BUSCA PELA CATEGORIA "Saúde"
- Bahia Notícias
- 06 Dez 2024
- 15:10h
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) investiga possíveis distúrbios no sistema nervoso decorrentes do uso dos cigarros eletrônicos (vapes). De acordo com a bióloga e coordenadora da pesquisa, professora Yael de Abreu Villaça, os primeiros resultados dos testes iniciais, realizados em camundongos, mostraram sintomas da doença durante a simulação do uso dos cigarros eletrônicos.
Segundo a cientista, via Agência Brasil, tanto a esquizofrenia como a nicotina têm ocasionam alterações nas mesmas regiões do cérebro, como o desajuste de comportamento, a redução da capacidade de memória e aprendizado e da sociabilidade.
Esses comportamentos são observados tanto em pessoas com dependência de drogas e nicotina, como naquelas com esquizofrenia.
Villaça se mostrou otimista com a pesquisa, porém afirmou que ainda não há expectativa para os testes em humanos. Nos Estados Unidos, outros quatro artigos foram compartilhados em publicações científicas.
- Por Gustavo Gonçalves | Folhapress
- 03 Dez 2024
- 08:24h
Foto: Tânia Rego / EBC
A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) adotou novas regras para o cancelamento de contratos de planos de saúde por inadimplência, válidas desde domingo (1º). As mudanças afetam todos os contratos assinados a partir de dezembro. Os planos assinados até 30 de novembro de 2024 seguem regidos pelas normas antigas.
Nos contratos assinados a partir de dezembro, o cancelamento poderá ser feito após atraso de pelo menos duas mensalidades, seguidas ou não. Para contratos anteriores à nova regra, basta uma única fatura vencida há mais de 60 dias, consecutivos ou não, nos últimos 12 meses.
As mudanças, regulamentadas pela resolução normativa nº 593/2023, são aplicadas a diferentes tipos de beneficiário, incluindo usuários de planos individuais ou familiares, empresários individuais, servidores públicos, e ex-empregados que pagam diretamente à operadora ou administradora de benefícios.
O diretor-executivo da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), Marcos Novais, diz que a norma gera dúvidas até para as operadoras. Ele afirma que a empresa não poderia rescindir o contrato de um cliente que deixar uma mensalidade sem pagamento ao longo de dois anos, por exemplo. Apesar das críticas, Novais reconhece a intenção positiva da regra, que busca assegurar que os consumidores sejam notificados de forma adequada antes de qualquer ação.
Quem tem convênio como empresário individual, segundo a ANS, deverá ser previamente notificado sobre o cancelamento, informando a data em que o atendimento será interrompido. Já em contratos coletivos de empresas ou por adesão (feitos por meio de sindicatos e associações), beneficiários que pagam diretamente à operadora, como ex-empregados e servidores públicos, terão regras específicas definidas no contrato.
VEJA AS REGRAS DE NOTIFICAÇÃO DE INADIMPLÊNCIA
**Beneficiários de contratos antigos (assinados até 30/11/2024) serão comunicados por:**
- Carta com aviso de recebimento (AR);
- Pessoalmente, por um representante da operadora;
- Por publicação em edital;
- Por meios eletrônicos previamente definidos em norma de 2019.
**Já para contratos novos (assinados a partir de 1º/12/2024), a notificação poderá ser feita por:**
- Email, com certificado digital ou confirmação de leitura;
- Mensagem de texto (SMS ou WhatsApp), mediante resposta do beneficiário;
- Ligação telefônica gravada, com validação de dados;
- Carta com AR, ou entrega por representante da operadora, com comprovante de recebimento.
Segundo Alexandre Fioranelli, diretor de Normas e Habilitação de Produtos da ANS, as mudanças modernizam a regulação, ampliam a proteção ao consumidor e simplificam a comunicação entre operadoras e beneficiários.
A agência orienta que os beneficiários mantenham seus dados atualizados junto às operadoras para evitar falhas de notificação e reforça que o objetivo é permitir a regularização de dívidas antes do cancelamento do contrato.
O coordenador do programa de Saúde do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor) Lucas Andrietta diz que as notificações por inadimplência são apenas parte de um problema maior: a má-comunicação entre operadoras e beneficiários.
"Qualquer avanço na regulamentação e fiscalização dessas práticas é bem-vindo, mas muitas pessoas enfrentam dificuldades com meios eletrônicos, como emails ou aplicativos. As operadoras devem esgotar todas as formas de contato antes de cancelar contratos de maneira prejudicial", diz.
O especialista considera positiva a exigência de inadimplência de pelo menos duas mensalidades para o cancelamento de novos contratos. Segundo ele, a medida amplia a proteção do consumidor, mas é crucial que a notificação seja adequada para garantir que o beneficiário tenha todas as chances de quitar os débitos.
"O Código de Defesa do Consumidor proíbe constrangimentos, humilhações ou ameaças aos inadimplentes. Além disso, é indispensável proteger os dados dos beneficiários, evitando golpes e vazamentos", diz.
O advogado especialista em direito da saúde Johnnys Guimarães concorda que a exigência de notificação por meios eletrônicos em casos de inadimplência fortalece os direitos dos consumidores. "A medida garante que os beneficiários sejam informados de forma rápida e eficaz sobre atrasos no pagamento, permitindo que regularizem a situação antes da suspensão ou rescisão do contrato", afirma.
Em sua avaliação, o uso de canais digitais reduz falhas na comunicação e aumenta a transparência no relacionamento entre operadoras e consumidores. "É um avanço importante, especialmente em tempos de comunicação predominantemente digital."
"Antes, um atraso de 60 dias já permitia o cancelamento, expondo os consumidores a maior vulnerabilidade. A nova regra oferece mais segurança, garantindo um prazo razoável para a regularização sem a perda do acesso aos serviços de saúde, essenciais para a qualidade de vida", afirma. Guimarães ressalta que contratos firmados antes de 1º de dezembro de 2024 continuam seguindo a regra antiga de cancelamento após 60 dias de inadimplência, o que pode gerar confusão para os beneficiários.
