Saliva do mosquito pode aumentar severidade da dengue, diz novo estudo

  • 19 Jun 2016
  • 18:04h

(Foto: Reprodução)

A saliva do mosquito Aedes aegypti pode ter um papel importante na gravidade da infecção por dengue, de acordo com um novo estudo feito por cientistas da Bélgica e dos Estados Unidos. Segundo o estudo, publicado na revista científica PLOS Pathogens, a presença da saliva do mosquito acelera o alastramento do vírus no corpo do paciente. Ao inocular o vírus em camundongos, os cientistas descobriram que a presença da saliva do mosquito enfraqueceu os vasos sanguíneos, tornando-os mais permeáveis. Ao facilitar as trocas entre os vasos sanguíneos e outros tecidos do organismo, a saliva pode ajudar o vírus a se espalhar mais rapidamente, aumentando a severidade da doença, segundo os autores do estudo. "Moléculas presentes na saliva do mosquito podem modificar e modular o processo de infecção", disse uma das autoras do estudo, a virologista Eva Harris, da Universidade da Califórnia em Berkeley (Estados Unidos). Ela explicou que a ação da saliva do mosquito já foi bem estudada em outras patologias virais, como a doença do Oeste do Nilo, mas ainda não havia sido investigada na dengue. 

De acordo com Eva, o vírus da dengue infecta quase 400 milhões de pessoas anualmente em todo o mundo. No experimento, a equipe de cientistas inoculou o vírus com saliva - e também o vírus e a saliva isoladamente - em camundongos com infecção primária e secundária de dengue. Em infecções primárias, a severidade da doença não teve alterações e os sintomas foram leves. Mas, em infecções secundárias, a combinação do vírus e da saliva foi letal para mais da metade da população de camundongos. Sem a saliva, a mortalidade foi bem mais baixa, mesmo em infecções secundárias. Os cientistas então fizeram um experimento para rastrear o alastramento do vírus no sistema circulatório. Na orelha de camundongos, uma molécula do tamanho do vírus da dengue se moveu mais rápido e chegou mais longe quando foi inoculada junto com a saliva do mosquito. No laboratório, os cientistas usaram também células endoteliais humanas - que recobrem a parte interna dos vasos sanguíneos - e observaram que elas ficaram mais permeáveis com a presença da saliva do mosquito.