BUSCA PELA CATEGORIA "Política"

Aliados de Bolsonaro e de Lula modulam discursos e buscam narrativas próprias sobre Trump

  • Por Folhapress
  • 27 Out 2025
  • 08:30h

Fotos: Ricardo Stuckert / PR

A reunião do presidente Lula (PT) com Donald Trump, neste domingo (26), levou esquerda e direita –em especial os aliados de Jair Bolsonaro (PL)– a disputarem narrativas sobre o significado do encontro e a relação com o presidente dos Estados Unidos.
 

Lula e Trump se reuniram em Kuala Lumpur, na Malásia, para discutir as tarifas impostas sobre os produtos brasileiros. O presidente dos EUA fez elogios tanto ao petista quanto a Bolsonaro, o que levou cada espectro a focar no próprio benefício do encontro —apesar de setores da direita reconhecerem desconforto no bolsonarismo e ganhos políticos do atual presidente na relação com o americano.
 

Antes da reunião, Trump foi questionado em entrevista coletiva sobre Bolsonaro. Ele disse se sentir mal pela situação do ex-presidente, de quem sempre gostou, mas não quis responder mais sobre o assunto. "Não é da sua conta", disse a uma jornalista que perguntou se Bolsonaro seria um dos tópicos da conversa.
 

Após o encontro, o presidente dos EUA divulgou uma foto ao lado de Lula e escreveu: "É uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acho que conseguiremos fechar bons negócios para ambos os países. Sempre tivemos um bom relacionamento —e acho que continuará assim".
 

Bolsonaristas repercutiram o elogio de Trump ao ex-presidente e ignoraram os afagos a Lula. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está desde março nos EUA articulando sanções contra autoridades brasileiras, alegou um suposto desconforto do petista com a declaração do americano.
 

Outros influenciadores bolsonaristas buscaram difundir a tese de que, apesar do encontro, o governo brasileiro ainda não avançou nas negociações pelo fim do tarifaço.
 

"Deve ser a terceira reunião e os caras que atacam diariamente Trump se fazem de idiotas para enganar outros idiotas", escreveu Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro pelo PL e também filho do ex-presidente. Na postagem, ele ironizava uma fala do chanceler Mauro Vieira sobre o encontro ter sido positivo, mas sem ter dado início, ainda, às negociações.
 

A cientista política Juliana Fratini, doutora pela PUC-SP, avalia que aliados de Bolsonaro estão reféns da aliança com Trump e não podem criticá-lo por se encontrar com Lula. Eles correriam o risco, inclusive, de maior fragilidade nas articulações internacionais, já que parte da própria direita admite que Lula saiu lucrando com o avanço das negociações.
 

Além disso, tanto na esquerda quanto em setores da direita há uma compreensão de que a atuação de Eduardo nos EUA beneficiou Lula por permitir que o presidente se colocasse como defensor da soberania nacional, ativo explorado por aliados do petista.
 

"Os bolsonaristas estão dependentes do trumpismo e dos movimentos de direita internacionais para manter o fôlego. Não vão reclamar, não querem atrito. Sabem que, se irritarem Trump, podem perder o prestígio que possuem junto a ele", disse à Folha de S.Paulo.
 

Aliados de Eduardo já iniciaram, na própria noite de sábado (25), uma movimentação em sua defesa nas redes sociais, antecipando possíveis ataques diante de um eventual avanço das negociações pelo tarifaço.
 

"Eduardo é um guerreiro silencioso, que trabalha nos bastidores com lealdade e coragem. Sua missão nunca foi apenas um mandato, mas a defesa de um ideal. Diferentemente de muitos que hoje trabalham para desmerecer o grande trabalho que ele fez, e continua fazendo por todos nós", afirmou o deputado federal Mário Frias (PL-RJ).
 

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), classificou o encontro de Lula e Trump como "sensacional, pois fica provado que o tarifaço nunca foi culpa do Eduardo Bolsonaro e sim do Lula".
 

Já na esquerda a reunião foi usada para destacar a atuação diplomática de Lula. O deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) afirmou que o encontro "resultou no restabelecimento do diálogo e da parceria entre Brasil e Estados Unidos, superando divergências anteriores orquestradas pelos traidores da pátria".
 

Presidente nacional do PT, Edinho Silva disse que os problemas do planeta só serão resolvidos "com mais diálogo e não em imposições" e elogiou a postura de Lula. Crítico de Trump, a quem chama de fascista, ele disse à Folha de S.Paulo no início do mês que o Brasil busca manter a relação cordial com os EUA: "Estamos dialogando com o governante da época", argumentou.
 

Para Fratini, a postura da esquerda a respeito da reunião mostra que "de olho nos ganhos políticos e econômicos a partir de uma boa relação com Trump, o interesse por um bom relacionamento se torna mais forte do que o desdém".
 

A cientista política menciona incoerência, por parte da esquerda, em celebrar elogios de Trump a Lula. "Se o benefício fosse exclusivo para o opositor, Bolsonaro, ele [Trump] seria chamado de fascista", disse. "O mesmo ocorre quando a esquerda brasileira se alia a ditaduras como a venezuelana ou a cubana, sem nem de longe ser ditatorial como estas. Faz por interesses econômicos e arregimentação de poderes políticos."

Juiz da Lava Jato, Eduardo Appio é investigado em caso de suspeita de furto de champanhes em supermercado de Blumenau

  • Bahia Notícias
  • 25 Out 2025
  • 12:20h

Foto: Reprodução / Justiça Federal

A Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC) encaminhou ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) uma investigação que cita o juiz federal Eduardo Appio como suspeito em um caso de furto de garrafas de champanhe em um supermercado de Blumenau (SC). A informação foi divulgada pela NSC TV, que teve acesso ao boletim de ocorrência que deu origem à apuração.