- Bahia Notícias
- 27 Nov 2024
- 14:40h
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo
Segundo o estudo realizado pela Fiocruz Bahia em parceria com a Universidade de Harvard, crianças, adolescentes e jovens com baixa renda, vítimas de violência, têm cinco vezes mais risco de precisar de uma internação psiquiátrica.
Se forem analisadas apenas crianças, o risco aumenta para sete vezes. As taxas de incidência de hospitalização também apresentaram grande disparidade. Jovens que sofreram violência entre si são 80,1 por 100 mil pessoas ao ano, enquanto os que não sofreram são 11,67 por 100 mil.
Após analise de dados de mais de 9 milhões de pessoas com baixa renda, de 5 a 24 anos, entre 2011 e 2019, o estudo identificou cerca de 5,8 mil que já tinham sido internadas por algum transtorno mental, como causa primária ou secundária.
O estudo utilizou dados do Sistema de Informações Hospitalares, referentes a internações voluntárias ou não, e também do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. No Brasil, desde 2011, os serviços de saúde são obrigados a notificar todos os casos de pacientes que sofreram alguma violência física - de caráter sexual ou não - ou psicológica.
A pesquisadora associada ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde da Fiocruz Bahia Lidiane Toledo disse que em todas as faixas etárias o registro prévio de notificação de violência foi o principal fator associado ao risco de internação psiquiátrica. "Jovens com condições socioeconômicas mais desfavoráveis também apresentaram maior risco de internação psiquiátrica”.
"Sofrer violência é um grande fator de estresse psíquico, particularmente se a gente considerar os primeiros estágios da vida. A violência está associada não somente a traumas agudos, mas também a repercussões negativas, como, por exemplo, a deterioração da saúde mental durante o curso da vida. Então é importantíssimo não só o acolhimento imediato das vítimas de violência, mas também o acompanhamento de longo prazo", explica Lidiane.
- Bahia Notícias
- 24 Nov 2024
- 11:20h
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Pesquisas feitas pela Fiocruz, em parceria com as organizações não governamentais ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, estimam o custo que o consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas tem sobre o sistema público de saúde no país. A partir de dados de atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), levantamentos mostram que a má alimentação com ultraprocessados leva a R$ 933,5 milhões por ano em gastos diretos com saúde, um total de R$ 10,4 bilhões se considerados custos indiretos e de mortes prematuras, e R$ 18,8 bilhões em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. As estimativas não incluem dados de atendimentos na rede suplementar de saúde (planos de saúde e clínicas particulares fora do SUS), nem atendimentos que não tenham esses agentes como principal causa relacionada.
Os estudos indicam a necessidade de combinação de estratégias para diminuir o impacto, com uso de impostos seletivos, aumentando o custo de produtos que tenham esse potencial contra a saúde pública, de forma transparente e relacionada a campanhas de conscientização como as de combate ao tabagismo. “Esses impostos seletivos têm, além do potencial de financiar o tratamento do que os produtos causam, o efeito de reduzir o consumo de substâncias nocivas e estimular escolhas mais saudáveis. Em longo prazo, há também um caráter progressivo associado, com a redução de custos no sistema de saúde e a diminuição da perda de produtividade e de doenças que reduzem a expectativa de vida”, explicou Marília Albiero, coordenadora de Inovação e Estratégia da ACT Promoção da Saúde.
As ONGs promovem campanha pela inclusão desse tipo de imposto na reforma tributária, como estratégia casada de promoção à saúde e financiamento de políticas de justiça tributária. “Em um país que tem enfrentado dificuldades de equacionar receita e despesa nos últimos 10 anos, num momento em que se tem uma pressão muito grande de financiamento do SUS e uma reforma tributária que precisa ser equacionada do ponto de vista de alíquota adequada e de quem paga a conta da limitação dessa alíquota, é preciso entender que alguns setores que causam mais custo para a sociedade podem pagar essa conta, e que ela funciona em uma lógica de ganha-ganha: não só arrecada mais, como pensa uma lógica de tributação específica para garantir políticas necessárias a partir do ganho desse setor”, defendeu Pedro de Paula, diretor da Vital Strategies no Brasil.
A lógica do lobby é a de que o consumo pouco controlado desses produtos esconde o impacto no aumento de doenças comuns e debilitantes, como a hipertensão, o diabetes e a obesidade, que estão entre os principais causadores de perda de produtividade por questões associadas à saúde e entre os fatores determinantes para o surgimento de doenças mais complexas, como demências e cânceres. Além disso, podem ser o caminho para construir sistemas de apoio à agricultura familiar e à distribuição de alimentos in natura, estabelecendo, a partir de combinação de medidas, “uma mudança estrutural do sistema tributário, atuando como instrumento para promover saúde, equidade e sustentabilidade”, completou Albiero.
Riscos associados
Os estudos indicam ainda que as doenças relacionadas ao consumo de ultraprocessados e álcool causam, respectivamente, impacto de 57 mil e de 105 mil mortes por ano. Ainda que o aumento da taxação não vá impedir o consumo excessivo em sua totalidade, há grande potencial de diminuição dessas mortes, estimadas inicialmente em cerca de 25%, ou seja, quase 40 mil vidas por ano, além de ganho na qualidade de vida. Uma comparação feita pelos pesquisadores é com os investimentos recorrentes, e necessários, contra doenças transmissíveis, como a dengue. As campanhas anuais tendem a salvar vidas em patamar de milhares, cerca de duas mil por ano. Uma diferença gritante, quando posta em perspectiva tal disparidade.
