O YouTube acabou com a vida de muitas pessoas, revela neurocientista

  • MF Press Global
  • 30 Abr 2021
  • 10:48h

Em busca de cliques para levantar o ego, muita gente se rendeu ao narcisismo da rede social, revela o neurocientista Fabiano de Abreu. |

Já parou para pensar como uma ferramenta de exibição de vídeos pode ter transformado toda a sociedade? Sim, existe uma gravidade neste questionamento, e conforme explica o PhD, neurocientista, neuropsicólogo e jornalista Fabiano de Abreu, as respostas para tal não são nem um pouco animadoras.

Segundo Fabiano, “o YouTube é uma plataforma que ganhou uma amplitude enorme com o tempo e acabou prejudicando a vida de muita gente. Porém, não estou falando da vida dos que trabalham em emissora de TV que estão perdendo a sua audiência para YouTube, colocando em risco a vida das emissoras e seus trabalhadores”.

Também não se deve levar em conta aqui “a péssima influência que alguns YouTubers são para milhares de pessoas. Além disso, como acadêmico, também não estou falando dos vários ensinamentos rasos e errados que presencio em canais de muita audiência”, destaca o neurocientista.

Porém, sua preocupação é voltada para as pessoas que dedicam a maior parte do seu tempo para tentar serem vistos e com isso ganhar algum dinheiro. “Um YouTuber que gosto de assistir, do canal 'Ciência Todo Dia' revelou recentemente que perde toda a sua semana estudando, produzindo, editando; que teve 170 mil views e ganhou apenas 100 dólares. Enquanto YouTubers como Felipe Neto não agregam nada e acabam sendo má influência e ganham dinheiro. Os que tentam levar conhecimento pelejam em busca de, pelo menos, uma renda extra já que como professor no Brasil não se ganha muito”, conta Abreu. 

E tal situação, lamenta Fabiano, já tem rompido fronteiras e chegou do outro lado do Atlântico. “Em Portugal, brasileiros atraídos pela ‘moda de viver em Portugal’ que não querem trabalhar em algo pesado, que é a maioria da oferta no país, buscam na rede social de vídeos uma maneira de se manter financeiramente e dedicam um tempo que poderia ser usado em um trabalho rentável, para fazer vídeos que não rendem economicamente. É uma febre, eles chegam a brigar entre eles e o conteúdo em sua grande maioria não é verdadeiro”. Observa.

O que é o YouTube hoje? 

Para o neurocientista, a rede social hoje é mais do que uma fonte de informação. “Usada como prioridade por muitos, que consomem informação de má qualidade em sua grande maioria e que leva ao conhecimento errado. Virou, também, palco de narcisistas, não todos, claro, mas para aqueles que encontraram neste canal uma maneira de serem vistos”. 

Para piorar, a plataforma também assumiu uma posição que foge totalmente aos seus valores originais: “Também se tornou curandeiro de problemas psicológicos de pessoas que encontram no canal, uma liberação de dopamina que esconde o verdadeiro eu que precisa de ajuda”.

Mas nem tudo está perdido. Fabiano também destaca que existem aqueles que mereciam melhor atenção do público. Mas, ainda assim, a situação é preocupante. “Nessa era em que as pessoas estão prejudicadas cognitivamente devido à internet e a tecnologia, a maior audiência é para os que não dizem nada e ajudam a desfazer a teoria de Darwin revelando uma sociedade cada vez mais precária de intelecto cultural”, finaliza.