 

Embora atue na 18ª Vara Federal de Curitiba (PR), o magistrado reside em Blumenau. Em 2023, Appio atuou em processos da Operação Lava Jato, mas foi afastado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e posteriormente transferido de forma definitiva da função.

 

O juiz alegou que o episódio foi resultado de um “mal-entendido”, afirmou que sempre pagou por todas as suas despesas e informou que pretende ingressar com ações de reparação. O advogado que representa o magistrado informou que não se manifestaria sobre o caso.

 

O TRF-4 confirmou ter sido comunicado oficialmente pela Polícia Civil na tarde de quinta-feira (23), por meio de e-mail. Em resposta, o tribunal informou que não comenta investigações envolvendo magistrados, devido ao sigilo dos procedimentos.

Lula diz que relação com a Malásia "muda de patamar" e assina pacote de cooperação

  • Por Folhapress
  • 25 Out 2025
  • 08:44h

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em visita oficial à Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a relação bilateral "muda de patamar" após reunião com o primeiro-ministro Anwar Ibrahim, em Putrajaya, sede do governo. Esse foi o primeiro encontro de um presidente brasileiro ao país do Sudeste Asiático em 30 anos.
 

Na oportunidade, os representantes firmaram acordos de cooperação que miram setores estratégicos da indústria de semicondutores, tecnologia e inovação. Ainda, segundo o Planalto, além da retomada do comércio de carne de frango, foram autorizadas importações de pescados, gergelim, melão e maçã.
 

Em 2024, o comércio entre os dois países somou US$ 5,8 bilhões, com superávit brasileiro de US$ 2,7 bilhões. Em setembro de 2025, o fluxo atingiu US$ 487,2 milhões, sendo US$ 346,4 milhões em exportações do Brasil, com destaque para minério de ferro (37%) e óleo bruto (28%).
 

Durante a cerimônia, Lula criticou a paralisia de instituições multilaterais, disse que o Conselho de Segurança da ONU "não funciona mais" e voltou a classificar a situação em Gaza como genocídio. Ele também chamou a COP30, em Belém, de "COP da verdade", cobrando a implementação de compromissos climáticos que serão firmados no evento que ocorrerá em novembro.
 

Anwar Ibrahim afirmou ter política com Lula e o descreveu como liderança com "consistência na defesa dos mais pobres", dizendo esperar uma cooperação que extrapole o comércio e alcance cultura e desenvolvimento humano.
 

Ainda na Malásia, Lula deve participar, no domingo (26), do 47º encontro da cúpula da ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), em Kuala Lumpur. Essa será a primeira vez de um chefe de Estado brasileiro no encontro do bloco.

Lula exalta 'sul global' e critica protecionismo em fala na Indonésia

  • Por Folhapress
  • 23 Out 2025
  • 10:02h

Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em discurso feito durante sua viagem a Jacarta, na Indonésia, Lula exaltou o "sul global" e alfinetou as políticas protecionistas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às vésperas do encontro com o americano.
 

O presidente do Brasil está no país asiático para uma visita de Estado em retribuição àquela feita pelo líder Prabowo Subianto em julho deste ano. É a primeira parada no continente, sendo a próxima uma visita a Kuala Lumpur, na Malásia, para a cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, em português).
 

Sem mencionar o líder dos EUA nominalmente, o presidente afirmou que os países do "sul global" devem buscar alianças entre eles e diminuir a dependência de outras nações.
 

"Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo, nós queremos democracia comercial e não protecionismo", disse Lula.
 

"O que está acontecendo nesse momento na política e na economia demonstra cada vez mais que nós precisamos discutir as similaridades que existem entre os dois países."
 

O petista também destacou o papel importante da Ásia na sua agenda e disse que os países do continente estão entre as suas prioridades. Neste ano, o presidente recebeu no Brasil visita dos líderes da Indonésia e da Índia e viajou à China, ao Japão e ao Vietnã.
 

No final de sua fala, Lula disse ainda que irá disputar novamente a presidência em 2026. "Eu vou disputar um quarto mandato no Brasil. Então, estou lhe dizendo que ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Esse meu mandato só termina em 2026, no final do ano. Mas estou preparado para disputar outras eleições", afirmou o presidente brasileiro ao líder Subianto.
 

Lula está no país para firmar parceria em áreas estratégicas para o governo. Foram assinados acordos em áreas como estatística, agricultura, energia, ciência, tecnologia e promoção comercial.
 

Além da visita de Estado oficial, o presidente ainda participará também de encontros com empresários locais em um intercâmbio que também terá a participação de empreendedores brasileiros.
 

Lula faz a viagem para a Ásia acompanhado dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação); do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
 

Um dos principais objetivos nas trocas com líderes da região é desenhar alternativas às taxas impostas por Trump ao Brasil e a diversos países do mundo, entre eles aqueles do sudeste asiático.
 

Na próxima parada do presidente brasileiro, na Malásia, o petista fará uma reunião bilateral com Trump no domingo (26), que será o principal compromisso de Lula em seu giro pela Ásia.
 

É esperado que no encontro entre os líderes brasileiro e americano sejam discutidas as tarifas impostas por Trump ao país e outras medidas relacionadas às autoridades brasileiras, como a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e a restrição de circulação imposta ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e a seus familiares na visita que fariam para eventos relacionados à Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
 

Também é esperado que temas paralelos sejam discutidos, como os recentes ataques americanos a embarcações venezuelanas e o risco de uma incursão militar dos EUA no país sul-americano, o que, na visão do governo, poderia causar instabilidade na região e, com isso, afetar o Brasil.