“Vale lembrar que essas estimativas são conservadoras, visto que se limitam ao impacto na população empregada adulta, maior de 20 anos, e não incluem outros custos de prevenção, atenção primária, saúde suplementar ou gastos particulares no tratamento das doenças causadas pelo consumo de ultraprocessados”, afirmou Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz, responsável pelos estudos. São, portanto, uma leitura do cenário a partir dos dados públicos disponíveis. Propositalmente, foram bastante criteriosos, excluindo danos colaterais e cenários relacionados a outros fatores de risco.
Sobre o álcool, que é base para a campanha publicitária “Quer uma dose de realidade?" o estudo buscou entender a percepção pública a respeito da taxação. Os resultados de uma pesquisa por meio de questionários, com cerca de mil participantes, estimou que 62% dos brasileiros apoiam o aumento de preços e 61% são a favor de impostos para reduzir o consumo de álcool. Para 77% das pessoas ouvidas, o governo é responsável por combater os danos relacionados ao álcool. “A gente está falando de 105 mil mortes. Qual é o custo social disso, do ponto de vista de saúde mental, de desesperança, quando você está falando de violência e insegurança pública decorrente dessa violência? Dá até, em longo prazo, para a gente começar a pensar em qualificar essas estimativas. Mas é exatamente isso, tem setores que causam danos para a sociedade e eles devem arcar com esses custos de forma adequada”, completou Pedro de Paula.
O estudo apontou ainda a diminuição potencial de riscos associados com grande difusão na sociedade, como o impacto do álcool na violência doméstica e na gravidade de acidentes de trânsito.
- Por Samuel Fernandes | Folhapress
- 18 Nov 2024
- 18:20h
Foto: Hector Santos/Prefeitura do Rio
O simples fato de fazer atividades físicas rotineiras como andar de bicicleta ou subir escadas por cinco minutos a cada dia já resulta em um efeito positivo para controlar a pressão arterial, concluiu um estudo publicado na última quarta-feira (6). Mas para ter um resultado significativo, é preciso se dedicar um pouco mais: de 10 a 27 minutos, atividades trouxeram um importante benefício contra complicações cardiovasculares.
A pesquisa britânica, publicada na revista científica Circulation, analisou informações de mais de 14 mil voluntários. Os participantes utilizaram um equipamento acoplado em suas coxas que media a pressão arterial ao mesmo tempo que trazia informações sobre as atividades diárias praticadas por eles.
Essas atividades rotineiras foram divididas em seis grupos. A maior parte delas eram relacionadas com sedentarismo: dormir, ficar em pé, qualquer situação considerada sedentária, como permanecer sentado, ou praticar caminhadas, tanto lenta quanto rápida. Outro grupo de atividade foi de exercícios mais intensos, como correr, andar de bicicleta ou subir escadas.
Em média, somente 16 minutos do dia desses participantes eram dedicados às atividades intensas, enquanto dez horas diárias eram sedentárias e, durante outras sete horas os participantes dormiam.
Os pesquisadores então desenvolveram análises para estimar os efeitos da substituição das atividades sedentárias pelos exercícios intensos para o controle da pressão alta dos participantes. Uma ligeira melhora foi vista quando cinco minutos das atividades físicas eram incorporadas na rotina dos voluntários.
No entanto, conforme medições da pressão arterial sistólica, que é o valor acessado quando o coração é contraído, as melhorias mais importantes foram observadas quando os exercícios eram praticados de 10 a 15 minutos por dia. No caso da pressão arterial diastólica, quando o coração é relaxado, de 20 a 27 minutos por dia foram suficientes para gerar maiores efeitos positivos nos participantes.
Em ambos os casos, a redução na pressão associada a esses exercícios físicos pode significar uma redução média de 10% nos riscos para complicações cardiovasculares. "As descobertas enfatizam o potencial de pequenas quantidades de atividade diária semelhante a exercícios para auxiliar no gerenciamento da pressão arterial", escreveram os autores no artigo publicado.
OUTROS FATORES
Os pesquisadores também observaram a relação entre outras atividades rotineiras incluídas na análise e a saúde arterial. Esse foi o caso, por exemplo, da caminhada. Os autores afirmam que os efeitos da atividade para a pressão arterial depende principalmente da intensidade -quanto mais intensa, maior a probabilidade de controlar a pressão nas artérias.
No entanto, pelo menos no novo estudo, não foi observada uma relação evidente entre caminhar e a pressão arterial. Um ligeiro efeito positivo foi mensurado entre aqueles sem histórico de atividades físicas intensas e constantes, mas sem representar um impacto muito alto.
Os cientistas apontaram que esse resultado já havia sido identificado em outros estudos, ao mesmo tempo que outras revisões científicas concluíram que a caminhada apresentava efeitos positivos para a saúde arterial.
Além da caminhada, os efeitos de dormir para a pressão também foram analisados, e resultados positivos foram encontrados nos casos daqueles sedentários ou com baixo índice de atividade. Os autores escreveram que processos restauradores ocorridos durante o descanso podem explicar porque essas horas ajudam a evitar a pressão alta.
Mas esse fator não é aplicado igualmente para todos: aqueles que já tem um volume elevado de sono de qualidade apresentaram piora na pressão alta quando adicionaram ainda mais horas de descanso.
- Por Nicola Pamplona | Folhapress
- 07 Nov 2024
- 08:28h
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
A Gavi, aliança global pelas vacinas, vê a ampliação da oferta de imunizantes contra a dengue como um dos principais desafios para a saúde global nos próximos anos, diante da chegada da doença a zonas de clima temperado como reflexo das mudanças climáticas.
Para a diretora-geral de Mobilização de Recursos e Crescimento da instituição, Marie-Ange Saraka Yao, o Brasil desponta como uma alternativa nesse esforço para diversificar a produção dos imunizantes, hoje concentrados pela farmacêutica japonesa Takeda.
