De almas e de lamas

  • Por Uri Lam
  • 17 Nov 2015
  • 07:02h

(Foto: Reprodução)

Uma tragédia assolou Minas Gerais. Como um vulcão que expele lama, crianças e velhos, animais de todo tipo foram cobertos, ressecados e mortos pela lama "atóxica" que desgraçou a região. Ao olharmos, não vemos nada, só lama; um desterro com gente desterrada. A cena do automóvel sobre o teto da casa destelhada é cena de filme de zumbi. No dia a dia, busco ensinar a adolescentes judeus o sentido das bênçãos que fazem parte das rezas judaicas. Uma delas diz assim: Bendito seja, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, por preservar o chão firme sobre as águas. Tento explicar que agradecemos a Deus porque não é óbvio que temos um chão firme sobre as águas. De repente, por desleixo daqueles que devem imaginar que padrões de segurança são entraves burocráticos, a água se mistura à terra, desbanca barragens e destroça almas. Muita gente se mobilizou para ajudar, é verdade. Iniciativas pessoais e coletivas se empenham em levantar recursos para a recuperação de Bento Rodrigues e de outras cidades em Minas e logo no Espírito Santo. Alguns precisam ir para ver e crer, para ajudar os mais necessitados e confusos sobre o que será de suas vidas. Outros acompanham pelos noticiários. Entre uns e outros, há quem não vai até lá, mas encontra o seu modo de contribuir, mesmo remotamente. De qualquer forma, quando tragédias como esta enlameiam e matam, ainda mais perto de nós, duas atitudes devem vir à mente e às mãos: agradecer pelo nosso chão, firme entre as águas; e agir ativamente para ajudar aqueles que não tiveram a mesma sorte. Como se diz em hebraico? Tikun Olam: consertar o mundo naquilo que estiver ao nosso alcance. Um modo é entrar no site juntos.com.vc/bentorodrigues. É fácil: entre, dê seus dados, defina o valor com que pode ajudar e é isso.

 


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