Sem citar Trump, Lula diz que povo da Venezuela é dono do seu destino

  • Por Carolina Linhares | Folhapress
  • 17 Out 2025
  • 14:25h

Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na noite desta quinta-feira (16), que "o povo venezuelano é dono do seu destino" e que presidente de outro país "não tem que dar palpite", em referência à tensão crescente entre o governo dos Estados Unidos sob Donald Trump e a Venezuela.
 

Lula discursou no 16º Congresso do PC do B, no centro de convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O presidente se sentou ao lado da presidente do PC do B, a ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia). O evento teve ainda a presença de representantes dos partidos comunistas da China e de Cuba.
 

Segundo Lula, a direita convenceu o povo brasileiro de que a esquerda é a favor do aborto, defende bandido fora da cadeia e quer que o Brasil se torne uma Venezuela. "O Brasil nunca vai ser a Venezuela", disse o presidente, logo antes de criticar a ação de Trump, sem mencionar o presidente dos EUA.
 

"Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. O Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil. Cada um será ele", disse.
 

"O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino. E não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite do que vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba. Cuba não é um país de exportação de terrorista", emendou.
 

Logo antes, Lula afirmou que, entre 2002 e 2010, na sua primeira passagem pelo Palácio do Planalto, a América do Sul viveu "seu melhor momento político, ideológico e social". Ele mencionou os presidentes de esquerda com quem convivia na época, citando inclusive Hugo Chávez na Venezuela.
 

Nesta quinta, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e sua contraparte americana, o secretário de Estado, Marco Rubio, se encontraram nos Estados Unidos. Este foi o primeiro encontro dos chefes da diplomacia dos países desde que os presidentes Trump e Lula iniciaram contatos, no mês passado.
 

Na quarta (15), o presidente americano disse ter autorizado a CIA, a agência de espionagem com longo histórico de interferência na América Latina, a realizar operações secretas e letais dentro da Venezuela com o objetivo de derrubar Maduro do poder.
 

A Venezuela pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que declare ilegais os ataques feitos pelos EUA contra embarcações próximas à costa do país e que emita uma declaração em defesa da soberania de Caracas, segundo carta obtida pela agência de notícias Reuters nesta quinta-feira.
 

Os ataques foram ordenados pelo presidente americano como parte de uma operação militar para, segundo o republicano, coibir o narcotráfico -embora o Caribe não seja a principal rota de entrada de drogas ilícitas nos EUA, e sim o Oceano Pacífico e a fronteira com o México.
 

Em Caracas, Maduro afirmou que, embora a CIA tenha sido historicamente associada a golpes de Estado em diversos países, "nunca antes um governo havia declarado publicamente ter feito ordens à agência para matar, derrubar e destruir nações".
 

Ainda no evento do PC do B, Lula afirmou que a extrema direita cresceu no mundo, enquanto os setores progressistas diminuíram, o que ele atribuiu a uma dificuldade de linguagem e de comunicação. "Nós nos distanciamos do povo", resumiu.
 

Participaram do evento a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais); o ministro Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação Social); o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia), do PSD; o ministro Wolney Queiroz (Previdência Social), do PDT; o presidente do PT, Edinho Silva; o prefeito do Recife e presidente do PSB, João Campos; a presidente do Podemos, deputada Renata Abreu (SP); e uma série de parlamentares de siglas de esquerda.
 

Edinho também comentou o que chamou de ameaças do presidente dos EUA à América Latina. "É inaceitável as ameaças que foram feitas ontem contra o governo da Venezuela e o povo venezuelano", disse.
 

A presidente do PC do B repudiou as ingerências dos EUA na Venezuela e afirmou que "se precipita um clima de guerra no Caribe". "Estamos sob ataque de um país que se julga dono do mundo", emendou.
 

Luciana Santos e João Campos reforçaram a aliança do PC do B e do PSB com Lula para a eleição de 2026.

Eduardo Bolsonaro rebate Ciro Nogueira após críticas sobre atuação nos EUA; senador responde

  • Bahia Notícias
  • 14 Out 2025
  • 18:20h

Foto:Mario Agra / Câmara dos Deputados Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O deputado federal Eduardo Bolsonaro respondeu, nesta segunda-feira (13), a um corte de entrevista do senador Ciro Nogueira, na qual o parlamentar afirmou que o deputado teria causado "prejuízos gigantescos" ao Brasil durante sua atuação nos Estados Unidos. Segundo Eduardo, a atuação dele representou apenas um prejuízo aos interesses pessoais do senador.

 

"Prezado Ciro Nogueira, o prejuízo foi gigantesco para o seu plano pessoal; não se pode confundir o seu interesse com o do Brasil. Compadeço-me do seu sentimento, pois também foi um grande prejuízo para mim. A diferença é que estou disposto a sacrificar os meus interesses pessoais pelo Brasil", escreveu Eduardo em seu perfil no X, antigo Twitter.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro respondeu, nesta segunda-feira (13), a um corte de entrevista do senador Ciro Nogueira, na qual o parlamentar afirmou que o deputado teria causado "prejuízos gigantescos" ao Brasil durante sua atuação nos Estados Unidos. Segundo Eduardo, a atuação dele representou apenas um prejuízo aos interesses pessoais do senador.

 

"Prezado Ciro Nogueira, o prejuízo foi gigantesco para o seu plano pessoal; não se pode confundir o seu interesse com o do Brasil. Compadeço-me do seu sentimento, pois também foi um grande prejuízo para mim. A diferença é que estou disposto a sacrificar os meus interesses pessoais pelo Brasil", escreveu Eduardo em seu perfil no X, antigo Twitter.