"Nós precisamos de mais empresas para acompanhar a demanda", disse Marie-Ange à Folha durante passagem pelo Rio de Janeiro para participar de reuniões do bloco de saúde do G20.
"Antes, a dengue estava concentrada na América Latina e um pouco da Ásia. Com a mudança do clima, agora tem dengue na Itália, no sul dos Estados Unidos, no sul da França. Eu venho do Costa do Marfim, e agora nós temos dengue lá."
A Takeda tem anunciado negociações com laboratórios internacionais para produzir o imunizante. Em fevereiro, informou ter fechado acordo nesse sentido com a indústria indiana BE (Biological E. Limited).
Em outubro, a Fiocruz pediu ao Ministério da Saúde a produção nacional da vacina, também em parceria com o laboratório japonês. Marie-Ange diz que a expertise brasileira na produção de vacinas pode tornar o país um dos fornecedores internacionais desse imunizante.
Uma equipe técnica da Gavi esteve no Brasil este mês para debater o tema com a fundação. A aliança criada pela Fundação Bill e Melinda Gates incluiu o tema entre suas prioridades para os próximos cinco anos e planeja comprar grandes lotes de imunizantes para viabilizar a produção.
A diretora da Gavi avalia que as críticas ao governo brasileiro sobre a pouca oferta de vacinas para dengue são injustas, já que o problema é global. "Na verdade, o Brasil tem mais vacina contra a dengue do que o resto do mundo."
As mudanças climáticas não terão efeitos apenas sobre a dengue e a Gavi espera contar com produção brasileira também para acompanhar o aumento da demanda por outras vacinas, como a de febre amarela, já disponível no país, ou outras ainda em fase de desenvolvimento, como a da malária.
"Mas a coisa boa é que há vacinas, então nós precisamos produzir mais. Precisamos produzir mais no Brasil. Do mesmo jeito que temos a Índia [como grande produtora] na Ásia, nós poderíamos ter o Brasil", completa.
- Por Raíssa Basílio | Folhapress
- 26 Out 2024
- 12:01h
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Infecções comuns, como gripe, herpes e resfriados, podem afetar não apenas o corpo, mas também o cérebro. Um estudo recente, publicado na revista Nature Aging, indica que essas infecções podem estar associadas à redução do tamanho cerebral ao longo do tempo, aumentando potencialmente o risco de demência, que afeta memória e raciocínio.
Os pesquisadores identificaram que pessoas com histórico de doenças infecciosas apresentaram maior atrofia em áreas específicas do cérebro, especialmente no lobo temporal, responsável por funções cognitivas críticas.
A pesquisa analisou quase 770 mil participantes de diferentes partes do mundo ao longo do tempo para entender como diferentes fatores, como infecções, afetam a saúde cerebral e geral.
O estudo foi realizado pelo Instituto Nacional de Envelhecimento (NIA), do NIH, em colaboração com a Universidade de Helsinque, o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, a Universidade da Pensilvânia, o Centro Médico da Universidade de Vanderbilt e a Universidade Johns Hopkins e envolveu especialistas dos Estados Unidos e da Finlândia nas áreas de neurologia, geriatria, imunologia e genética.
Entre os 15 tipos de infecções estudadas, a gripe foi associada a diminuição do volume cerebral em áreas ligadas à memória e visão, aumentando o risco de demência.
Segundo o neurologista Augusto Penalva, do Hospital Israelita Albert Einstein, "essa redução pode afetar o cérebro todo (atrofia global) ou apenas algumas partes, como a região frontal, o cerebelo ou o tronco cerebral (atrofia localizada)".
A Covid também faz parte desse escopo, podendo causar perda de volume cerebral e danos à substância branca, com efeitos observados até seis meses após a infecção. Penalva explica que, no caso da Covid longa, "não há uma perda de volume visível no cérebro, ou seja, não há atrofia, mas existe uma diminuição da densidade sináptica -que é a conexão entre um neurônio e outro".
Ele acrescenta que, em suma, "a Covid longa pode tornar o funcionamento do cérebro mais lento e cansativo, mesmo sem sinais claros de lesão".
Infecções por herpes foram ligadas a uma perda mais rápida de tecido cerebral, especialmente em áreas relacionadas à memória, devido à inflamação prolongada. Até mesmo infecções de pele podem provocar respostas inflamatórias que afetam o cérebro a longo prazo.
O estudo sugere que a inflamação é o principal mecanismo de dano cerebral, aumentando o risco de demência, especialmente em regiões importantes para a memória e raciocínio.
Infecções respiratórias mais graves, como pneumonia, podem causar danos mais profundos no cérebro, enquanto infecções de pele também foram associadas a efeitos cerebrais por meio de respostas inflamatórias prolongadas.
Penalva destaca que nem todos que tiveram infecções desenvolvem problemas neurológicos. Pensando na Covid, "apenas uma pequena parcela das pessoas (5% a 10%) é afetada de maneira duradoura, devido à sua predisposição individual, que inclui fatores genéticos, imunológicos e ambientais".
A interação entre um vírus e organismo é complexa e depende do histórico individual de cada pessoa, sendo essa predisposição o principal fator de risco para problemas neurológicos graves, como a demência.
Em geral, o estudo demonstra a importância de prevenir e tratar infecções de forma eficaz, especialmente em pessoas mais velhas ou com condições de saúde preexistentes.
Ele também reforça o conceito de "pré-doença", já aplicado ao Alzheimer, mostrando que é possível identificar problemas cerebrais antes de se tornarem visíveis, permitindo intervenções mais precoces.
"Usando dados de longo prazo, o estudo revela que infecções passadas podem aumentar o risco de doenças neurológicas e outras condições ao longo da vida, ajudando a prever e prevenir problemas futuros", afirma Penalva.
