Com títulos cancelados ou não transferidos, 80% dos jogadores da seleção não devem votar

  • Folhapress
  • 26 Set 2022
  • 20:10h

Foto: Lucas Figueiredo / CBF

No domingo (2), 156 milhões de eleitores têm o direito de ir às urnas escolher o próximo presidente do país, além de governadores, deputados e senadores. Na seleção brasileira, que faz nesta terça-feira (27) seu último amistoso antes da Copa do Mundo, porém, a eleição parece não existir.
 

Jogadores e comissão técnica evitam manifestações públicas de cunho político. Mesmo em ambiente privado, é raro alguém tocar no tema. A situação eleitoral entre os jogadores da seleção repercute isso: a maioria não deve ir às urnas em 2 de outubro.
 

O UOL apurou que, dos 26 convocados por Tite para a data Fifa atual, 21 têm títulos em domicílios fora da cidade onde vivem ou estão com o documento cancelado. O número equivale a 80% dos atletas.
 

Não há uma orientação oficial da CBF aos jogadores quando o assunto é política, mas os próprios atletas criaram uma espécie de pacto silencioso. A ideia é criar uma bolha para evitar possíveis divergências na reta final de preparação para o Mundial do Catar. O torneio começa em 20 de novembro; o Brasil estreia no dia 24, contra a Sérvia.
 

O atacante Raphinha, disse, durante a semana de treinamentos em Le Havre, antes da vitória por 3 a 0 sobre Gana, que, "assim como religião, no assunto política cada um tem a sua opinião". "A gente opta por não falar desses assuntos para não ter opiniões diferentes. Por mais que um respeite a opinião do outro, religião e política são assuntos que não têm que ser debatidos", disse.
 

O lateral Alex Telles vai na mesma direção. "Comigo, pelo menos, não teve nenhum assunto de política. Obviamente é um assunto importante, mas o nosso assunto principal aqui é a Copa do Mundo. A gente tem que deixar isso [política] de fora e focar no nosso trabalho, porque a Copa está aí, e todo mundo quer estar lá".
 

Antes da viagem para os amistosos contra Gana e Tunísia, o atacante Richarlison deu uma declaração que foi criticada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. "Hoje em dia o pessoal leva muito para o lado político. Isso faz a gente perder a identidade da camisa amarela e da bandeira", disse.