‘Machismo está entranhado na política’, afirma Lídice após ataques a jornalista

  • Redação
  • 14 Fev 2020
  • 09:19h

Relatora da CPMI das Fake News, deputada diz estar "indignada" com os insultos e ofensas de cunho sexual sofridos por Patrícia Campos Mello | Foto: Daniel Simurro

A deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da CPMI das Fake News, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo estar “indignada”, mas não surpresa, com os insultos e ofensas de cunho sexual sofridos pela jornalista Patrícia Campos Mello [da Folha], na terça-feira (11), no Congresso. Entre outras mentiras ao colegiado, Hans River do Rio Nascimento, ex-funcionário da agência de marketing digital Yacows, disse que Patrícia se insinuou sexualmente para obter informações para a reportagem em que revelou fraudes em CPFs para disparos em massa de mensagens pelo WhatsApp nas eleições de 2018. “Essa coisa do machismo é tão entranhada, tão enraizada de forma tão forte na política”, afirma Lídice. “Está tão incorporado à cultura deles que eles não percebem. E outras vezes fazem com interesse mesmo perverso de desqualificar.”

Chamada de “menina” durante depoimento, a parlamentar defende prorrogar prazo de comissão que investiga fake news na eleição presidencial de 2018.

De acordo com a Folha, as acusações falsas de Hans encontraram respaldo em congressistas aliados a Jair Bolsonaro, entre eles o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Eduardo ajudou a reproduzir e disseminar as mentiras contadas pelo ex-funcionário da Yacows aos membros da comissão.

“Ele [Hans] já chegou com uma predisposição. A fala do líder do PSL [na Câmara, Eduardo Bolsonaro] foi toda acusatória à jornalista”, afirmou Lídice à publicação.

“E, posteriormente, a fala de agressão a ela mais explícita, usando a insinuação maldosa, sórdida feita pelo depoente, demonstra esse nexo entre o depoimento e o que estava se armando para repercutir. Mentir numa CPMI é um crime, é grave. É perjúrio.”

Na entrevista, a deputada disse que vai propor a quebra de sigilos bancário e telefônico de Hans. “Também. Mas nós vamos focar na empresa.”

Sobre a necessidade de acionar o Ministério Público, ela afirmou: “Para não deixar passar muito tempo, para não dar essa impressão de que a CPMI não reagiu. Para não dar essa ideia de que quem quiser pode chegar aqui e fazer do jeito que quiser. Não pode ser assim. Há regras”.

“Um cenário é o de chegarmos até o dia 13 de abril com o relatório pronto, e teremos ênfase na recomendação de projetos de lei”, diz a deputada acerca do resultado que ela espera da CPMI