Em paralelo aos estudos, ela se dedicava a outra paixão: a escrita. Seus contos e poemas foram publicados na Série Caderno Negros, na década de 1990, e seu primeiro livro, o romance Ponciá Vicêncio, foi publicado em 2003.

Em 2019, foi a homenageada do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira. “Foi preciso um prêmio me legitimar. Enquanto eu não ganhei o Jabuti, as pessoas não acreditaram que estavam diante de uma escritora negra”, afirma. Reconhecida como uma das escritoras brasileiras mais importantes da atualidade, Conceição conta que as barreiras que teve de enfrentar por toda sua vida foram o combustível para suas obras. “A minha escrita é profundamente contaminada pela minha condição de mulher negra. Quando eu me ponho a criar uma ficção, eu não me desvencilho daquilo que eu sou. As minhas experiências pessoais, as minhas subjetividades, o lugar social que eu pertenço, isso vai vazar na minha escrita de alguma forma.” Para ela, o 8 de março é uma data para ser celebrada, mas também um momento de reflexão e de vigília constante. “Todas as mulheres precisam ficar alertas àquilo que é do nosso direito, àquilo que nós temos de reivindicar sempre porque nada, nada nos é oferecido, tudo é uma conquista”, conclui.

Entidades denunciam à ONU violações contra parlamentares negras e trans

  • Mônica Bergamo | Folhapress
  • 30 Jan 2021
  • 14:23h

(Foto: Revista Época)

Um grupo de entidades e mandatos políticos enviou nesta sexta-feira (29) um apelo urgente ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciando violações sofridas por parlamentares negras e transexuais eleitas em 2020. O documento é assinado pelas entidades Coalizão Negra Por Direitos, Instituto Marielle Franco, Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), Justiça Global e Terra de Direitos e pelos mandatos da vereadora Erika Hilton (PSOL), do coletivo Bancada Feminista e do coletivo Quilombo Periférico, todos com cadeira na Câmara Municipal da capital paulista.

O apelo cita denúncias feitas nesta semana pela vereadora Erika Hilton e pela covereadora Carolina Iara (PSOL), ambas eleitas no ano passado. Carolina afirmou que sua casa, na região de Itaquera, na zona leste da capital paulista, foi alvo de ao menos dois tiros na madrugada de quarta-feira (27). A covereadora é a primeira pessoa intersexo eleita no país e integra o mandato coletivo Bancada Feminista, composto por seis pessoas. Segundo imagens de câmera de segurança, um veículo branco chega em frente à casa de Carolina, às 2h07. Cerca de três minutos depois, é possível ver pés caminhando com pressa até o veículo, que é manobrado e sai do local. A vereadora Erika Hilton, por sua vez, abriu um boletim de ocorrência na última quarta-feira depois de ser surpreendida, em seu gabinete, por um homem que se identificou como "garçom reaça".

Esta foi a segunda vez em duas semanas que a parlamentar diz ter sua segurança ameaçada dentro da Câmara. No início de janeiro, a vereadora já havia protocolado uma ação contra 50 pessoas que teriam feito ameaças transfóbicas, racistas e machistas contra ela na internet. "Infelizmente, tais episódios representam um conjunto de atos sistêmicos de violência política que são cotidianamente praticados contra mandatos eleitos de mulheres negras, em especial mulheres negras transexuais, no Brasil", diz a carta enviada à ONU. O apelo ainda cita os casos da deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), que foi notificada de pelo menos seis planos que tinham como objetivo sua execução, e o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, também do PSOL, cujos mandantes do crime seguem desconhecidos. "No Brasil, persiste um cenário de permissividade para que assassinatos como o de Marielle Franco continuem ocorrendo, não tendo o poder público agido desde a morte de Marielle para evitar a repetição de crimes políticos tão bárbaros quanto esse às mulheres negras e transexuais que têm sido eleitas para exercer mandatos políticos", segue o texto.

O apelo ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU solicita, entre outras demandas, que autoridades do estado de São Paulo providenciem esclarecimentos sobre os casos aos relatores especiais da ONU e que elas se comprometam com a adoção de políticas públicas que garantam a proteção e o exercício de direitos políticos. A ação pede ainda que sejam criados "mecanismos e políticas públicas com objetivo de extinguir a reprodução de todas as formas de violência política que dificultem o engajamento de mulheres negras e transexuais e travestis na política institucional brasileira."

