DPT usa plataforma para reconhecimento de suspeitos por voz

  • 19 Fev 2017
  • 15:11h

O Departamento de Polícia Técnica (DPT) tem utilizado Fonética Forense para examinar arquivos de áudios compartilhados pelo aplicativo de mensagens WhatsApp, que vem sendo utilizado por suspeitos para comunicação e difusão de boatos. O trabalho é realizado pela Coordenação de Perícias em Audiovisuais do DPT, por meio de uma plataforma desenvolvida pelo Departamento de Fonética da Universidade de Amsterdã (Praat). De acordo com a perita criminal do DPT, Zidalva Moraes, especialista em fonética forense, a investigação fonética é dividida em etapas: verificação de edição de áudio com apoio de programas de computador e comparação do locutor através da plataforma, que analisa atributos específicos, como comprimento, formato e amplitude do som, e verificação perceptual. “A qualidade vocal é única, assim como a impressão digital”, aponta Zidalva. Ela acrescenta que para a identificação do suspeito e da facção criminosa à qual ele pertença, observa-se “a forma de falar, as gírias, o sotaque e todo o dialeto”. A apuração auditiva é feita em ambiente silencioso para garantir a confiabilidade do áudio e o exame, com suas diversas fases, levam em média 45 dias para ser concluído.

Segundo Zidalva, apesar da lei permitir que o laudo seja assinado por apenas um perito, todos os documentos são revisados por outro profissional no DPT. De acordo com o diretor do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (DIP), delegado Ivo Tourinho, a perícia fonética consegue atestar a autoria de determinado áudio, ligando-o ao suspeito. “O laudo emitido pelo DPT é uma prova objetiva. Com ele, a Polícia Civil pode responsabilizar o criminoso pelo conteúdo difundido”, frisou o delegado, observando que o documento pode ser utilizado em juízo.A partir de 2008, a Coordenação de Perícias em Audiovisuais deixou de analisar apenas arquivos de áudio e passou a investigar fotografias e arquivos de vídeo. “Hoje, quase todo mundo tem celular com câmera fotográfica e produz imagens nem sempre boas, que precisam ser examinadas e ter inclusive a qualidade melhorada pelo DPT”, aponta Zidalva. O exame de comparação ou reconhecimento facial dura cerca de 15 dias, o que exige, em alguns casos, a visita ao local do crime pelo perito.