Seca deixa um terço da Bahia em situação de emergência

  • 13 Nov 2015
  • 12:04h

(Foto: Reprodução)

Pelas estradas vicinais e acessos aos povoados, vilas e distritos dos 144 municípios afetados pela seca na Bahia e que estão em situação de emergência, o tráfego mais comum tem sido o de caminhões do Exército transportando água para as localidades onde já não há qualquer outra forma de abastecimento à população. São 1.100 veículos que diariamente percorrem açudes, pequenas barragens, aguadas e tanques instalados nas sedes municipais  em busca de água para abastecer a população. Em todo o estado, segundo as últimas informações da Defesa Civil, são 1,5 milhão de pessoas que estão afetadas diretamente com a seca, sem água e com dificuldades na aquisição de alimentos. As perdas na agricultura chegam a 90% da produção nas regiões Sudoeste, Microrregião de Irecê e entorno do Lago de Sobradinho. Na pecuária, essas perdas são superiores a 60%.  Além dos 144 municípios  em situação de emergência , outros 20 estão aguardando a homologação de decreto, e 51 foram afetados  com os incêndios nas matas, também decorrentes da prolongada falta de chuvas. O que tem garantido a sobrevivência da população nas áreas mais afastadas das sedes dos municípios são os programas sociais do Governo Federal, como o  Programa Bolsa Família. Segundo a Defesa Civil, não tem havido êxodo rural para outros estados, mas muita gente tem se concentrado nas cidades em busca de algum tipo de atividade, já que no campo a atividade agropecuária praticamente deixou de existir nesses últimos meses. “É uma situação crítica com uma seca que persiste desde 2012”, diz o coordenador de Ações Estratégicas da Defesa Civil do estado, Paulo Sérgio Menezes. Menezes, que chegou ontem de Brasília onde esteve reunido com dirigentes da Agência Nacional de Água e do comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, disse que a situação é alarmante principalmente no Sudoeste do Estado, Microrregião de Irecê e região do Lago de Sobradinho. “Nessas três áreas todos os municípios estão em situação de emergência”, disse.

 

Ações emergenciais
Somente com contratação de carros-pipas a Defesa Civil Nacional tem gasto R$ 87 milhões mensais pára atender aos municípios da região nordeste e Norte de Minas gerais. Na Bahia são 1.100 caminhões do exército nessa tarefa de pegar água dos reservatórios e transportá-las para as comunidades das sedes e zonas rurais dos municípios em situação de emergência. Além dessa ação, a Defesa Civil do Estado tem realizado convênio de R$ 50 mil mensais com as prefeituras para a contratação de mais caminhões-pipas. O Governo do Estado também recebeu R$ 16 milhões do Governo federal para a perfuração de poços artesianos que vão beneficiar, em, caráter de emergência, 110 localidades da zona rural dos municípios mais afetados. A primeira região a ser beneficiada é a Sudoeste, onde todos os 40 municípios estão em situação de emergência. A presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Maria Quitéria Mendes, diz que o momento é preocupante. Na última semana, a UPB conversou diretamente com a presidente Dilma Rousseff (PT) e fez um apelo para que o Ministério da Integração Nacional (MI) mantenha os recursos para socorrer os municípios na seca. Ontem o Ministério da Integração nacional decretou situação de emergência em 15 municípios de regiões cortadas pelo Rio São Francisco na Bahia  por conta da seca. Com o decreto, as cidades poderão receber recursos da União para enfrentar a estiagem. O decreto atinge uma população de 223,3 mil pessoas que vivem nesses 15 municípios. As cidades que tiveram o decreto homologado pelo Governo Federal são Campo Alegre de Lourdes, Canudos, Casa Nova, Cocos, Curaçá, Glória, Juazeiro, Paulo Afonso, Pilão Arcado, Remanso, Rodelas, Sento Sé, Sobradinho, Uauá e Wanderley.