Mais especulador: Presidente da Argentina questiona modelo do capitalismo atual

  • Redação
  • 29 Jan 2021
  • 06:44h

Fernández afirmou que coronavírus revelou e reforçou desigualdades e o modelo econômico vigente criou bloqueios antiéticos | Foto: Diário Vivi La Cidad

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, defendeu que o atual modelo capitalista seja questionado, devido ao caráter “mais especulador do que produtivo”. A declaração foi dada nesta quinta-feira (28), na edição virtual do Fórum de Davos. De acordo com informações da Folha de S.Paulo, Fernández afirmou que a crise sanitária causada pelo coronavírus revelou e reforçou as desigualdades que temos no mundo e o modelo econômico vigente criou bloqueios antiéticos que vem se manifestado na guerra das vacinas. A Argentina tem negociado vacinas com diferentes laboratórios, embora já tenha iniciado a imunização com a Sputnik V. O presidente argentino aproveitou o momento no fórum para transmitir uma imagem positiva de seu governo em meio à crise. Segundo ele, foram criados 4,5 mil empregos na nova indústria, abertas linhas de crédito às pequenas e médias empresas e distribuído o Ingresso Familiar de Emergência para a população mais vulnerável. Fernández também falou sobre a renegociação da dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo ele, em bom caminho, embora sem acordo finalizado. o desafio do presidente é tentar reestruturar o pagamento de dívida de US$ 44 bilhões (equivalente a R$ 238 bilhões) contraída por seu antecessor, Maurício Macri.

Twitter decide suspender conta de Donald Trump permanentemente

  • Redação
  • 09 Jan 2021
  • 11:48h

Conforme a rede social, a suspensão aconteceu 'pelo risco de mais incitação à violência' | Foto: Foto: Tia Dufour/Fotos Públicas

O Twitter decidiu suspender a conta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, permanentemente nesta sexta-feira (08). Conforme a rede social, a suspensão aconteceu “pelo risco de mais incitação à violência”  por parte do republicano. Ainda de acordo o Twitter, o presidente desrespeitou as regras da rede. A decisão foi tomada após manifestantes pró-Trump, que não aceitam o resultado das eleições que deu a vitória a Joe Biden, invadirem o Capitólio, como é chamado o Congresso norte-americano. Horas após o episódio, o presidente divulgou um vídeo onde voltava a afirmar que o pleito nos EUA havia sido fraudado. Outras redes sociais, como Facebook e Instagram, também bloquearam as contas de Trump. A decisão seguiria até a transição presidencial, no entanto, Mark Zuckerberg anunciou na quinta (07) que a suspensão continuará até duas semanas após a entrada definitiva de Joe Biden na Casa Branca.

Papa Francisco reaparece em público no Vaticano e pede paz mundial

  • por Folhapress
  • 01 Jan 2021
  • 15:53h

Foto: Reprodução / Twitter

Depois de cancelar sua participação em dois eventos devido a uma dor ciática crônica, o papa Francisco voltou a aparecer em público nesta sexta-feira (1º) no Vaticano.

O pontífice não mostrou nenhum sinal de desconforto nem mencionou seu problema de saúde ao fazer um discurso e uma oração ao meio-dia (8h em Brasília) em um púlpito na biblioteca do Palácio Apostólico, ao lado de uma árvore de Natal e de imagens representando Maria, José e o menino Jesus.

A bênção do meio-dia normalmente é dada de uma janela com vista para a Praça de São Pedro, mas foi movida para um ambiente interno com o objetivo de evitar que qualquer multidão se reunisse e limitar a disseminação do coronavírus.

"A vida hoje é governada pela guerra, pela inimizade, por muitas coisas que são destrutivas. Nós queremos a paz. É um presente", disse Francisco, acrescentando que a resposta à crise global causada pela pandemia de Covid-19 mostra a importância do compartilhamento dos fardos entre a humanidade.

"Os dolorosos acontecimentos que marcaram a jornada da humanidade no ano passado, especialmente a pandemia, nos ensinaram o quanto é necessário nos interessar pelos problemas dos outros e compartilhar suas preocupações."