- Bahia Notícias
- 21 Out 2024
- 16:20h
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última sexta-feira (18), a composição das vacinas contra influenza que serão usadas no Brasil, no próximo ano. As novas diretrizes seguem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que acompanha regularmente todos os subtipos do vírus da gripe que circulam com maior frequência
Anualmente, a agência reguladora de cada país atualiza a composição de cepas das vacinas contra influenza. O intuito da medida é melhorar a eficácia da imunização contra gripes e resfriados, levando em consideração a variação das cepas em circulação para reduzir os casos de internações e mortes associadas à doença.
As novas composições das vacinas contra influenza são dos tipos trivalente, que protege contra três tipos de vírus da gripe; quadrivalente, com quatro subtipos de vírus; e o tipo que não usa a proteína do ovo de galinha na produção.
Segundo publicação da Agência Brasil, durante a 20ª Reunião Ordinária Pública da Diretoria Colegiada da Anvisa, Meiruze Freitas, afirmou que que “a atualização regulatória deve garantir que o Brasil esteja preparado para enfrentar os desafios apresentados pela influenza, oferecendo vacinas que atendam às necessidades regionais e globais, sempre com foco na proteção da saúde pública”.
A consulta das novas definições podem ser encontradas no site da Anvisa.
- Bahia Notícias
- 14 Out 2024
- 13:13h
Foto: Arquivo Agência Brasil
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, nesta segunda-feira (14), o uso da vacina contra mpox (varíola dos macacos) da farmacêutica Bavarian Nordic em adolescentes de 12 a 17 anos. O ato conhecido como pré-qualificação foi concedido na última terça-feira (8).
A medida tem o intuito de facilitar o acesso às vacinas em situações de emergência. A decisão da organização chega após a Agência Europeia de Medicamentos ter aprovado no mês passado o uso do imunizante em pessoas desta faixa etária.
Segundo o Metrópoles, uma outra aprovação similar a da OMS foi realizada para imunizante em adultos. A vacina da Bavarian Nordic é distribuída com o nome Jynneos.
- Por Laiz Menezes | Folhapress
- 09 Out 2024
- 16:22h
Foto: Reprodução/Bahia Notícias
Enquanto os fatores de risco para o câncer de mama em mulheres estão fortemente relacionados à história reprodutiva e às oscilações hormonais, no sexo masculino o risco está mais associado ao histórico familiar e à síndrome de Klinefelter, uma condição genética que afeta somente os homens e altera os níveis hormonais.
Mas tanto em homens como em mulheres, o tumor pode aparecer de forma esporádica, ou seja, sem associação a um fator prévio. Esse é o caso do analista de suporte Everaldo Silva, 51, que descobriu um câncer na mama direita em fevereiro de 2023.
"Fui em um aniversário e percebi que minha blusa estava manchada na região do peito. Pensei que era alguma sujeira, mas quando cheguei em casa e tirei a camisa jorrou sangue do bico do peito, mas achei que era uma espinha", conta.
A analista comercial Mahiara Guedes, 36, teve que convencer o marido a buscar atendimento médico. No hospital, ele foi diagnosticado com um câncer de mama hormonal de estágio 3 e ficou muito abalado com o resultado.
"Sentava na maca e chorava muito. Não foi fácil, mas o apoio da minha esposa foi essencial. Seria muito difícil passar por isso sem ajuda", diz.
Devido à agressividade do tumor, ele teve que fazer sessões de quimioterapia vermelha, que é considerada mais forte, antes de fazer a mastectomia para remoção total da mama direita. No final, o paciente ainda passou por sessões de radioterapia.
Para o analista, os efeitos colaterais da quimioterapia foram uma das piores partes do tratamento. Ele sofreu com mucosite bucal (inflamação na boca), cansaço, náuseas e diarreia. Também precisou abrir mão do desejo de ter filhos, porque perdeu a fertilidade e a produção de hormônios.
A esposa de Everaldo destaca a importância dos homens buscarem ajuda assim que notarem uma alteração nas mamas, porque a pessoa pode morrer muito rápido em caso de um tumor agressivo. "A nossa médica disse que se tivesse esperado mais um mês não daria tempo."
FATORES DE RISCO PARA CÂNCER DE MAMA EM HOMENS
O artista visual Filipe Grimaldi, 39, não fazia acompanhamento médico periódico para prevenir o câncer de mama, já que o procedimento não é recomendado para homens. A avó e mãe dele, no entanto, já foram diagnosticadas com um tumor mamário.
Aos 36 anos, ele identificou um nódulo na mama, mas não associou ao câncer. Após quase seis meses, em uma consulta dermatológica, foi alertado sobre o risco da doença. Em um especialista, fez uma biópsia e recebeu um diagnóstico positivo para o carcinoma ductal invasivo.
"Eu identifiquei tarde, o tumor estava grande, então tive que tirar toda a mama. Ainda tive que fazer quimioterapia e fiquei muito mal por causa dos efeitos colaterais do medicamento. Minha vida parou por cinco meses, estava lutando contra o câncer", relata.
Assim como as mulheres, as mutações genéticas herdadas dos pais também são um fator de risco para o câncer de mama em homens, principalmente dos genes BRCA 1 e 2, que estão ligados à predisposição genética para o tumor mamário.
Oncologista do Hospital Brasília, Romualdo Barroso explica que esses genes ajudam a reparar o DNA danificado. "Quando há uma mutação no BRCA1 e BRCA2, o mecanismo de reparo é prejudicado, o que aumenta a chance de ocorrerem erros genéticos que podem levar ao câncer."
No entanto, segundo o Inca (Instituto Nacional de Câncer), somente 5% a 10% dos cânceres são hereditários (passados de geração para geração). A maioria acontece por causas esporádicas, mutações adquiridas ao longo da vida, como no caso de Everaldo Silva.
