Regra que obriga candidato negro a comprovar cor da pele é criticada

  • 05 Ago 2016
  • 16:41h

(Foto: Reprodução)

A decisão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão de estabeceler regras quanto à verificação da autodeclaração prestada por candidatos negros em concurso público no Brasil, tem gerado insatisfação na comunidade negra brasileira. A norma regula que, a partir de agora,  candidatos que se inscreverem em concurso público nas vagas destinadas a cotistas, deverão apresentar-se pessoalmente a uma comissão que avaliará a veracidade da autodeclaração do candidato negro. Ou seja, haverá uma espécie de 'júri', o qual analisará o candidato quanto as suas características fenotípicas (características físicas). Este será o único critério para decidir se o cidadão é negro ou não. A regra regulamenta  a Lei nº 12.990 de 2014, que reserva oas negros 20% das vagas oferecidas em concursos públicos. Podem concorrer a estas vagas, concursandos que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público. A medida já foi publicada no Diário Oficial da União no dia 02 de agosto.

Repercussão nas redes sociais

No Facebook, vários militantes e personalidades negras criticaram a medida do Ministério. A crítica de Djamila Ribeiro, mulher negra,mestra em Filosofia, colunista na Revista Carta Capital e ativista do movimento negro, foi a que mais teve notoriedade na rede social. A opinião da filósofa, publicada na noite de ontem, teve mais de  2,800 curtidas  até agora. 

Leia abaixo:

"Na hora de discriminar, todo mundo sabe quem é preto. São meninos negros levando 111 tiros, crianças negras chamadas de macacas, mulheres negras sem visibilidade na mídia e cinema, pessoas negras que ascendem sendo barradas pelas recepcionistas e porteiros, mulheres negras sendo procuradas somente para sexo, a feminista branca oprimindo a empregada negra, o empregador que só contrata pessoas brancas, pessoas negras seguidas em lojas. Ou seja, para oprimir e manter os 'lugares', todo mundo sabe quem é preto. Na hora de criar políticas para combater o racismo, as dúvidas surgem : 'ahhhhhhh mas como saber quem é negro? ' 'Meu bisavô é negro ', 'Todo mundo é mestiço'. É perigoso criar um 'tribunal racial '. Não, branquitude, perigoso é ser preto num país em que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado.  Perigoso é viver num país no qual nos últimos 10 anos aumentou em 55% o assassinato de mulheres negras. Perigoso é crescer num país sem se enxergar positivamente. Medidas para combater o racismo são justas e não perigosas. Perigoso é viver num país onde é preciso convencer 'aliado' que nossa vida é importante e que temos direito a ter direitos e a existir com dignidade."


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