Brumado: Entre a flexibilização, a inconsciência e o ‘lockdown’

  • Por Daniel Simurro
  • 13 Jun 2020
  • 10:51h

(Composição: Brumado Urgente)

Até os mais céticos não iriam projetar uma situação tão delicada e preocupante, a qual vive atualmente o município de Brumado, que, assim como o mundo, está enfrentando o maior desafio sanitário de sua história, com a agravante de que o “inimigo”, um vírus invisível, é extremamente astuto e imprevisível, carregado de mistérios que a avançada e “toda-poderosa” ciência ainda não conseguiu desvendar por completo.

Quando surgiu o primeiro caso comprovado da doença no dia 22 de março, ninguém poderia projetar que a contaminação iria avançar ao ponto de que vidas seriam ceifadas pelo novo coronavírus, mas, infelizmente isso já aconteceu e o que é pior, os indícios são de que isso poderá acontecer novamente, pois, apesar do baixo índice de letalidade, quando as defesas imunológicas são vencidas, o vírus é implacável.

Hoje a população vive uma grande apreensão, que causa sobressaltos assim que os novos boletins epidemiológicos são divulgados pela SESAU.

Somente nesta sexta-feira (12), Dia dos Namorados, 07 novos casos foram confirmados, elevando o número para 81, além do fato de que o número de internações hospitalares subiu para 05, com 02 óbitos confirmados. São mais de 1.500 notificações, sendo que 47 casos estão aguardando resultado, o que pode fazer com que os números aumentem. A boa notícia é que 47 pessoas se curaram da doença, o que cria uma chama de esperança.

Este cenário, cada vez mais preocupante, vai levando as autoridades sanitárias para o “paredão”, deixando-as numa “saia cada vez mais justa” que já não está mais cabendo na “cintura do comodismo”.

Qualquer afirmação pode ser questionada neste “set apocalíptico”, mas, os indícios são de que Brumado vive atualmente o pico da pandemia e, ao contrário do que dizem os bons manuais sanitários, que são proclamados de forma veemente pelos representantes da OMS, a flexibilização está em alta, com um grande número de pessoas circulando pelas ruas, todos de máscaras é claro, mas será que somente as máscaras e o álcool gel podem conter a fúria viral?

Se realmente estivermos na contramão do correto, de quem será a culpa pelo agravamento desta crise inescrutável?

A leitura no plano geral é que as autoridades estão muito mais preocupadas com a governabilidade e com a conquista do poder, querendo agradar “gregos e troianos”, ignorando a única e comprovada medida eficaz que é o isolamento, sob a égide da economia e de que a falta de dinheiro pode causar a fome e a fome mata muito mais que do que o vírus.

Realmente é um paradoxo a ser decifrado, é estar entre a “cruz e a espada”, numa releitura caótica do velho ditado “se ficar o bicho pega, se correr o bicho mata”, o qual, inclusive “cai como uma luva” para essa situação.

Então, Brumado está entre a flexibilização, a inconsciência e a incoerência culminando até num possível “lockdown”, pelo menos setorial, já que alguns locais apresentam um índice de infestação bem acima da média.

Que o bom senso, a sabedoria e a coragem se unam para que as medidas que serão tomadas a partir de agora sejam as melhores possíveis, pois, sobretudo, são vidas humanas que estão em jogo, elas não estão na prateleira fria dos supermercados, elas estão dentro das casas cada vez mais atemorizadas pelo medo de poderem ser entubadas num leito desafetuoso de um hospital longínquo e depois partirem sem poder despedir dos seus, ficando apenas em seu epitáfio “aqui jaz mais uma vítima da Covid-19”.

Esse, inclusive, é o lado mais cruel e devastador dessa pandemia, mas que também transporta as pessoas para o “planeta da consciência”, onde a arrogância dos poderosos não tem o mínimo valor e a opulência e a ostentação dos milionários são apenas algoritmos da ilusão virtual.