SÍNDROME DE KLINEFELTER
Segundo o diretor-geral da Dasa Oncologia, Gustavo Fernandes, a doença de Klinefelter causa um desequilíbrio hormonal. Nesses casos, os homens nascem com um cromossomo feminino a mais: em vez de XY, eles têm XXY.
A síndrome gera um aumento dos níveis de estrogênio (hormônio sexual feminino) e causa ginecomastia, que é o aumento excessivo do tecido mamário nos homens, o que impacta nas chances de desenvolvimento de tumores.
Não há indicação de exames de prevenção diferentes para pacientes com a síndrome. Por isso, cada caso deve ser ter acompanhamento médico para identificação de possíveis irregularidades. Além disso, a condição é considerada rara, com incidência de 1 a cada 1.000 pacientes.
FATORES AMBIENTAIS
Também correm maior risco de câncer de mama os homens com condições médicas como alcoolismo, obesidade, tabagismo e doenças do fígado.
De acordo com projeção do Inca, em cerca de dez anos o Brasil deverá chegar a um milhão de novos casos de câncer. A estimativa atual, para cada ano do triênio 2023-2025, está em 704 mil.
IDENTIFICAÇÃO DO TUMOR DE MAMA EM HOMENS
Uma grande diferença do câncer de mama em homens é que esse público tem facilidade de sentir alterações com o autoexame. As mulheres, que têm muito mais tecido mamário, têm mais dificuldade.
"A mama do homem é pequena. Se ele apalpa a região, a chance de sentir um nódulo de poucos centímetros, ou até abaixo de centímetros, é alta. Na mama da mulher, que é um tecido mais abundante, o nódulo tem a condição de se esconder", detalha Gustavo Fernandes.
Por esses fatores, a mamografia de rastreio não é indicada para homens. Pelo SUS (Sistema Único de Saúde), as mulheres podem fazer o exame a partir dos 50 anos, uma vez a cada dois anos.
SINTOMAS E TRATAMENTO DO CÂNCER DE MAMA EM HOMENS
Mastologista do Hospital Sírio Libanês, Lincon Jo Mori afirma que os sintomas mais recorrentes do câncer de mama em homens são nódulos ou tumorações (inchaço), principalmente abaixo do bico do mamilo.
"A depender do avanço do tumor, pode-se ter sintomas de dor ou maior sensibilidade, tumoração endurecida em uma das mamas, além de uma área de inflamação, com vermelhidão e até formação de úlceras."
As opções de tratamento também não divergem do que é oferecido às mulheres. A cirurgia mais comum é a mastectomia, que normalmente é realizada a remoção total das mamas.
CONTINUE LENDO
- Por Cláudia Collucci | Folhapress
- 08 Out 2024
- 18:20h
Foto: Divulgação / Agecom / Bahia
A mudança climática está piorando muito os principais determinantes da tuberculose, como desigualdade, deslocamentos e insegurança alimentar, ao mesmo tempo que eventos agudos, como secas e inundações, dificultam ainda mais o acesso e a manutenção dos tratamentos.
A afirmação é do médico Jeremy Farrar, 63, cientista chefe da OMS (Organização Mundial da Saúde) e professor de medicina tropical da Universidade de Oxford, que participa do Fórum Global de Vacinas contra Tuberculose, que começa nesta terça (8), no Rio de Janeiro.
Segundo ele, o impacto climático ocorre por meio de três vias: a desnutrição enfraquece o sistema imunológico, tornando os indivíduos mais suscetíveis à tuberculose; o deslocamento em massa e a migração levam à superlotação e às más condições de moradia, aumentando o risco de infecção e transmissão.
Por fim, as interrupções no sistema de saúde causadas por eventos climáticos extremos impactam as cadeias de suprimentos e o acesso ao tratamento, atrasando o diagnóstico e o tratamento da tuberculose, aumentando as taxas de transmissão e contribuindo para resultados adversos à saúde.
No Brasil, a taxa de incidência da tuberculose vem crescendo: passou de 35,6 por 100 mil, em 2003, para 39,8% em 2023, segundo dados do Ministério da Saúde. Amazonas e Rio de Janeiro estão na liderança com, coeficiente de 86,3 e 71,7 casos por 100 mil.
No ano passado, foram diagnosticados 84.858 novos casos, dos quais 68% em homens, com idade média de 40 anos. Os negros (pardos e pretos) respondem por 60,6% dos registros. A taxa de morte geral ficou em 6%, mas entre populações vulneráveis, como a população de rua, atingiu 22%.
Para Jeremy Farrar, é importante que os sistemas de saúde estejam resilientes ao clima e que incluam pacotes de serviços essenciais para tuberculose como parte de programas de mitigação de risco, além de mecanismos de financiamento.
De acordo com ele, pesquisas indicam que, em média, metade das pessoas com tuberculose e suas famílias enfrentam custos totais (incluindo despesas médicas diretas, pagamentos diretos não médicos e custos indiretos, como perda de renda), que excedem 20% da renda familiar anual.
Acabar com a epidemia requer acesso universal a serviços sociais e de saúde e uma abordagem integrada de diagnósticos, novas vacinas e tratamento, segundo Farrar.
Em 2023, havia pelo menos 15 novas vacinas candidatas, 28 medicamentos e vários testes de diagnóstico em fase de ensaios clínicos, embora muitos deles ainda estejam em estágios iniciais de desenvolvimento e com financiamento muito limitado.
Atualmente, a única vacina contra a tuberculose (BCG), dada no nascimento, previne a a meningite tuberculosa e tuberculose miliar em crianças pequenas, mas tem eficácia limitada contra infecção em adultos e adolescentes_onde estão concentrados 90% dos casos da doença.
"A modelagem indica que uma vacina que previna doenças em adolescentes e adultos será a maneira mais eficaz de reduzir tanto a incidência de casos de tuberculose quanto a transmissão de novas infecções por Mycobacterium tuberculosis [Mtb], em todas as faixas etárias", diz Farrar.