 

Brasil não tem problema com Israel, mas com Netanyahu, diz Lula

  • Por Michele Oliveira | Folhapress
  • 14 Out 2025
  • 14:32h

Foto: Ricardo Stuckert / PR

O presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) afirmou nesta segunda-feira (13), em Roma, que o Brasil não tem problema com Israel, mas sim com o premiê Binyamin Netanyahu.
 

Ao ser questionado se o acordo de paz em Gaza abriria espaço para o Brasil melhorar suas relações diplomáticas com Israel, o presidente afirmou que "o Brasil não tem problema com Israel". "O Brasil tem problema com Netanyahu. A hora que Netanyahu não for mais governo, não haverá nenhum problema entre Brasil e Israel, que sempre tiveram uma relação muito boa", declarou.
 

"Nós sabemos que o povo judeu não concordava em muita parte com aquela guerra. Eu estou feliz porque, veja, eu não sei se é definitivo ou não, mas eu estou feliz porque é um começo muito promissor", declarou o presidente sobre o andamento do processo de paz, que nesta segunda teve um avanço importante com a libertação dos reféns pelo grupo terrorista Hamas e, em contrapartida, a soltura de quase 2.000 prisioneiros palestinos por Israel.
 

"O fato de o presidente Trump ter ido a Israel, ter ido ao Parlamento e ter falado, é um sinal muito importante. E agora vai ter reunião no Egito com os países da Europa. Eu acho importante. Eu espero que aqueles que ajudaram Israel na sua posição de virulência agora ajudem a ter uma paz definitiva", afirmou Lula.
 

Brasil e Israel vivem uma crise diplomática sem precedentes, e o governo Lula se firmou como uma das vozes mais críticas à campanha militar israelense em Gaza. Desde o ano passado, após uma série de rusgas, o Brasil não tem embaixador em Israel, assim como o país do Oriente Médio está sem representante de alto nível em Brasília.
 

As declarações ocorreram após discurso do presidente na abertura do Fórum Mundial da Alimentação, na capital italiana. Em sua fala, Lula disse que "a fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios". "Conflitos armados, além do sofrimento humano e da destruição da infraestrutura, desorganizam cadeia de insumos e de alimentos", declarou. "Da tragédia em Gaza à paralisia da Organização Mundial do Comércio, a fome tornou-se sintoma d o abandono das regras e das instituições multilaterais."
 

O evento acontece até sexta (17) na sede da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). Lula foi o terceiro a falar, após o diretor-geral da entidade, Qu Dongyu, e o rei do Lesotho, Letsie 3o. Entre as autoridades presentes no plenário, o chefe de governo de Bangladesh, Muhammad Yunus, com quem Lula teria uma bilateral em seguida.
 

O principal dia do fórum será na quinta (16), quando estarão presentes o papa Leão 14 e as principais autoridades italianas, o presidente Sergio Mattarella e a primeira-ministra Giorgia Meloni. A cerimônia é marcada pela comemoração dos 80 anos da FAO.
 

Antes, o presidente participou de reunião sobre a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa do Brasil lançada no G20 do Rio, no ano passado. O encontro foi liderado pelo Brasil pela Espanha.
 

No fim de julho, a FAO anunciou que o Brasil saiu do Mapa da Fome, por ter menos de 2,5% da população em risco de subnutrição ou sem acesso à alimentação suficiente no triênio de 2022 a 2024. O país havia voltado para o Mapa da Fome pelos resultados entre 2019 a 2021.
 

Pela manhã, Lula foi recebido pelo papa Leão 14, no Palácio Apostólico, no Vaticano. Foi o primeiro encontro entre os dois desde que o americano Robert Prevost foi eleito, em maio.
 

Na breve reunião, de menos de meia hora, Lula convidou o papa para a COP30, a conferência de clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que acontece em novembro em Belém. O papa respondeu que não poderá participar devido aos compromissos com o Jubileu, mas garantiu a representação do Vaticano em Belém.
 

Lula viaja acompanhando da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores), Wellington Dias ( Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar).
 

Não há previsão de encontros entre o presidente e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, que deverá participar, no Egito, da reunião de líderes sobre o acordo de paz entre Hamas e Israel. O petista voltará nesta tarde ao Brasil.

Bolsonaristas minimizam gesto de Trump a Lula e buscam explicações

  • Por Marianna Holanda | Folhapress
  • 24 Set 2025
  • 14:40h

Foto: Reprodução / YouTube / CNN Brasil

Parlamentares e aliados de Jair Bolsonaro (PL) minimizaram a fala do presidente Donald Trump sobre o presidente Lula (PT) em discurso na Assembleia-Geral das Nações Unidas nesta terça-feira (23). Eles afirmam que não se trata de um gesto concreto e que dificilmente haverá reversão das tarifas impostas pelo governo americano ou melhora da crise entre os dois países após conversa entre seus líderes.
 

Nas horas que seguiram o surpreende discurso do americano, parte dos bolsonaristas ficou sem reação, buscando entender quais são os próximos passos, já que Trump é conhecido por sua imprevisibilidade. Reservadamente, disseram não poder calcular se haveria prejuízo ao grupo político.
 

Um aliado disse ver prejuízo ao grupo político e teme que Lula possa abrir uma porta de diálogo que até então só existia com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o empresário Paulo Figueiredo.
 

Na avaliação geral, o discurso dos bolsonaristas é de que a crise poderia até mesmo piorar após uma conversa entre eles, ainda que seja mais controlada por telefonema.
 

