Coletivo de editoras baianas incentiva valorização da leitura e do mercado local

  • Vitor Rosa
  • 23 Dez 2020
  • 10:40h

(Foto: Reprodução)

Com objetivo de valorizar do mercado literário na Bahia, o Coletivo de Editoras Baianas promove uma série de ações para fortalecer o cenário no estado e manter a média de publicações de autores locais. Formado pelas editoras Caramurê, Casarão do Verbo, Duna, Ogum’s Toques Negros, Mondrongo, Paralelo 13S, Pinaúna, P55, Segundo Selo/Organismo e Solisluna, o coletivo planeja ações para difundir e ampliar o alcance dos livros produzidos na Bahia, visando fortalecer o mercado editorial. De acordo com o editor da Caramurê, Fernando Oberlaender, é importante que editoras locais se unam, principalmente em um período dificultado pela pandemia do novo coronavírus. “Essa união pode mostrar para população que elas [editoras] estão fazendo um trabalho relevante”, pontua. A importância do coletivo também é destacada pela coordenadora da livraria Boto-Cor-de-Rosa e do selo Paralelo 13S, Sarah Rebecca Kersley. Livreira britânica radicada na Bahia, Sarah acredita que unidas as editoras conseguem mostrar aos leitores, de maneira eficiente, o que está sendo produzido no estado.

Campanha de Natal

O grupo de editoras criou a campanha de Natal ‘Livro é o melhor presente! É para sempre!’, que busca incentivar o movimento do mercado literário local através do livro como presente.

Sarah frisa a importância da campanha para que as pessoas possam procurar e conhecer os livros publicados pelas editoras baianas.

“Existem livros excelentes nos catálogos das editoras do coletivo, além de uma variedade enorme, com livros de escritores de diversas origens, idades, e estilos”, diz a coordenadora da Paralelo 13S.

Além de conhecer as editoras baianas, a campanha também incentiva a leitura. Para Valéria Pergentino, da Solisluna Editora, apesar da pandemia da Covid-19 trazer uma dificuldade para o mercado, o período de isolamento também aproximou ainda mais o leitor do hábito frequente de leitura.

“O livro, patrimônio cultural que acompanha o desenvolvimento da humanidade ao longo de sua história, tem sido um grande aliado nesta travessia dos tempos difíceis de isolamento que estamos vivendo.Tem sido um amigo que nos faz companhia, preenche nossos vazios e nos alimenta de conhecimentos. Esta amizade com os livros é um direito de todos! Neste Natal dê um livro-amigo de presente”, enfatiza Valéria.

Apesar da campanha ser lançada com objetivo de incentivar o objeto livro como presente de Natal, o editor da Caramurê, Fernando Oberlaender, acrescenta que é uma campanha atemporal.

“A campanha é para o ano todo. A ideia é fazer a população entender o livro como um objeto, como um bom presente, para ter em casa. Ou seja, fazer a valorização do objeto livro como algo para ser ter para a vida inteira e que marca nossa vida”, frisa Fernando.

Editor da Caramurê, Fernando Oberlaender destaca que campanha é para o ano todo | Foto: Márcio Garcez | Instituto Marcelo DedaEditor da Caramurê, Fernando Oberlaender destaca que campanha é para o ano todo | Foto: Márcio Garcez | Instituto Marcelo Deda

Fim da Corrupio

Após 41 anos de funcionamento, a editora Corrupio, que também fazia parte do Coletivo de Editoras da Bahia, encerrou suas atividades em 2021.

Em entrevista para o caderno Muito, a fundadora da editora - que iniciou as atividades em 1979 -, Arlete Soares, de 80 anos, disse que “tudo que começa tem fim. Entre o começo e o fim, você constrói uma história”.

A editora iniciou com objetivo de publicar obras do fotógrafo e etnólogo francês Pierre Verger no Brasil, já que o artista era amigo de Arlete. Em 1980, foi lançado o livro ‘Retratos da Bahia’, com fotografias feitas por Verger no período de 1946-1959. Também neste ano que Rina Angulo, 75, natural de El Salvador, assumiu o comando da livraria da editora e posteriormente virou sócia.

Rina Angulo e Arlete Soares mantiveram a editora Corrupio por 41 anos | Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDERina Angulo e Arlete Soares mantiveram a editora Corrupio por 41 anos | Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

Ainda em entrevista para a revista Muito, Arlete Soares e Rina Angulo informaram que o fechamento da Corrupio já estava no planejamento e que vão seguir com novos projetos.

“Eu quero agradecer muitíssimo a todo o pessoal que passou pela Corrupio, todos os colaboradores, somos amigos de todos eles, aos nossos clientes e um salve para os autores da Corrupio. Nunca tivemos disputas, nada, sempre foi tudo de uma amorosidade incrível. E me orgulho muito de ter publicado autores tão importantes. A Corrupio não tem um grande catálogo, mas todo o catálogo da Corrupio é precioso. Aqueles livros precisavam acontecer, eles precisavam existir”, agradeceu Arlete.

“Eu sou grata a Arlete primeiro, porque me chamou para trabalhar, e também a todas as pessoas que passaram por aqui. A imprensa sempre nos tratou muito bem. E a Corrupio foi constituindo um catálogo muito forte, que é referência. Então, a gente foi muito agraciada pelas pessoas que trabalharam conosco, os funcionários, os leitores. Eu acho que a gente fez uma bela carreira. E o mais importante, Arlete e eu nunca brigamos como sócias. Como amigas podemos já ter brigado, mas como sócias, jamais”, completou Rina.