Eleições 2020: Licínio de Almeida tem candidato único; mas mesmo assim ele diz que irá fazer campanha apesar de precisar apenas de 1 voto

  • Levi Vasconcelos
  • 05 Out 2020
  • 14:27h

(Foto: Reprodução BA)

Licínio de Almeida, único município que tem candidato único na Bahia, não vive essa situação por obra do acaso. O município, lá longe, perto da divisa com Minas, a 745 km de Salvador, com pouco mais de 12 mil habitantes, é o campeão baiano do Ideb da educação básica, com 8.1, algo fantástico. A maioria é abaixo de 5.0.

Créditos para o ex-prefeito Alan Lacerda, que lá um dia baixou o decreto que obrigou servidores municipais, incluindo secretários e ele, a matricular seus filhos na rede pública.

Também lá, outro dia, coisa de 10 anos atrás, Alan queria inaugurar um PSF (posto de saúde da família). O jovem médico Frederico Vasconcellos (foto), de Cantagalo, interior do Rio de Janeiro, recém-formado e procurando emprego, soube da vaga por um colega. Foi e ficou.

Jeito próprio

Ficou e fixou jeito próprio: tá na frente, é gente que pode ser paciente sem distinção de cor, raça, religião ou preferência política, nas casas e na roça, até de moto. Em 2016 o povo impôs o jovem carioca. Ganhou pelo PCdoB – partido de Alan, de Cosme (DEM), com de 3.856 votos (5,81%) a 3.586.

Como prefeito, dr. Fred manteve o jeito, e acrescentou: quase sempre anda só, trabalha sério num lugar pobre, área de seca, faz muitas aguadas, ouve o povo, corrige erros, faz obras.

O senhor fez novo decreto para obrigar servidores a botar os filhos na rede pública?

— Não, não precisa. Aqui não existe mais escolas particulares. Todas fecharam.

O senhor tem adversários?

— Só ideológicos. Pessoais, nenhum. Nem eles.

Obrigação maior

Diz dr. Fred que o fato de ser candidato único não lhe sobe à cabeça, pelo contrário:

— A responsabilidade é muito maior. Vou fazer campanha normal, ir a todos os lugares. Seria um erro primário eu achar que o povo tem a obrigação de votar em mim.

Mas dr. Fred, já por hábito, mantém as regras do isolamento, 95% das vezes anda sozinho, com uma vantagem: a campanha sai baratíssima.

No Brasil, além dele, há mais 27 candidatos únicos.