Eles afirmam que há mais divergências do que convergências entre os dois líderes, e isso ficaria exposto num diálogo entre os dois --cujos discursos na ONU tiveram trocas de críticas. Citam a postura pró-Palestina de Lula contra a pró-Israel de Trump, a proximidade com a gestão do antecessor Joe Biden, o Judiciário brasileiro, dentre outros pontos.
 

"[Lula] será cobrado sobre o projeto de anistia. E aí? Cheque. Lula termina o dia de hoje em uma posição política infinitamente pior do que começou", disse Figueiredo.
 

Eles também cogitaram diferentes explicações para a postura elogiosa do americano ao petista. Dentre os argumentos, há o de que o gesto Trump seria, na verdade, calculado e uma forma de estratégia de negociação. O objetivo seria de expor o presidente brasileiro que, chamado para uma reunião publicamente, não teria como não participar.
 

O governo brasileiro tem enfrentado barreiras para buscar diálogo com a administração Trump, que impôs duras tarifas a produtos brasileiros, após intensa articulação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) e do empresário Paulo Figueiredo. Este é primeiro e maior gesto desde que a crise começou, no início de julho.
 

Após o discurso de Trump, Eduardo foi às redes para destacar os momentos de sua fala em que criticou o governo brasileiro, por suposta perseguição judicial e por supostamente interferir em direitos de cidadãos americanos, praticando censura.
 

"Tudo isso é um prenúncio do que estará sobre a mesa num eventual encontro entre Trump e Lula que, se confirmado, seria certamente no Salão Oval. E Lula não terá escolha: terá de ir. Note bem, será no momento, no local e nos termos que Trump escolheu -sendo que o Itamaraty está anulado, sem poder alinhar previamente a reunião", escreveu o deputado federal.
 

O encontro, contudo, deve ser por telefonema, segundo o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores). O gesto foi interpretado por bolsonaristas como fuga.
 

"Lula acaba de ter a oportunidade de ficar frente a frente com Trump, mas já está arrumando desculpas para fugir. Procura-se o Presidente da República", disse Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
 

Eles dizem que Trump faria com Lula o mesmo que fez com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, no Salão Oval. À época, o próprio Lula se referiu ao episódio como uma humilhação e cena grotesca.
 

A tese bolsonarista também ecoa em parte em integrantes do governo petista. Mesmo tendo visto o gesto de Trump como uma vitória para o brasileiro, eles temem que o americano use o diálogo entre os dois como uma forma de pressionar e até humilhar o líder petista.
 

Os dois tiveram uma breve interação na manhã desta terça-feira (23) pouco antes de o republicano discursar na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Trump sugeriu, e Lula aceitou, uma conversa para a próxima semana. O encontro foi divulgado pelo presidente americano ao final de sua fala, em que ele também disse que gostou do brasileiro e que teve uma "excelente química" com o petista.

Eduardo Bolsonaro defende sanções dos EUA contra presidentes da Câmara e do Senado: "Eles já estão no radar"

  • Bahia Notícias
  • 15 Ago 2025
  • 12:01h

Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a defender, nesta quarta-feira (14), que autoridades americanas ampliem sanções contra lideranças políticas brasileiras, incluindo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Segundo ele, ambos “já estão no radar” dos Estados Unidos.

 

Em entrevista à BBC News Brasil, o parlamentar afirmou que Motta poderia evitar punições caso paute o processo de anistia, enquanto, no caso de Alcolumbre, citou a tramitação de um pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que já conta, segundo ele, com 41 assinaturas no Senado.

 

"Se no futuro nada for feito, talvez aí a gente tenha também o Alcolumbre e o Hugo Motta figurando nessa posição (de sofrer sanções). O que eu sei é o seguinte: eles já estão no radar, e as autoridades americanas têm uma clara visão do que está acontecendo no Brasil e sabem que, por exemplo, o processo de anistia depende de ser iniciado pela mesa do presidente Hugo Motta", disse Eduardo.

 

Eduardo também reiterou que defende sanções contra familiares de Moraes, citando a esposa do ministro como seu “braço financeiro” e sugerindo que ela seja alvo da Lei Magnitsky, legislação americana que permite punir estrangeiros acusados de violações de direitos humanos.

 

O deputado argumenta que medidas desse tipo seriam necessárias para “isolar” Moraes e “restaurar a harmonia entre os Poderes”. Ele disse estar disposto a “ir às últimas consequências” para afastar o ministro.

 

Ao comentar o impacto econômico da tarifa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, Eduardo afirmou que “a liberdade vale mais que a economia” e que o Brasil “merece” as sanções por ser, em sua visão, “uma ditadura”.

 

Em julho, o parlamentar já havia acusado Moraes de ordenar o bloqueio das contas bancárias de sua esposa, Heloísa Bolsonaro, sem justificativa legal. Na mesma linha, em entrevista ao Financial Times, ele declarou que o governo americano poderia responder à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com novas sanções e restrições de vistos a autoridades brasileiras.

Número de autocracias supera o de democracias no mundo, diz estudo

  • Bahia Notícias
  • 28 Jul 2025
  • 10:10h

Foto: Arquivo / Agência Brasil

O número de governos autoritários, as chamadas autocracias, superou o de democracisas ao redor do mundo. É o que aponta o Relatório da Democracia 2025, do Instituto V-Dem, ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia, divulgado na última semana. Os dados do estudo evidenciam que o mundo tinha, ao final de 2024, 88 democracias e 91 autocracias, uma inversão em relação ao ano anterior. 

