Covid-19: Em meio a alta de casos, Conselho de Saúde defende adoção de mais restrições

  • por Vitor Castro / Nuno Krause
  • 11 Jan 2022
  • 09:01h

Foto: Reprodução / Paula Fróes / GOVBA

Em meio a uma pandemia de Covid-19 e diversos surtos de gripe (H3N2) no estado, um sinal de alerta se acende para os poderes públicos. A segunda-feira (10) foi marcada por uma série de anúncios, a nível municipal e estadual, visando frear o avanço das contaminações pelo SarsCov2. Diante deste cenário, o Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES-BA) demonstra preocupação e defende a adoção de medidas mais restritivas. 

 

Para o presidente do CES, Marcos Sampaio, o momento é considerado crítico. De acordo com ele, o número de pessoas que estão aguardando regulação para leitos, além dos indicadores de ocupação destes já demonstram a necessidade de recuo nas medidas de flexibilização. 

 

“Um momento muito crítico. Os indicadores, em alguns aspectos, são piores do que no início da pandemia. Estamos vivendo, em minha opinião, uma quarta onda, e precisamos ter muita atenção. O indicador mais importante neste momento está sendo as portas de entrada dos atendimentos de urgência e emergência, tanto públicas quanto privadas. O tempo de espera. Os trabalhadores começam também a dar sinais de cansaço”, avaliou. 

 

Nesta segunda, o secretário da Saúde de Salvador, Léo Prates, afirmou que a cidade "não vai comportar" a alta demanda de pacientes do interior do estado que vêm se tratar na capital. "Eu fui diretamente nas UPAs, funcionando aos fins de semanas, os multicentros, a vacinação. Precisamos que todos façam esforço, governo federal, do estado, as prefeituras, porque sozinhos não vamos suportar. A gente ouve falar que o Ministério [da Saúde] quer reduzir o financiamento para as prefeituras. Seria o colapso final do Sistema de Saúde, porque a maioria não vai suportar", disse (relembre aqui). 

 

O prefeito Bruno Reis, por outro lado, destacou que a capital tem realizado "uma série de manobras" para evitar problemas, e garantiu que, "neste momento, não há como ter um colapso no Sistema de Saúde". Na opinião do gestor, colapso significa "fechar a porta da UPA [Unidade de Pronto Atendimento] e deixar de atender".

 

De acordo com o último boletim epidemiológico emitido pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), nesta segunda-feira (10) a Bahia registra uma taxa de ocupação de 44% nas enfermarias adulto, 68% nas enfermarias pediátricas. Já as unidades de tratamento intensivo (UTIs) têm uma ocupação de 83% na pediátrica e 63% na adulto. 

 

Para o presidente do Conselho Estadual de Saúde, estes são dados alarmantes. “Se a gente for pegar os dados, e pegar os critérios que foram utilizados anteriormente, o próprio dado já diz qual é a etapa que devemos entrar. Eu comemorei essa coerência no decreto diminuindo o número de público nos eventos (entenda aqui). Mas 3 mil pessoas ainda é um número muito grande. Eu acho que precisa unificar as decisões”, comentou.

 

Ainda de acordo com Marcos Sampaio, a falta de alinhamento entre governo estadual e municipal, podem trazer resultados negativos no futuro. “O que temos sentido falta é de que não dá para trabalhar somente com os indicadores da Covid. Precisamos trabalhar com os indicadores das síndromes gripais. Uma pessoa que estiver gripada com H3N2 e tomou duas ou três doses da Covid pode entrar em qualquer espaço. Não existe ainda um critério. Medidas mais duras de restrições devem sim ser tomadas, ampliadas. Não sei se seria o momento de lockdown, mas medidas mais duras precisam ser sinalizadas. Você tá vivendo três ondas. Covid, Síndrome de Gripe e H3N2. Precisa tratar e criar medidas de restrição para esses cenários. Não adianta exigir o passaporte de vacina e ter uma pessoa que viaje gripada em um ônibus, entre em um estabelecimento público, por exemplo”, defendeu.

 

Para Sampaio, ainda não é o momento de suspender completamente as atividades, mas sim de reduzir gradativamente, do mesmo modo que estas foram flexibilizadas.

 

“Você foi flexibilizando de forma coordenada, então precisa fazer um plano coordenado de medidas. Não dá para chegar e fechar tudo, também porque precisamos nos preocupar com economia. Agora, não dá para dizer que não terá a lavagem do Bonfim, como é o caso de Salvador, mas nenhuma festa paga foi interrompida. Não dá para criar essa ideia de que para os pobres as medidas são duras, de evitar a mobilidade das pessoas. Mas os mais ricos da cidade, que podem pagar ingresso, com alto índice de acometimento dos próprios artistas. Precisa-se criar medidas para que pessoas com síndromes gripais cumpram um mínimo de quarentena. Não dá para entrar em mercado, em cinema, ir para Shopping, transitar nos ônibus, porque aumenta o contágio”, finalizou.