O líder católico não pôde comparecer às missas marcadas para a noite desta quinta-feira (31) e para a manhã desta sexta -esta foi a primeira vez que ele foi impedido por motivos de saúde de participar de um grande evento desde que se tornou papa em 2013.

Em seu primeiro evento público do ano, Francisco também destacou suas preocupações com Iêmen, país afetado por anos de violência entre uma coalizão liderada pela Arábia Saudita e o movimento Houthi, alinhado ao Irã.

Na última quarta-feira (30), ao menos 22 pessoas morreram e 50 ficaram feridas em um ataque ao aeroporto de Aden, capital temporária do país, que desencadeou novos conflitos entre os dois grupos.

"Expresso minha tristeza e preocupação com a nova escalada de violência no Iêmen, que está causando inúmeras vítimas inocentes", disse o papa. "Vamos pensar nas crianças do Iêmen, sem educação, sem remédios, famintas."

A preocupação com a saúde de Francisco é uma constante no Vaticano. Com seus 84 anos completados em dezembro, o pontífice argentino é considerado integrante dos grupos de risco da Covid-19.

Além da idade avançada, o papa teve uma doença em sua juventude e o tratamento envolveu a retirada de parte de seu pulmão direito, de acordo com informações do livro "Vamos Sonhar Juntos", biografia de Jorge Bergoglio produzida em colaboração com o jornalista britânico Austen Ivereigh.

Pouco antes do Natal, dois cardeais que fazem parte do círculo íntimo do papa, um polonês e um italiano, receberam diagnóstico de Covid-19. O Vaticano ainda não indicou quando Francisco deve ser vacinado contra o coronavírus.

Argentina aprova legalização do aborto

  • BBC News
  • 30 Dez 2020
  • 10:03h

A Argentina se soma ao pequeno grupo de países latino-americanos onde o aborto é descriminalizado | TOMAS CUESTA/GETTY IMAGES

O Senado argentino aprovou na madrugada desta quarta-feira o projeto de lei de legalização do aborto nas primeiras 14 semanas de gestação.

A proposta, que havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados em 11 de dezembro, obteve 38 votos a favor, 29 contra e uma abstenção.

Até agora, a Argentina tinha uma das legislações mais restritivas da região sobre o aborto — a interrupção da gravidez só era permitida em casos de estupro ou quando a saúde da mãe estava em risco (permissões semelhante às da lei brasileira).

A votação parlamentar se estendeu pela madrugada, enquanto manifestantes a favor e contra a legalização protestavam em frente ao Congresso, em Buenos Aires.

A proposta tem o apoio do governo do presidente Alberto Fernández, que fez da legalização do aborto uma das promessas de sua campanha eleitoral em 2019.

Há dois anos, em 2018, o projeto passou na Câmara, mas foi rejeitado no Senado, durante a gestão do ex-presidente Mauricio Macri, opositor de Fernández.

A legalização do aborto é uma medida exigida há anos por muitos coletivos de mulheres na Argentina, mas também tem muitos opositores.

Seguro, legal e gratuito

Assim que a lei entrar em vigor, toda gestante poderá ter acesso ao aborto no sistema de saúde, de forma gratuita e segura, até a 14ª semana de gestação.

A nova lei também prevê a possibilidade de interrupção da gravidez por tempo indeterminado para as mulheres grávidas em decorrência de estupro ou que estejam correndo risco de vida, únicas condições em que era permitido até agora.

As menores de 13 anos podem ter acesso ao aborto acompanhadas de pelo menos um dos pais ou representante legal, enquanto adolescentes de 13 a 16 anos só precisarão de autorização se o procedimento comprometer sua saúde, e as maiores de 16 poderão decidir por conta própria.

Manifestantes pró-legalização do aborto comemoram aprovação do projeto de lei

CRÉDITO,FLOR GUZZETTI / REUTERS

Legenda da foto,

Toda gestante poderá ter acesso ao aborto no sistema de saúde, de forma gratuita e segura, até a 14ª semana de gestação

A lei também autoriza a objeção de consciência dos médicos que não queiram participar do aborto, mas desde que encaminhem rapidamente as pacientes para outros profissionais que realizem o procedimento.

Repúdio da Igreja

Um dos argentinos que pareceu se posicionar foi o papa Francisco, que, sem se referir ao debate em seu país, publicou um tuíte afirmando que "toda pessoa descartada é filho de Deus".

