Jack White encerra jejum de 10 anos com show poderoso no Lollapalooza Brasil 2015
- 29 Mar 2015
- 12:59h
(Foto: Reprodução Multi Show)
Há 10 anos, a relação de Jack White com o Brasil parecia de amor incondicional. Um show surpreendente em 2003, uma turnê arrasadora em 2005 e uma sólida base de fãs indicavam que o guitarrista tinha tudo para virar o Jimmy Cliff da vez. Afinal, White até se casou nas águas do Rio Negro, no Amazonas. Só que, desde de então, Jack passou a tratar os brasileiros com certa frieza, e não só o White Stripes nunca voltou para cá, como também não vieram os vários outros projetos do rapaz, que é uma espécie de "funcionário do mês" do rock deste milênio. Se a fome era grande, Jack tratou de saciá-la no Lollapalooza Brasil 2015. Em quase duas horas de show, o guitarrista uniu os vários pontos díspares de sua carreira num belo (e azulado) resumo, que fez o tempo com Meg, o The Raconteurs e a fase solo parecerem uma coisa só. Acompanhado de uma banda com técnica e capacidade de improviso absurdas, Jack parecia um maestro, guiando seus músicos de 2007 ("Icky Thump") a 2014 ("Lazaretto", "High Ball Stepper"), de 2006 ("Steady As She Goes") a 2003 ("Hotel Yorba") e 2001 ("Dead Leaves And The Dirty Ground"). O público, faminto, pedia nos gritos e nos cartazes - "Oh", "Oh", "Oh", "Oh", "Oh", "Oh", "Oh", "Ooh" - e "Seven Nation Army" veio no fim, enchendo os ouvidos que jejuaram por tempo demais.
Mais cedo, os palcos principais ficaram divididos entre o rock, a música eletrônica e a interseção dos dois gêneros. Se Skrillex e Robert Plant polarizaram a agressividade tecnológica da EDM e a força dos clássicos do Led Zeppellin, Kasabian e Alt-Jmostraram que os beats e as guitarras podem conviver muito bem juntos. No início da tarde, Fitz & The Tantrums e Banda do Mar fizeram ótimos shows para um público que ainda chegava ao Autódromo de Interlagos. No Palco Axe, a história do dia foi o cancelamento do show de Marina & The Diamonds, que deixou vários órfãos no Lolla. Headliner, o Bastille mostrou um show bem animado e bem mais completo do que singles como "Bad Blood" sugeriam, arrastando uma pequena e jovem multidão ao palco mais afastado do festival. A cantora St. Vincent foi destaque com uma apresentação performática e Marcelo D2 fez São Paulo vibrar com seu rap essencialmente carioca. No Perry, Major Lazer repetiu a apresentação deliciosamente "bagaceira" de 2012, agora em proporções muito maiores. Além disso, a latinidade do Ritmo Machine trouxe uma cor diferente ao centro da música eletrônica no festival, que esteve lotado durante todo o sábado.