Cientista político afirma que 'governo quer manipular a opinião pública

  • 09 Abr 2017
  • 16:12h

(Foto: Reprodução)

O cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Jorge Almeida encara com pouco otimismo o recuo demonstrado pelo governo federal na reforma da Previdência. Nesta semana, o relator, deputado federal Arthur Maia (PPS), disse que fará ajustes nos pontos mais polêmicos do projeto: as regras de transição, as pensões, a aposentadoria rural, o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e as aposentadorias especiais de professores e policiais. A idade de 65 anos para homens, entretanto, será mantida. “Primeiro que não sabemos no que o governo vai recuar de fato, é um balão de ensaio sobre o recuo”, avaliou o especialista. “Essa possibilidade tem a ver com dois fatores vinculados. Um é a rejeição completa da população à reforma da Previdência, que é uma medida para acabar com a previdência pública. E uma rejeição grande ao governo, que chegou de forma ilegítima, e já está isolado de forma popular, sustentado apenas pelo Congresso sem legitimidade e por grandes grupos empresariais que estão apoiando todas as reformas, da Previdência, terceirização, trabalhista…”, prosseguiu. “Tudo isso está vinculado ao corte de verba para políticas públicas, aumento de juros”. 

O professor disse ainda que os protestos que vêm ocorrendo, especialmente os do dia 15 de março, culminando na greve geral do dia 28 de abril, podem intensificar a pressão sobre o Planalto. “Tudo indica que será um dia muito forte de reação ao governo. Isso tudo provoca uma pressão grande aos parlamentares que estão votando nessas medidas antipopulares. A própria bancada de sustentação do governo está preocupada com a sua sobrevivência política. Há uma resistência dentro do próprio Congresso, tanto na Câmara quanto no Senado”, acrescentou, pontuando que o Congresso Nacional se vê imerso em um contexto de desgaste cada vez maior. “Tudo indica que se não houver nenhuma mudança, a reforma será derrotada. O que ele está querendo fazer é minimizar alguma coisa para conseguir aprovação”, assinalou.Ainda de acordo com Jorge Almeida, nenhuma das mudanças apresentadas é significativa o suficiente para modificar a essência do projeto. “Querem manipular a opinião pública. Se mantiver a idade e o tempo de contribuição, que dava aquela taxa de 65 anos e exigindo 49 anos de contribuição, todos já vimos que a aposentadoria já iria para 70 anos ou mais. As pessoas teriam que começar a trabalhar com 16 anos. O que se falou até agora foi em regra de transição. Agora eu acho que do jeito que está não vai passar, mas não porque o Congresso é bonzinho, mas porque está com medo”. Para o professor, as mobilizações populares contra as reformas devem ser cada vez maiores, mas não se pode prever o que acontecerá a partir de agora. “


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