O jovem que viveu dois meses enclausurado em seu próprio corpo e se recuperou para contar a experiência

  • 13 Mar 2017
  • 19:04h

(Foto: Reprodução)

Ao contrário de outros pacientes que sofrem da síndrome do encarceramento, Juan não conseguia se comunicar nem com o movimento dos olhos. E assim permaneceu por pouco mais de dois meses.Margarita conta que às vezes era difícil manter o otimismo, pois "se passaram muitos dias e muitas horas sem que houvesse sinal algum" na tentativa de se comunicar com o filho. Até que um dia, por razões ainda desconhecidas, ocorreu algo extraordinário."Era um dia ensolarado, lindo. Foi o primeiro dia em que ele saiu do quarto; eu e meu marido o levamos para fora", lembra Margarita.Juan lembra que, sem mais nem menos, conseguiu rir depois que sua mãe disse algo como "você sempre será minha pequena Branca de Neve..."."Eles perceberam", relata Juan.Margarita conta que ela e o marido estavam rindo quando, de repente, o filho começou a rir também. "Para mim, foi um sinal muito específico de que iria se recuperar".Finalmente Juan havia conseguido sinalizar às pessoas que o rodeavam que ele estava consciente."Ficaram eufóricos, cheios de alegria", lembra.

 

Segundo a apresentadora da BBC, a ciência ainda não consegue explicar por que de repente Juan conseguiu se comunicar."Como e por que isto ocorre com alguns pacientes, o que desencadeia a síndrome... São algumas das grandes interrogações da medicina", disse Weston.Essa a área investigada por Adrian Owen, da Universidade de Ontario Ocidental (Canadá), que tenta identificar quais pacientes estão realmente em estado vegetativo e quais estão conscientes, mas incapazes de se comunicar.Owen examinou Juan quando este estava em "coma" e, novamente, quando começou a se recuperar. Seu caso é importante para ajudá-lo a entender quando há ou não consciência."Naquele momento (quando estava em aparente estado vegetativo), não havia absolutamente nenhuma resposta a estímulos. Seus olhos estavam abertos, mas não havia mais nada", ressalta Owen.Mesmo assim, Owen confirmou que Juan reconhecia o rosto de seu ajudante e lembrava de lugares e de situações que tinham ocorrido. Em sua pesquisa, o neurocientista usou ressonância magnética para analisar o fluxo sanguíneo no cérebro de pacientes em aparente estado vegetativo.Owen pedia que eles se imaginassem jogando tênis. Se entendessem e seguissem a instrução, o pesquisador conseguia confirmar a funcionalidade do cérebro.Desta maneira, o neurocientista concluiu que 20% dos pacientes em estado aparentemente vegetativo têm consciência do que ocorre ao seu redor.Quase quatro anos depois, Juan cursa a graduação de Ciências Naturais e, aos poucos, reaprende a caminhar."Lembro de repetir com frequência a mim mesmo: vou voltar a andar. Isto me motivou a seguir em frente", conta Juan. "Acho que daqui a um ano estarei caminhando de novo".Já Margarita, com um sorriso no rosto, afirma: "Percebemos agora a vida de uma maneira totalmente diferente. É extraordinário".


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