 

Anualmente, o instituto publica dados sobre a situação da democracia no mundo. De acordo com o relatório, cerca de três em cada quatro pessoas no mundo, ou 72% (5,8 bilhões de pessoas), vivem atualmente em autocracias. O percentual é o mais elevado desde 1978, considerando os 179 países pesquisados em 2024. As informações são da Agência Brasil. 

 

O levantamento considera autocracia o regime político em que o poder está concentrado em uma pessoa ou grupo político, com pouco ou nenhum controle democrático, e liberdades civis e políticas restringidas. No caso da democracia, há eleições multipartidárias, livres e justas; graus satisfatórios de sufrágio, liberdade de expressão e liberdade de associação e restrições judiciais e legislativas ao Poder Executivo são cumpridas, juntamente com a proteção das liberdades civis e a igualdade perante a lei.

 

Segundo o texto, os regimes autocráticos estão concentrados no Oriente Médio, norte de África, Ásia do Sul e Central, e na África Subsariana. Já os países democráticos são mais comuns na Europa Ocidental e na América do Norte, assim como em algumas partes do Leste Asiático e do Pacífico, na Europa do Leste e na América do Sul. 

 

O levantamento coloca a desinformação e a polarização política entre as principais ameaças às democracias. Conforme o estudo, a desinformação é utilizada pelos governos autocráticos para inflacionar propositadamente sentimentos negativos na população e criar um sentimento de desconfiança.

 

Já a polarização reduz a confiança nas instituições governamentais, cenário que  aumentou significativamente em nove países, considerando eleições ocorridas em 2024.

 

“Estudos sugerem que a polarização se torna frequentemente uma ajuda para os governos espalharem a desinformação, enfraquecendo a democracia. Se a polarização for elevada, os cidadãos estão mais dispostos a trocar os princípios democráticos por outros interesses ou a ajudar o seu lado a ganhar. A votação do Brexit e as eleições presidenciais de 2016 nos EUA são dois exemplos proeminentes em que este padrão se verificou”, aponta o estudo.

PSDB trabalha para a volta de Ciro Gomes após 28 anos

  • Bahia Notícias
  • 26 Jun 2025
  • 18:20h

Foto: José Cruz/Agência Brasil

A cúpula do PSDB trabalha para se reunir com Ciro Gomes na próxima semana. A conversa deve ter como conteúdo para que Ciro volte à legenda após 28 anos. Ele deixou a legenda em 1997. 

Uma parte do partido acredita que o caminho para Ciro é concorrer tanto para o governo do Ceará quanto para a cadeira de presidente da República. Outra parte do PSDB não acredita em Ciro como uma opção viável para o Palácio do Planalto. 

Segundo informações de Bela Megale, a ponte de Ciro para voltar ao partido se chama Tasso Jereissati, ex-governador que apoiou Ciro em sua candidatura ao governo do Ceará em 1990. 

Ciro Gomes saiu do PSDB em 1997, e se filiou a diversos partidos, como PPS, PSB, PROS e, mais recentemente, o PDT, que se mantém nos últimos 10 anos.

Lula diz que Trump deveria ser menos internet e mais chefe de Estado

  • Por Mariana Brasil | Folhapress
  • 26 Jun 2025
  • 12:20h

Foto: Marcelo Camargo / EBC

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez novas críticas a Donald Trump durante evento nesta quarta-feira (25), comparando-o ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele sugeriu que o americano fosse mais chefe de Estado e "menos internet".
 

"Nesse mundo conturbado, o mundo em que você tem o presidente dos Estados Unidos, que deveria brigar pelo discurso, deveria pensar o que falar, deveria ser menos internet e ser mais chefe de Estado, deveria pensar mais em livre comércio, no multilateralismo, deveria pensar muito mais na paz", declarou.
 

Por meio das redes sociais na segunda-feira (23), Trump anunciou um cessar-fogo na guerra entre Israel e Irã, após 12 dias de troca de fogo aéreo.
 

"O que que a gente vê todo santo dia da imprensa? Necessidade de uma desgraçada [sic] de uma manchete. Nós já tivemos presidente assim, e vocês sabem que já tivemos. Ou seja, o que menos interessa é a verdade. O que menos interessa é o interesse do do país. O que mais interessa são interesses escusos", disse Lula.
 

Em outro momento, ao comentar a guerra do Oriente Médio, o brasileiro também afirmou querer "passar longe" do conflito entre Teerã e Tel Aviv. "Não quero encrenca na minha vida. Eu sou da paz, não quero guerra", declarou.
 

O presidente criticou o uso de dinheiro empenhado em guerras, em paralelo aos índices mundiais de fome, e disse acreditar que o mundo está "de ponta cabeça". "Que prazer eu tenho em destruir uma ponte, em matar uma pessoa, que não é possível recuperar? Esse mundo tem que ser repensado", disse.
 

Em outra menção aos Estados Unidos, Lula queixou-se de o país não reconhecer o Brasil como produtor de milho, e cobrou ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que reforce a imagem brasileira na área para os americanos. "Eles têm que saber a grandeza do nosso país."
 

As falas foram feitas após participação do presidente na 2ª reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética, junto ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, onde o governo aprovou nesta a elevação do percentual do etanol na gasolina, em meio a preocupações com o efeito da instabilidade no Oriente Médio para o preço dos combustíveis.

Governo Lula engaveta política para população trans após apresentá-la duas vezes

  • Por Mateus Vargas | Folhapress
  • 19 Jun 2025
  • 08:07h

Foto: Ricardo Stuckert / PR

O governo Lula (PT) arrasta há mais de um ano a publicação de uma nova política para ampliar o financiamento e a oferta de serviços de saúde à população trans.
 