Os defensores do direito à interrupção da gravidez argumentam que a possibilidade de aborto legal reduz o risco representado por intervenções clandestinas para as mulheres e permite que tomem decisões conscientes e informadas.

Os países da América Latina têm no geral algumas das legislações mais restritivas sobre aborto.

Países onde é legalizado

Os países latino-americanos que permitem o aborto incondicional nas primeiras semanas de gravidez, de acordo com o prazo estabelecido em suas legislações, são:

- Uruguai;

- Cuba;

- Guiana;

- Guiana Francesa;

- Porto Rico.

Países em que é proibido sem exceções

A proibição sem exceção da interrupção voluntária da gravidez está prevista nos códigos penais de:

- El Salvador;

- Honduras;

- Nicarágua;

- República Dominicana;

- Haiti.

Países em que está sujeito a condições

No restante da América Latina, todos os Estados preveem condições em maior ou menor grau para a interrupção da gravidez.

Paraguai, Venezuela, Guatemala, Peru e Costa Rica têm algumas das leis mais restritivas e só descriminalizam o aborto no caso da vida ou a saúde da gestante estar em risco.

Os demais contemplam condições que vão além do risco de morte ou ameaça à saúde da mãe, embora também com nuances.

Alguns países, como Chile, Colômbia e Brasil, também incluem casos de ??estupro e inviabilidade do feto em seus códigos penais.

Atualmente, o aborto só é permitido no Brasil em caso de estupro, risco de vida para a mãe e feto com anencefalia (neste último caso a autorização foi dada pelo Supremo, em julgamento de 2012).

Além disso, a Bolívia acrescenta a ocorrência de incesto e, no caso de Belize, fatores socioeconômicos.

No Equador, há três causas em que o aborto é permitido: ameaça à vida ou à saúde da mulher, inviabilidade do feto e estupro de mulher com deficiência mental.

No México, cada um dos estados federativos tem sua própria legislação sobre aborto. As restrições variam por estado.

No entanto, apenas na Cidade do México e em Oaxaca é permitido o aborto gratuito e incondicional durante as primeiras 12 semanas de gestação

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Baiana morre em ataque terrorista na França; Rui e Neto lamentam

  • Paloma Teixeira
  • 30 Out 2020
  • 08:06h

Natural de Salvador, vítima tinha 44 anos e morava no país há 30 | Foto: reprodução/redes sociais

Um ataque terrorista com faca na Basílica de Notre-Dame, em Nice, no sul da França, nesta quinta-feira (29), deixou três pessoas mortas. Uma das vítimas era a baiana Simone Barreto Silva, que deixou Salvador há 30 anos para morar no país. Ela tinha 44 anos e deixou três filhos.

Além dela, a polícia também encontrou o corpo de uma mulher de 60 anos, que estava com a cabeça quase separada do pescoço, e ainda um homem de 55 anos. O sacristão da basílica foi identificado como Vincent e ele também quase foi decapitado.

De acordo com o prefeito de Nice, Christian Estrosi, o suspeito teria gritado diversas vezes “Allahu Akbar” (que significa Deus é grande) antes de ser baleado e detido. Ele é de origem tunisiana e havia se mudado para a França há pouco tempo.

Nas redes sociais, o governador Rui Costa (PT) e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), lamentaram o atentado e manifestaram solidariedade à família de Simone.

“Triste e indignado. Atentado terrorista na França matou Simone Barreto, baiana de Salvador. Ataque covarde contra a liberdade. Que Deus conforte familiares e amigos de Simone e das outras vítimas deste crime bárbaro. Solidariedade à França e ao mundo que defende o amor e a paz”, disse o governador.

“Fica a nossa imensa consternação diante desse crime bárbaro, condenado por todos os líderes mundiais, com os quais nos uniremos agora, na certeza de que o bom senso, a razão e a lucidez irão subjugar a irracionalidade, o fanatismo e a intolerância religiosa”, afirmou o prefeito.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também prestou condolências pela morte de Simone e “bem como aos das demais vítimas, e estende sua solidariedade ao povo e governo franceses”.

Triste e indignado. Atentado terrorista na França matou Simone Barreto, baiana de Salvador. Ataque covarde contra a liberdade. Que Deus conforte familiares e amigos de Simone e das outras vítimas deste crime bárbaro. Solidariedade à França e ao mundo que defende o amor e a paz.