Ele afirma ainda que um número significativo de pessoas no mundo não está sendo diagnosticado e encaminhado para tratamento. A cobertura global do tratamento foi de 70% em 2022, e isso foi muito menor para crianças de 14 anos ou menos (49%).
"Testes acessíveis que possam ser usados para detectar a tuberculose no nível de atenção primária à saúde, em ambientes de poucos recursos, precisam ser desenvolvidos."
A resistência aos medicamentos antimicrobianos também é um problema global crescente. "Continua a ceifar um número significativo de vidas, e a taxa global de sucesso do tratamento permanece baixa."
Segundo dados da OMS, a taxa de sucesso do tratamento para tuberculose resistente a medicamentos é de 63%. Em 2022, apenas duas em cada cinco pessoas com tuberculose resistente a medicamentos tiveram acesso ao tratamento.
Na opinião de Farrar, o desenvolvimento de regimes de combinação mais seguros, eficazes e mais curtos e baratos para tratar todas as formas de tuberculose resistente a medicamentos é necessário, inclusive para as populações mais vulneráveis, como crianças, mulheres grávidas e lactantes, pessoas vivendo com HIV e comunidades deslocadas.
- Por Angela Boldrini | Folhapress
- 03 Out 2024
- 18:24h
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
A OMS (Organização Mundial da Saúde) lançou nesta quinta-feira (3) um plano de estratégia global para combate à dengue e outras arboviroses transmitidas por mosquitos da família Aedes.
O plano lista ações prioritárias para o controle de transmissão e recomendações para países afetados pelas doenças, listando cinco componentes essencias para o combate a uma epidemia.
O passo-a-passo listado pela OMS prevê o estabelecimento de uma coordenação de emergência, com liderança clara e coordenativa; a vigilância colaborativa, com o desenvolvimento e uso de ferramentas para detectar precocemente o início de um surto; proteção comunitária, estimulando o engajamento local com ações de prevenção e resposta; cuidado médico efetivo e progressivo, assegurando o acesso a tratamento adequado para prevenir mortes; e o acesso a medidas como vacinas e investimento em pesquisa para novos tratamentos das doenças.
A organização anunciou que o plano estratégico será implementado até setembro de 2025, com custo estimado de US$ 55 milhões (R$ 301 milhões).
Ao redor do globo, cerca de quatro bilhões de pessoas vivem com risco de infecção por arbovírus, um número que deve crescer para cinco bilhões até 2050. A OMS também alerta para o crescimento de casos de dengue, que já atigiram a marca mundial de 12 milhões até agosto deste ano —quase o dobro dos 6,5 milhões reportados ao longo de 2023.
O Brasil é o país mais afetado pela dengue, afirmou em junho a OMS. De acordo com o Ministério da Saúde, o número provável de casos da doença no Brasil em 2024 é de 6,5 milhões. O número de mortes até o começo de setembro bateu em 5.250, com outras 1.996 em investigação, número cinco vezes maior do que o registrado em 2023.
- Bahia Notícias
- 20 Ago 2024
- 14:30h
Foto: Bahia Notícias
Algumas pessoas que utilizaram ozempic (medicamento utilizado para ajudar pessoas a controlar o apetite e, consequentemente, perder peso) relataram melhora da libido e um aumento no desejo sexual, após o consumo do produto. Os relatos foram feitos especialmente por mulheres, que consideraram um impulso na vida sexual como um dos efeitos colaterais do remédio.
Ao The Wall Street Journal, via Metrópoles, pessoas perguntaram se era normal os efeitos dos medicamentos e se o crescimento no desejo sexual era comum. “Alguém mais está lidando com um desejo insaciável por sexo?”, questionou uma pessoa.
Em contrapartida, outro usuário questionou a melhora sexual depois de utilizar a ozempic. “Alguém teve o seu desejo sexual diminuído com Ozempic?", indagou outro paciente.
O último questionamento chega após alguns homens afirmarem que a ozempic estaria enfrentando disfunção erétil como um dos efeitos colaterais, de acordo com postagens do fórum on-line Reddit.
Mesmo com as publicações, ainda não existe nenhuma comprovação científica sobre o efeito colateral sexual. Mesmo existindo um risco potencial para mulheres grávidas e aquelas que desejam engravidar, como indica os próprios remédios, ainda não há indícios acerca desses efeitos sexuais em seus rótulos.
Há poucos estudos também sobre a relação da ozempic, Wegovy e Mounjaro com a vontade e comportamento sexual de pacientes.
Um porta-voz da Novo Nordisk, responsável pelo Ozempic, afirmou ao site The Wall Street Journal que a entidade tem acompanhado esses relatos de reações adversas ao medicamento, incluindo disfunção sexual.
“A segurança do paciente é de extrema importância para a Novo Nordisk”, disse o porta-voz.
Já a farmacêutica Eli Lilly afirmou que está avaliando essas informações.
“Nós nos envolvemos ativamente no monitoramento, avaliação e relato de informações de segurança para todos os nossos medicamentos”, observou um porta-voz.
Segundo o Metropóles, especialistas da área de saúde afirmam que o efeito colateral tem relação com o fato do Ozempic ser um semiglutida. O medicamento pode ter potencialidade para contribuir para a impotência por conta dos efeitos no músculo lisovascular e no fluxo sanguíneo.
Outro efeito estaria relacionado com alterações na pele, onde os tecidos conjutivos estariam mais finos e fracos, conforme constatado por cirurgiões plásticos dos Estados Unidos.
- Por Ana Bottallo | Folhapress
- 29 Jul 2024
- 09:21h
Foto: Divulgação / Fiocruz
A União Europeia, por meio da Cepi (Coalizão para Inovações de Preparação Epidêmica, na sigla em inglês), vai investir mais US$ 41,3 milhões (cerca de R$ 233 mi) nos próximos cinco anos para expandir o acesso à vacina chikungunya em países de baixa e média renda.