O Ministério da Saúde já apresentou a iniciativa duas vezes para gestores do SUS (Sistema Único de Saúde) e representantes do movimento LGBTQIA+, e chegou a prometer que efetivaria as mudanças em março de 2024. Mas, hoje, a pasta diz que não há data para a publicação das portarias que oficializariam a mudança.
 

A nova política reduziria a idade mínima para realização de procedimentos cirúrgicos em hospitais da rede pública, como a mastectomia (procedimento para remoção da mama), cuja idade mínima cairia de 21 para 18 anos. Também estava previsto a permissão do uso de hormônios a partir dos 16 anos, tratamento hoje restrito a maiores de idade no SUS.
 

Integrantes do ministério dizem, sob reserva, que a publicação travou devido ao receio do governo Lula de se tornar alvo de parlamentares da direita, como ocorreu quando a Saúde teve de anular os efeitos de uma nota técnica sobre procedimentos de aborto legal.
 

Procurado, o Ministério da Saúde disse, em nota, que "o SUS oferece atendimento integral e gratuito à população trans, incluindo hormonioterapia, acompanhamento multiprofissional e cirurgias. Atualmente, são 103 serviços habilitados para este atendimento", mencionando portaria de 2013.
 

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o ministro Alexandre Padilha (PT), não confirmou quando deve ser oficializada a nova política, chamada de Paes Pop Trans (Programa de Atenção Especializada à Saúde da População Trans).
 

Ele disse que há uma "pendência" jurídica sobre o tema, ao se referir a questionamentos levados ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre uma resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina) que aumenta a idade mínima para a realização do processo transexualizador.
 

"Esse fato cria uma situação que traz obstáculo para qualquer política mais integral sobre esse tema", disse Padilha.
 

O texto do conselho, porém, não interfere em outras medidas previstas, como a expansão do financiamento a serviços previstos no Paes Pop Trans. O plano era investir R$ 68 milhões em 2025 e elevar gradualmente esse orçamento para R$ 152 milhões até 2028.
 

A verba custearia serviços de saúde bucal, compras de equipamentos para instalar ambulatórios e centros cirúrgicos especializados, além de etapas do processo transexualizador, como operações de redesignação sexual.
 

Em relatório sobre a nova política, apresentado no começo de 2024, o ministério disse que o orçamento previsto para o processo transexualizador no SUS no ano anterior foi inferior a R$ 1 milhão.
 

O ministério ainda deu um passo atrás na discussão após o CFM aprovar uma resolução que proíbe o bloqueio puberal para mudança de gênero e aumenta de 18 para 21 anos o limite para cirurgias que podem causar infertilidade, como as que removem útero e ovários. A resolução está sob questionamentos no Supremo.
 

A presidente da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), Bruna Benevides, afirma que "não há justificativa aceitável" para barrar a publicação de uma portaria pronta há mais de um ano.
 

"A ausência desse instrumento normativo, além de denunciar a falta de compromisso do governo, fragiliza a política pública, deixa profissionais e serviços sem diretrizes claras, e, sobretudo, coloca a população trans em situação de maior vulnerabilidade diante de uma ofensiva institucional e ideológica antitrans, que tem se intensificado", diz Benevides.
 

Ela também afirma que a demora ultrapassa a omissão e demonstra impactos concretos, como interrupção de serviços, judicialização e insegurança nos atendimentos. "E, principalmente, o agravamento das barreiras de acesso à saúde para travestis e pessoas trans, especialmente as mais jovens".
 

"Publicar a portaria é, neste momento, uma resposta política e institucional necessária à altura da violência simbólica e concreta que estamos enfrentando", completa a presidente Antra.
 

A nova política foi desenhada por grupo de trabalho montado em 2023. Em fevereiro do ano seguinte, o ministério levou a proposta aos conselhos de secretários de estados e municípios, que aprovaram a nova política.
 

Após apresentar a política, o ministério recebeu questionamentos de secretarias de saúde sobre a oferta dos serviços. Ainda em fevereiro do ano passado, a pasta disse para o governo de Mato Grosso que havia previsão de publicar o Paes Pop Trans no mês seguinte, segundo documento obtido pela Folha.
 

Em dezembro de 2024, o ministério fez nova apresentação da mesma política, durante evento em alusão ao Dia Internacional dos Direitos Humanos.
 

O ministério ainda apontou, segundo processos obtidos pela Lei de Acesso à Informação, diferentes estimativas sobre a publicação da medida. Em fevereiro, por exemplo, a Saúde disse que a medida "encontra-se em ajustes finais necessários para a sua publicação".
 

Já em maio de 2025, ao responder a questionamento da deputada Duda Salabert (PDT-MG), o ministério disse que o texto que regulamenta o Paes Pop Trans estava "sob análise interna" e que a a tramitação "requer ampla interlocução intersetorial e transversal". A pasta comandada por Padilha afirmou à parlamentar que "não há previsão para sua publicação".
 

A deputada Salabert disse à Folha que tem cobrado do governo a publicação da política.
 

"Em 2024, quando o programa foi lançado, nos alegramos muito com essa vitória, mas até agora não veio o mais importante: a publicação do decreto que dará início de fato à execução do Paes Pop Trans", diz. Para ela, o programa é uma essencial para garantir cuidados de saúde "adequados e dignos à população trans no Brasil".
 

"Como um grupo de pessoas historicamente vulnerabilizadas, essa política pública é também uma ação de equidade importante para que os serviços de saúde sejam prestados da melhor maneira, sejam em grandes ou pequenas cidades, sob a visão do SUS", afirmou a deputada.