— Rui Costa (@costa_rui) October 30, 2020

Fica a nossa imensa consternação diante desse crime bárbaro, condenado por todos os líderes mundiais, com os quais nos uniremos agora, na certeza de que o bom senso, a razão e a lucidez irão subjugar a irracionalidade, o fanatismo e a intolerância religiosa.

— ACM Neto (@acmneto_) October 30, 2020

Vacina contra Covid-19 não deve ser obrigatória na maior parte do mundo

  • por Folhapress
  • 26 Out 2020
  • 21:03h

Foto: Reprodução / Agência Brasil

Após sete meses de pandemia, não há notícia de que algum país tenha declarado oficialmente que tornará obrigatória a aguardada vacina contra o coronavírus, que está sendo desenvolvida por 137 fabricantes.

Por ora, em boa parte dos lugares, a discussão sobre uma eventual obrigatoriedade da imunização tem sido vaga, especulativa e conceitual -o que pode, obviamente, mudar quando a vacina estiver disponível.

O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, foi o que chegou mais perto: ainda em agosto, ele chegou a dizer que faria a vacina "ser tão obrigatória quanto possível". Mas voltou atrás horas depois, diante de uma torrente de reações negativas por parte da população.

Os vizinhos da Nova Zelândia fizeram circular uma informação de que a imunização seria imposta no país, mas a primeira-ministra, Jacinda Ardern, correu para confirmar que tratava-se de fake news.

Na Malásia, a imprensa especulou que o governo tornaria a vacina obrigatória, mas o ministro da saúde desconversou em mais de uma ocasião quando foi perguntado sobre isso.

Mesmo na Rússia, onde a Sputnik-V já está sendo distribuída, a vacina é obrigatória apenas para os militares. Também em agosto, enquanto o imunizante ainda estava em fase de testes, o governo de Vladimir Putin pressionou professores e médicos a serem imunizados, visando preparar as escolas para a reabertura no início de setembro.

 

Um sindicato de professores, no entanto, fez campanha contra a coação, levantando 1.400 assinaturas em um abaixo-assinado.

O próprio Putin foi vacinado e ofereceu imunização gratuita aos funcionários da Organização das Nações Unidas em seu discurso na Assembleia Geral da entidade, em setembro.

No país mais atingido pela crise sanitária no mundo, em que o presidente Donald Trump promete que vacina está disponível nas próximas semanas, tomá-la ou não também deverá ser uma decisão pessoal -não há leis federais nos EUA que obriguem ninguém a se vacinar, e uma eventual obrigatoriedade nacional ficaria a critério do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).

Alguns estados americanos, no entanto, exigem que sejam vacinados contra doenças transmissíveis as crianças em idade escolar, os profissionais de saúde e os pacientes e residentes em instalações de saúde.

No Brasil, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), chegou a decretar que a vacinação contra o coronavírus no estado seria obrigatória. Três dias depois, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse a apoiadores que a vacina "não será obrigatória e ponto final".

Os principais países da Europa também não devem tornar compulsória uma futura vacina contra a Covid-19, segundo as autoridades de saúde. A maioria deles adota como política recomendação e campanhas de informação para que cada cidadão tome sua decisão. Em alguns, a lei não permite vacinação obrigatória.

A Alemanha, que tem a maior população da União Europeia -82,2 milhões de habitantes-, não adota vacina obrigatórias.

Segundo o Ministério da Saúde, o Comitê Permanente de Vacinação do Instituto Robert Koch está discutindo que categorias serão vacinadas primeiro, e em que ordem.

O país, que tem o mais amplo e um dos melhores sistemas hospitalares da União Europeia, registra também um desempenho melhor que o dos vizinhos no combate à Covid-19.

Desde o começo da pandemia, foram 119 mortos por 1 milhão de habitantes, enquanto a França tem 508, a Itália 610, o Reino Unido, 663 e a Espanha, 732 mortos por 1 milhão de habitantes.

O Reino Unido, segundo país europeu mais populoso, com 66,7 milhões e habitantes, também não adota a vacinação obrigatória. "A ciência deixa claro que as vacinas salvam milhões de vidas e previnem inúmeros casos de doenças, mas operamos pelo sistema de consentimento informado", afirmou o governo britânico.

