Qual o valor que você dá para honestidade em sua vida?

  • por Samy Dana
  • 17 Jan 2016
  • 08:01h

(Foto: Reprodução)

Qual é a referência que você usa para definir sua honestidade? Quando pensamos em dinheiro e princípios, nossos posicionamentos podem mudar bastante de acordo com a nossa distância da origem dos recursos. Nossa capacidade de racionalização nos leva a olhar para nós mesmos como pessoas honestas e de boa índole e ao mesmo tempo levar vantagem em situações desonestas. O economista comportamental Dan Ariely propõe uma discussão sobre isso e traduz como isso acontece em situações cotidianas. Um exemplo clássico é o caso do garoto que volta da escola com uma notificação de que roubou um lápis de um colega. Ao tomar conhecimento da situação, o pai fica furioso e o coloca de castigo, reforçando que ele jamais deveria ter roubado o lápis do colega. Em seguida, acrescenta: "Se você precisava de um lápis, poderia ter mencionado. Eu traria dúzias de lápis do escritório para você". 

 

Pois bem, assim como o exemplo dado por ele, pense nas vezes em que pagou meia entrada no cinema com uma carteirinha de estudante falsa. Se alguém lhe questionasse sobre isso, você usaria a desculpa que o valor da inteira é abusivo e acharia isso suficiente para justificar sua burlada. Em geral, buscamos justificativas que façam sentido e que sejam capazes de encobrir o erro a ponto de continuarmos nos enxergando como pessoas corretas. E como disse acima, quanto maior o nosso distanciamento da origem do dinheiro, mais este aspecto se acentua. Você se sentiria mal se fosse embora de um restaurante sem pagar a conta. Por outro lado, os mesmos valores que te impedem de fazer isso, não são suficientes para te impedir de fazer downloads ilegais de filmes, músicas e livros, por exemplo. Em palestra sobre o tema, o economista menciona um interessante estudo sobre o tema, o qual mostra que quando a moral é evocada de uma alguma maneira, ainda que não seja o nosso próprio código moral, tendemos a ficar mais vigilantes quanto às nossas posturas e nos damos menos espaço para atitudes desonestas. Cerca de 500 estudantes da UCLA, em Los Angeles, foram orientados a lembrarem-se dos dez mandamentos. Logo em seguida, foi dada a eles a oportunidade de trapacear, mas eles não o fizeram. Pode soar como clichê, mas esta reflexão vem a calhar com o nosso contexto político e econômico. Estamos constantemente reclamando do excesso de corrupção em nosso país, mas temos o hábito "cultural" de tentar levar vantagem sempre que possível. Se prezamos por nossa honestidade, não adianta tentar encobrir os "deslizes" do cotidiano. Errar é humano, mas sempre há tempo de mudar.