Brumado: A Pandemia, a Folia e a Insanidade

  • Daniel Simurro
  • 11 Ago 2021
  • 10:52h

(Foto: Ilustrativa)

Num mundo cada vez mais insano, onde a lucidez deveria ser uma referência, o que vemos é o despertar das síndromes, de uma Burnout que desestimula, de uma violência atroz que dilacera os lares e de uma procura desesperada pela felicidade que, cada vez mais, parece confinada à eterna efemeridade.

Então, nesse contexto, a sanidade chega a ser utópica, pois por nada se perde o equilíbrio, que faz os abismos entre as nossas esperanças e a nossa realidade ser ainda mais profundo. Então uma nova lógica coletiva pode estar sendo inaugurada que é a da “insanidade sã”, já que o mundo atual faz com que admitamos que a ansiedade, o medo, as incertezas, a tristeza, o ódio e tantas outras adversidades nos conscientizem que somos simples seres humanos.

Brumado acabou entrando nesse ambiente essa semana, já que o anúncio da possibilidade da realização da festa momesca fez com que muitos ficassem motivados a desfrutarem do reino da alegria.

Só que não existe a mínima lógica para tal “insanidade”, pois, primeiramente o prefeito municipal, defensor intrasigente da austeridade, sempre se mostrou avesso ao Carnaval e quando o fez, foi, ao que tudo indica, para obter ganhos eleitorais, então, partindo desse pressuposto, a realização do carnaval em 2022 seria uma afronta ao racional.

Que o brumadense gosta da folia isso é inegável, tanto que o município ostentou por muito tempo o título de melhor carnaval do interior baiano, mas, em tempos de pandemia e suas variantes implacáveis, se anunciar a realização da festa seria zombar das famílias e dos seus entes queridos que se foram.

Infelizmente, para os que ainda esperam estar sãos, ainda não é tempo de alegria plena, pois, por mais que a morte venha sendo banalizada, não se pode vulgarizá-la, como se nada tivesse acontecido e os Ubiratans, os Clementes, os Jurassis, os Jonas e tantos outros que se foram sejam apenas partes do passado.

A alegria tem que ser buscada sim, pois a vida está tão dura que ter que ser contrabalanceada, temos sim que nos alegrar, mas com a devida medida existencial, mas se realizar um carnaval após esse período tão nefasto que ainda nem acabou, seria realmente um atestado de insanidade brutal.

No fundo é uma discussão inócua, que surgiu na mente nervosa de um midiático provocador que gosta de “ver o circo pegar fogo” e depois sair correndo como um menino malino se deliciando com as chamas ardendo.

Muitos são apaixonados pela “festa da carne” e isso têm que ser levado em conta, mas num momento como esse seria assumir a postura de um pandego e “bater palma para maluco dançar”. Então quem sabe, por que não, em 2023 ou 2024, onde, provalmente a pandemia já acabou e aí, se poderá comemorar, pois como diz o poeta "a vida continua".