Lula vai à França em visita de Estado para reforçar laços bilaterais e firmar declaração climática

  • Bahia Notícias
  • 03 Jun 2025
  • 17:12h

Foto: Fabio Charles Pozzebom/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca para a França entre os dias 4 e 9 de junho, para cumprir uma visita de Estado, a primeira realizada por um chefe de governo brasileiro em 13 anos.

A última foi em 2012, durante o governo Dilma Rousseff. A agenda é considerada estratégica para o fortalecimento das relações entre os dois países e deverá culminar na assinatura de 20 acordos bilaterais, com destaque para uma declaração conjunta sobre mudanças climáticas.

De acordo com o Itamaraty, entre os compromissos firmados com o presidente francês Emmanuel Macron, estão parcerias nas áreas de vacinas, segurança pública, educação, ciência e tecnologia. Também deverá ser anunciado um corredor marítimo descarbonizado e novos investimentos entre os países, cuja corrente comercial chegou a US$ 9,1 bilhões em 2024, representando alta de 8% em relação ao ano anterior. A França é o terceiro maior investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque superior a US$ 66,3 bilhões.

Além da cúpula bilateral, Lula será homenageado pela Academia Francesa, distinção histórica que até hoje só havia sido concedida a Dom Pedro II, em 1872. Ele também receberá o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Paris 8 e visitará a exposição do Ano do Brasil na França, no Grand Palais.

Durante a viagem, o presidente participará ainda do Fórum Econômico Brasil-França, de uma cerimônia oficial no Hotel des Invalides e da assinatura da certificação sanitária internacional que reconhece o Brasil como livre da febre aftosa sem vacinação, reforçando o status sanitário do país no comércio global de carnes.

A programação inclui uma visita à cidade de Toulon, onde Lula e Macron devem retomar o diálogo sobre o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (ProSub), iniciativa estratégica de defesa que envolve a cooperação militar entre Brasil e França.

PT baiano espera Lula e Jerônimo

  • Por Mauricio Leiro/Bahia Notícias
  • 28 Mai 2025
  • 12:18h

Foto: Agência Senado

A decantação do debate para a indicação dos nomes ao Senado no grupo governista, após as recentes declarações do senador Jaques Wagner (PT) e o ministro da Casa Civil Rui Costa (PT), permanece ocorrendo. Alvo direto das articulações, lideranças do PSD avaliam o futuro da relação com o grupo e apontam que a avaliação do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será preponderante para qualquer decisão. 

 

No entendimento de algumas lideranças do PSD, procuradas pelo Bahia Notícias, em condição de anonimato, a “reta de chegada” dos governos petistas na Bahia e no Brasil deve pesar na decisão de chancelar a candidatura a reeleição do atual senador Angelo Coronel (PSD). Com a avaliação questionada em recentes pesquisas, o entendimento dos integrantes do PSD é que se “Lula e Jerônimo não 'emplacarem' até 2026”, o partido pode ser convidado a participar da chapa, com Coronel. 

 

Se os nomes de Rui e Wagner foram dados como certos por ambos, em recente declaração a imprensa, a cúpula do PSD ainda aguarda um cenário mais concreto. “Caso o presidente [Lula] e Jerônimo [Rodrigues] não cheguem tão bem assim, vão precisar da gente para ganhar as eleições”, apontou uma das fontes ao BN. 

 

O senador Angelo Coronel (PSD), inclusive, comentou, em declaração exclusiva ao Bahia Notícias, o “lançamento” da chapa do grupo governista. O desenho da futura composição inclui o nome do governador Jerônimo Rodrigues (PT), em busca da reeleição, fechando uma chapa “puro-sangue” com três candidatos do PT. “Boa chapa. Cada partido tem o direito de indicar seus nomes para concorrer a qualquer cargo. Eu não sou PT, sou PSD”, disse ao ser questionado pelo Bahia Notícias.

 

O senador Otto Alencar, presidente estadual do PSD, tem indicado para a manutenção da aliança. “Então, o [Gilberto] Kassab nunca nos deu uma decisão inflexível. Cada estado tem um perfil diferente do outro. De tal forma que vai acontecer o mesmo em 2026. O candidato que vamos apoiar aqui tem um nome e também é muito amigo meu já há muitos anos, sendo o presidente Lula, Luiz Inácio Lula da Silva”, concluiu ele. 

 

A importância do PSD é notória, visando mais um mandato na Bahia. Se mantendo na liderança, o PSD elegeu 115 candidatos nas eleições municipais de 2024. Em 2020 a agremiação deixou as urnas com 107 prefeitos. Todavia, obteve um crescimento de 16,8% desde então, e começou 2024 comandando 125 cidades. O PSD vem se consolidando cada vez mais como um dos partidos mais fortes da Bahia, o partido também foi o que mais elegeu vereadores, chegando aos 932 edis eleitos. De acordo com levantamento realizado pelo Bahia Notícias, o número corresponde a 20,29% dos 4.593 vereadores vitoriosos no estado nas eleições deste ano.

 

O PSD é parte da base do governo Jerônimo Rodrigues e do Partido dos Trabalhadores, que elegeu 309 prefeitos, espalhados pelos municípios na Bahia. O que aponta o levantamento realizado pelo Bahia Notícias mediante os resultados das eleições municipais. Considerando os nove partidos da base, sendo eles PT, PV, PCdoB, Avante, PSD, Solidariedade, MDB, PSB e Podemos, e desconsiderando os posicionamentos pessoais dos candidatos, a base de Jerônimo controla 73% das prefeituras baianas.