Roubos de carga têm aumento de 30% na Bahia

  • 05 Nov 2016
  • 16:03h

(Foto: Reprodução)

Dados da Delegacia Especializada de Combate a Roubo de Cargas (Decarga) apontam para um aumento superior a 30% deste tipo de ocorrência neste ano.  De janeiro a setembro deste ano foram 77 roubos nas estradas do interior baiano – no ano passado a Decarga havia registrado 58 ocorrências no mesmo período.  As regiões mais críticas, segundo o delegado-titular Matheus Souza são as regiões do nordeste baiano, na BR-101, próximo ao município de Rio Real – mais precisamente nas proximidades do povoado Loreto. Os dados, no entanto, não chegam a comportar a região metropolitana de Salvador. Ao norte, a região de Bedengó, entre as BRs 235 e 116 são consideradas as mais perigosas. Já ao sul, a 116 aparece novamente, desta vez, entre os municípios de Vitória da Conquista e Poções, e também nas estradas que levam à Teixeira de Freitas. Recentemente, a polícia tem registrado também a entrada da região oeste entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, onde tem crescido os roubos de cargas como fertilizantes e componentes agrícolas. 

Compilando os dados próprios com os da Decarga, e da seguradora Pancary, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), obteve o número de 130 ocorrências de roubo nas BRs que cortam a Bahia. Os meses com mais registros deste tipo de crime foram junho (21), março (18), julho e setembro (17). Quartas-feiras (39) e quintas-feiras (23) são os dias da semana em que mais há roubo a veículos de carga. A BR 242, com 50 ocorrências, lidera o ranking das rodovias onde mais ocorrem assaltos, no entanto, o chefe-substituto do Núcleo de Comunicação da PRF-BA, Rafael Freire, faz uma observação. “O trecho em que os crimes são mais recorrentes fica próximo ao entroncamento com a BR 116, sugerindo que muitos desses registros tiveram origem na 116. BR 324, com 25 ocorrências, e 116, com 26, e 101, com 13, completam os pontos mais delicados”.   

Cargas

De forma geral, as cargas mais visadas pelos criminosos são de alimentos  variados e eletroeletrônicos. “São produtos de fácil consumo, com receptadores certos, na maioria das vezes, que repassam essas mercadorias aos pequenos comerciantes”, detalhou o delegado.  Nas BRs, 32 ocorrências envolveram o gênero alimentício este ano. No entanto, o chefe da Nucom observa que, nem sempre o objetivo da quadrilha é a carga, sendo frequente também o roubo de pneus e combustível dos veículos.  Segundo Souza, também é difícil quantificar uma faixa de horário mais perigosa para trafegar. A forma de agir dos criminosos também varia, e até fatores geográficos acabam por beneficiar as ações.  “Em Loreto, por exemplo, há um determinado trecho em que o caminhão precisa passar devagar já que é uma subida íngreme. É neste momento que o veículo fica vulnerável, é cercado pelos criminosos, que tomam o veículo, e o encaminham para fora da pista, onde fazem o roubo propriamente dito”, explica o titular. Já nas imediações de Alagoinhas, as plantações de eucalipto costumam ser o ponto escolhido para descarregar as carretas.  De acordo com a PRF, na grande maioria dos casos, os autores agem em grupos com funções definidas. “Na primeira modalidade, ultrapassam o veículo em movimento, forçando-o a parar, utilizando das armas que possuem para intimidar e proferir ameaças ao condutor. Em caso de resistência, não hesitam em usar a violência”, explica Freire.   Outra maneira comum é aproveitar o momento de descanso do motorista em postos de combustíveis. Armado, o grupo quebra a janela do caminhão, rende o condutor, forçando-o a dirigir até uma estrada vicinal. Lá é consumado o crime. Um dado preocupante confirmado pelas investigações, segundo Matheus Souza, é participação dos próprios caminhoneiros nas ações criminosas. “Em 50% dos casos, o motorista tem algum envolvimento com os roubos. Eles acabam sendo aliciados facilmente pelo grupo criminoso, e cooperam com as ações”, explicou. 


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