O montante também vai apoiar o desenvolvimento de estudos de fase 4, que ocorrem após a aprovação do imunizante, em crianças, adolescentes e grávidas em lugares de alta circulação do vírus, como o Brasil.
O repasse da UE é destinado à farmacêutica Valneva, produtora e detentora da tecnologia do imunizante, o primeiro aprovado contra chikungunya no mundo, e se soma aos US$ 24,6 mi (cerca de R$ 139 mi) já cedidos à fabricante para ajudar no desenvolvimento de ensaios clínicos de eficácia e na comercialização do imunizante em países de baixa e média renda.
Com a primeira parte do financiamento, a Valneva realizou estudos de eficácia do seu imunizante em adolescentes no Brasil em 2021 em parceria com o Instituto Butantan, que mostraram uma capacidade da vacina induzir anticorpos contra o vírus em 98,9% dos participantes, um dado considerado excelente.
A vacina, conhecida como Ixchiq, foi aprovada pela FDA (agência que administra drogas e alimentos nos Estados Unidos) para pessoas maiores de 18 anos em novembro de 2023.
Após a aprovação da FDA, os produtores da vacina enviaram um pedido de registro à EMA (Agência Europeia de Medicamentos), que concedeu a autorização em junho último, e à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), cujo processo encontra-se em análise.
Para Richard Hatchett, diretor executivo da Cepi, o acesso a uma vacina contra chikungunya em áreas onde a doença provoca muitos casos é uma prioridade do órgão. "Milhões de pessoas foram afetadas pela chikungunya e, hoje, mais de um bilhão de pessoas vivem em áreas de incidência [elevada]. Esses estudos clínicos e a transferência de tecnologia irão acelerar o acesso em países epidêmicos, além de informar estratégias futuras de implantação de vacinas e aliviar a carga em saúde de futuros surtos", diz.
Segundo o diretor do Butantan, o infectologista Esper Kallás, há discussão de projetos entre a farmacêutica e a instituição de saúde pública brasileira para ampliar estudos chamados pós-licenciamento da vacina, que são aqueles feitos depois de uma autorização para uso do imunizante.
"O primeiro estudo é de fase 4 [de eficácia em vida real] e o segundo vai avaliar se a utilização da vacina em lugares endêmicos apresenta os mesmos dados obtidos no estudo de imunogenicidade, comparado com placebo. E esses estudos vão envolver a participação de centros de pesquisa em locais onde tem circulação de chikungunya, sendo o principal deles o Brasil, e, no nosso caso, é o Butantan que coordena essas atividades", diz.
O infectologista explica que os dados foram submetidos para avaliação das agências em paralelo e, tão logo recebam uma resposta da Anvisa, o instituto já tem autorização para envase e produção do imunizante, podendo comercializá-lo. "Aí vêm os processos de incorporação, caso seja assim o desejo, do Ministério da Saúde. Mas nós recebendo o aval da Anvisa já temos como aplicar a vacina no dia seguinte", diz.
Procurada, a Anvisa não respondeu até a publicação desta reportagem.
A chikungunya é uma arbovirose (doença transmitida por mosquito) com incidência em lugares onde há populações do Aedes aegypti, transmissor do vírus. Os sintomas incluem febre alta, dores no corpo e na cabeça, manchas avermelhadas e dores nas articulações, que podem ser incapacitantes. Em pessoas com comorbidades, o quadro clínico pode ser ainda pior.
No país, em 2024, foram registrados mais de 356 mil casos de chikungunya até o último dia 20 de julho, de acordo com o boletim epidemiológico da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde).
Kallás afirma que o instituto teria condições de seguir com a fase 4 independentemente do apoio da Valneva, mas que o aporte de recursos ajuda a alcançar mais rapidamente os objetivos. "É importante avançar nos estudos de fase 4, além de um cenário de aprovação, para já no próximo ano aplicar a vacina, porque mesmo com o registro de uso provisório da Anvisa, pendente à realização desses estudos, podemos já começar o uso em 2025."
Para o médico, porém, um desafio será qual a prioridade de produção na fábrica de vacinas do instituto, uma vez que a mesma tecnologia é usada para a vacina contra a dengue. "Precisamos avaliar ainda com o Ministério da Saúde qual vai ser a prioridade, mas de qualquer forma o Butantan vai ter [cada vez mais] um papel importante na fabricação desses imunizantes na América Latina", completa.
- Bahia Notícias
- 10 Mar 2024
- 09:20h
Foto: Bahia Notícias
O Ministério da Saúde anunciou esta semana a incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) de um teste para detecção de HPV em mulheres classificado pela própria pasta como inovador. A tecnologia utiliza testagem molecular para a detecção do vírus e o rastreamento do câncer do colo do útero. Professor e pesquisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o ginecologista Júlio César Teixeira conduz, há quase sete anos, um programa de rastreamento de HPV que utiliza o teste agora será disponibilizado na rede pública.
Em entrevista à Agência Brasil, o médico confirmou o caráter inovador do teste e explicou que a proposta é que ele passe a substituir o exame popularmente conhecido como Papanicolau. “É um teste feito por máquina, ou seja, tem um erro próximo de zero, enquanto o Papanicolau tem muitas etapas onde há muita interferência humana”.
Ainda de acordo com o ginecologista, a tecnologia permite que a testagem seja feita apenas de cinco em cinco anos, enquanto o rastreio do HPV pelo Papanicolau deve ser realizado a cada três anos.
Teixeira também detalhou a relação da infecção por HPV com alguns tipos de câncer que vão além do câncer de colo de útero, como o de boca, na vulva, no pênis e no canal anal. Para o especialista, a testagem do HPV, somada à vacinação precoce em adolescentes com até 15 anos, pode mudar o cenário de saúde pública no país.