Segundo o Departamento de Saúde e Assistência Social, "é responsabilidade de todos buscar orientação do sistema público de saúde para obter informações corretas e fazer sua escolha".

O governo disse que, para isso, fornece orientações clínicas sobre todas as vacinas, destacando para quem são adequadas e quais as contra-indicações. "O histórico clínico de um indivíduo e as circunstâncias pessoais são levados em consideração antes de qualquer vacina ser oferecida", disse o departamento.

Na França, a Alta Autoridade de Saúde publicou em julho recomendações para a futura vacinação contra Covid-19, que projeta quatro cenários possíveis.

Em todos eles, os profissionais de saúde e serviço social, idosos e outras pessoas com maior risco de desenvolver formas grave da doença, que levam a hospitalização e morte, serão prioritárias quando houver uma vacina.

Com 63,8 milhões de habitantes, segunda maior população da União Europeia, a França é um dos poucos integrantes do bloco que exige a aplicação de algumas vacinas, de acordo com levantamento da ECDC (agência europeia de doenças transmissíveis).

Dentre os maiores membros da UE, a França é o único em que é compulsória a vacina contra pneumonia (peumoccocus) em crianças. Dos 27 países da União Europeia, só 7 adotam essa regra.

Nenhum dos grandes países obriga a vacinação contra gripe.

Mesmo em casos de vacinas comprovadas contra doenças que podem matar crianças, como sarampo, a maioria dos governos europeus prefere a recomendação incisiva e campanhas de informação.

Optam pela obrigatoriedade a Itália e a França, que, no entanto, diz que ainda é prematuro para discutir qual será a exigência em relação ao coronavírus.

Qualquer decisão sobre vacinação, segundo o governo francês, "será baseada em dados científicos de ensaios clínicos".

Itália, em que algumas vacinas infantis são exigidas, e Espanha não informaram sobre seus planos para a imunização contra a Covid-19.

Já em Portugal, a atual legislação não permite vacinas obrigatórias. O princípio, previsto na Lei de Bases da Saúde e no Código Penal, é o do "consentimento informado": cada cidadão tem a palavra final sobre o que entra no seu corpo.

Em agosto, a Diretoria-Geral da Saúde portuguesa havia levantado a possibilidade de vacinação compulsória como uma exceção num momento de pandemia, mas, segundo advogados do país, isso requer autorização do Legislativo.

Segundo o Ministério da Saúde, a agência nacional de medicamentos deve definir quem receberá as primeiras doses, quando um imunizante estiver disponível.

De acordo com a União Europeia, 12 dos 30 países do bloco e do Espaço Econômico Europeu exigem a vacinação de crianças contra algumas doenças, embora a lista varie.

Há membros com altas taxas de cobertura tanto entre os de vacinação voluntária quanto nos de compulsória. O melhor modelo, segundo a UE, depende de fatores como seus sistemas de saúde, sistemas jurídicos e normas culturais.

Entre as políticas de incentivo adotadas estão campanhas de conscientização, recompensas financeiras para pais ou profissionais de saúde e sanções financeiras ou negação de entrada na escola ou no jardim de infância para os que não se vacinaram, mesmo nos países com imunização voluntária.

A Organização Mundial da Saúde afirmou que prefere "demonstrar o benefício e a segurança das vacinas, para sua maior aceitação possível, em vez de impor requisitos obrigatórios".

Robin Nandy, chefe de Imunização do Unicef (agência da ONU para a infância) também considera inadequado relacionar vacinação compulsória a um aumento da cobertura vacinal.

Em crítica a pesquisa publicada na revista da Academia Americana de Pediatria, ele afirma que boas campanhas são o principal fator para as altas taxas de vacinação.

Mesmo em países como a Hungria, que prevê multas para a abstenção, o sucesso da imunização se deve a "enfermeiros pediátricos fazem visitas domiciliares aos novos pais, mantêm os filhos registrados e acompanham sua vacinação", escreve Nandy.

"Em nossa opinião, a vacinação obrigatória é uma política que não avalia nem procura aliviar as causas profundas da baixa cobertura vacinal", diz o diretor.

Documento da União Europeia observa também que multas e regras surtem pouco efeito sobre cidadãos que relutam em se vacinar: antivaxxers preferem pagar multas a seguir as recomendações.

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