Maetinga: Cidade tem a maior taxa de estupros do interior da Bahia

  • Correio 24h
  • 25 Abr 2016
  • 10:51h

(Foto: Reprodução)

Se considerados todos os municípios baianos, a maior taxa de estupros para cada 100 mil habitantes é de Maetinga, no Centro-Sul. Com pouco mais de 5 mil habitantes e oito casos registrados na delegacia local no ano passado, o município ganhou uma taxa de 154,6 casos. É oito vezes maior do que a taxa de Salvador, de 18,1. Marlene Porto, assistente social da prefeitura,  afirma que foram registrados pouco mais de cinco casos e que, na maioria deles, os agressores são próximos. “Tivemos casos graves, dois envolvendo pais ou irmãos das vítimas, e precisamos realmente de ajuda com isso”, citou. A conselheira tutelar Vanessa Fernandes alega não ter acompanhado os casos do ano passado, já que assumiu o cargo em 2016, mas disse perceber que a maioria das vítimas é criança. “Não sei dizer o que motivou, mas realmente teve um número alto”. Em 2014, não houve nenhum registro na cidade. Este ano, o Conselho Tutelar já atua sobre uma denúncia de uma criança que teria sido estuprada pelo vizinho.

 

 

Em números absolutos, Maetinga se iguala, em 2015, a outras 11 cidades: Barra do Choça, Itarantim, Livramento de Nossa Senhora (Centro-Sul), Campo Formoso, Jacobina, Ruy Barbosa, Santa Bárbara (Centro-Norte), Ubaitaba (Sul), Vera Cruz (RMS), Maragojipe (Recôncavo) e Euclides da Cunha (Nordeste). A delegacia de Metinga foi procurada, mas o delegado titular, Francisco Tadeu Rodrigues, disse não ter autorização para falar dos casos por telefone. Já o coordenador da 20ª Coorpin (Brumado), Leonardo Rabelo, disse que só poderia falar sobre o assunto com autorização do delegado-geral da Polícia Civil, Bernardino Brito Filho.

Câmara vai à SSP cobrar contratação para o Viver
No início do mês de abril, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Câmara Municipal de Salvador, fez uma visita ao serviço Viver, que atende a vítimas de violência sexual no estado. O serviço, que funciona na sede do Departamento de Polícia Técnica e é vinculado à Secretaria da Segurança Pública (SSP), faz cerca de 50 atendimentos por mês e funciona em horário administrativo. Segundo a vereadora Aladilce Souza (PCdoB), presidente da comissão, o que dificulta o pleno funcionamento do Viver é a carência de pessoal. Ela disse que a comissão está produzindo um relatório, que será enviado ao secretário Maurício Barbosa, solicitando o fortalecimento do serviço. “As instalações no IML são muito boas, as condições de trabalho, tudo é de primeira. Nós identificamos que as equipes são multifuncionais, porque lá funciona assistência jurídica e social, psicólogos, enfermagem, e percebemos também um grande envolvimento da equipe. Dá pra dizer que é um serviço imprescindível e que o problema é a carência de pessoal”, disse. A vereadora Kátia Alves (DEM), que faz parte da comissão e que idealizou o Viver, em 2001, também participou da visita ao serviço e lembrou que ele já chegou a funcionar 24 horas por dia. Durante a visita, foi constatado que o serviço está sem recepcionista e, a partir de maio, não deverá mais contar com um advogado na equipe. Em dezembro de 2015, quando o CORREIO publicou o especial O Silêncio das Inocentes, havia 26 servidores trabalhando, com a previsão de contratação de mais 17 até fevereiro, numa tentativa de reestruturar os atendimentos.