DF tem 35 estupradores foragidos da Justiça há mais de 10 anos

  • São mandados de prisão pendentes de cumprimento que solicitam a captura de pessoas denunciadas por estupro. Caso mais antigo tem 21 anos
  • Jade Abreu/Metrópoles
  • 25 Mar 2024
  • 10:17h

Foto: Reprodução / Metrópoles

O caso Robinho voltou a ganhar repercussão internacional com a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que o ex-jogador poderia cumprir pena no Brasil pelo crime de estupro. Condenado a 9 anos de prisão, em 2022, pela Justiça italiana, o ex-atleta passou a ser considerado foragido pelo país europeu ao voltar a morar no Brasil.

Assim como Robinho, outros estupradores fogem da Justiça. No Distrito Federal, 35 criminosos dessa natureza são procurados há mais de 10 anos, com mandados de prisão expedidos. O Metrópoles consultou todos os 329 mandados de prisão abertos no DF há mais de uma década e os dividiu pela tipificação criminal.

Os dados são do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Assim como Robinho, outros estupradores fogem da Justiça. No Distrito Federal, 35 criminosos dessa natureza são procurados há mais de 10 anos, com mandados de prisão expedidos. O Metrópoles consultou todos os 329 mandados de prisão abertos no DF há mais de uma década e os dividiu pela tipificação criminal.

Os dados são do Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O segundo mandado de prisão por estupro em aberto há mais tempo é contra o lavrador Francisco das Chagas Borges da Silva. Ele é procurado desde 2007, também por ter abusado de uma pessoa em situação de vulnerabilidade. No mesmo ano e por igual crime, o baiano Manoel Messias de Sousa passou a ser procurado.

A pena máxima desse tipo de crime era de 10 anos. Ou seja, eles são procurados há mais tempo do que a própria punição.

O ano com mais criminosos foragidos há mais de uma década por estupro é 2013 – dos 35 casos, 23 são referentes a esse período, cerca de um por mês.

Em 2014, os números também são altos. Até 23 de março, quatro mandados foram expedidos contra estupradores.

O crime, infelizmente, não ficou restrito aos anos anteriores. Nesta semana, um menino de 10 anos foi abusado sexualmente por um estuprador em um banheiro químico situado na QR 110 do Recanto das Emas.

A criança precisará de acompanhamento psicológico e de atendimento por equipes do Conselho Tutelar. Até a última atualização desta reportagem, o criminoso não havia sido sequer identificado e seguia foragido.

Mais de uma acusação de estupro

Em 2003, quando a Justiça procurava por Ortêncio, o primeiro foragido do DF pelo banco de dados do CNJ, Robinho estampava os cadernos de esportes em todos os jornais. Naquele ano, o ex-jogador era apontado como a grande promessa do futebol brasileiro.

No ano anterior, com apenas 18 anos, os dribles dele chamaram a atenção na final do Campeonato Brasileiro, após o então atleta anotar dois gols e participar do terceiro no 3 x 2 do Santos contra o Corinthians.

Robinho foi contratado por clubes europeus e jogou pelo Real Madrid e Manchester City. No time inglês, enfrentou a primeira acusação de estupro, mas foi inocentado por falta de provas. A imagem do ex-jogador passou ilesa à época.

Foi somente nos últimos 10 anos que Robinho viu a vida mudar. O atleta passou a responder a um crime cometido em 2013, na boate Sio Caffé, em Milão, na Itália.

Por cerca de um ano, a Justiça italiana grampeava Robinho em conversas com amigos. Áudios de 2014 apontaram o envolvimento do então jogador em um estupro coletivo de uma mulher de origem albanesa. Outros quatro brasileiros também foram acusados na ocasião.

Nas conversas, Robinho debocha da vítima, lembrando que ela estava completamente bêbada. Em determinado momento, ele assume que tentou fazer sexo oral com a mulher, mas afirma que isso “não significa transar”.

Em 2022, o ex-craque foi condenado a 9 anos de prisão, em última instância, pelo crime de estupro coletivo. Ele já estava no Brasil, e a Itália pedia a extradição de Robinho.

A solicitação foi negada, e a Justiça italiana recomendou, então, que o ex-atleta cumprisse pena no Brasil. O caso tramitava no STJ desde então. Na quarta-feira (20/3), o órgão validou a sentença. No dia seguinte, o ex-camisa 7 da Seleção Brasileira foi detido e encaminhado para prisão em Tremembé.