Abraji e Google publicam documentos em ferramenta que facilita investigação jornalística

  • Redação
  • 25 Ago 2021
  • 09:20h

Foto: Divulgação/Google

Duas grandes coletâneas de documentos de interesse público serão disponibilizadas mensalmente pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) no Google Drive para a pesquisa gratuita por meio do Pinpoint . A ferramenta possibilita a pesquisa inteligente em grandes volumes de arquivos, retornando rapidamente dados essenciais e relevantes para a busca.

O upload recorrente dos conteúdos para a nuvem, por parte da entidade, é fruto da parceria formalizada recentemente com a Google News Initiative (GNI) , anunciada na segunda-feira (23), durante painel exclusivo da 16ª edição do Congresso da Abraji , que contou com a participação de Marco Túlio Pires, diretor do Google News Lab no Brasil , e Reinaldo Chaves, coordenador de projetos na Associação.

Atualmente, o Pinpoint faz parte do Journalist Studio, suíte de aplicações da GNI projetadas para colaborar com o desenvolvimento de um ecossistema de notícias ainda mais qualificado. Tem a proposta de otimizar a rotina nas redações e o tempo dos profissionais de imprensa.

“Queremos ao mesmo tempo facilitar o acesso a essas informações e também permitir que as pessoas possam usar todas as grandes funcionalidades do Pinpoint, como pesquisar rapidamente e facilmente em milhares de documentos por entidades como pessoas, empresas/organizações e localizações. Sem dúvida isso poderá ajudar muitos jornalistas brasileiros”, explicou Reinaldo Chaves.

Pinpoint

O Pinpoint chegou ao País no final de 2020, junto ao Journalist Studio, com a pretensão de oferecer mais tempo e espaço para que os profissionais de imprensa fiquem concentrados em encontrar e relatar histórias de interesse dos cidadãos, de forma segura e com as melhores narrativas.

O sistema auxilia os repórteres a examinarem rapidamente centenas de milhares de documentos, inclusive aqueles disponibilizados por jornais tradicionais e empresas de comunicação, como o The New York Times e o The Guardian. Eventos, fatos, nomes de indivíduos, instituições e ambientes/regiões registrados nesses papéis digitais são identificados, organizados e confirmados automaticamente pela plataforma.

“O diferencial do Pinpoint é que ele usa o mesmo motor de inteligência artificial da busca do Google pra identificar automaticamente as pessoas, os locais e até as empresas mencionadas nos documentos e nos áudios. Ou seja, você vai poder cruzar e encontrar numa fração de segundo todas essas informações, em centenas ou milhares de arquivos ao mesmo tempo. Muitas redações já estão usando o Pinpoint ao redor do mundo, e o Boston Globe recentemente ganhou um pulitzer com uma matéria que usou o Pinpoint durante a investigação”, acrescentou Marco Túlio, ao longo do Painel.

Aprendizado de máquina

O super utensílio de averiguação de dados em diversos formatos utiliza o aprendizado de máquina para imprimir resultados relevantes após a análise de enormes quantidades de títulos. O Pinpoint faz a triagem automática após sincronização dos conteúdos e inicia a marcação inteligente de referências para buscas rápidas, até mesmo a partir da transcrição de gravações.

No lugar do famoso comando “Ctrl + F”, atalho para a caixa de pesquisas em documentos, os profissionais terão ajuda para uma utilização melhorada dos mecanismos da pesquisa do Google e do Mapa de Informações , com o reconhecimento óptico de caracteres e as tecnologias de fala para texto, para escanear PDFs digitalizados, imagens, e-mails, arquivos de áudio e até manuscritos arquivados no Google Drive. A ideia é tornar o processo de investigação de dados mais fácil e com menos risco de assimilação de informações falsas.

A análise dos materiais também pode ser feita em outras línguas, como o inglês, o espanhol, o francês, o italiano e o polonês. A tecnologia funciona para os uploads feitos pelos próprios usuários em suas pastas na nuvem.

Jornalismo investigativo

O Pinpoint já se provou útil para projetos de investigação, como o relatório do USA TODAY sobre 40.600 mortes relacionadas ao Covid-19 em lares de idosos, o Reveal’s Look sobre o “desastre de teste” do COVID-19 nos centros de detenção da Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), bem como um artigo do Washington Post sobre a crise de opióides.

A velocidade do Pinpoint também ajudou os repórteres em projetos de curto prazo, como o exame do Rappler, com base nas Filipinas, dos relatórios da CIA da década de 1970 e situações de notícias de última hora, como a verificação rápida dos fatos do Verificado MX, com base no México, das atualizações diárias da pandemia do governo.