Cabe às instituições corrigir rumos, diz presidente da OAB sobre Bolsonaro

  • por Julia Chaib | Folhapress
  • 22 Abr 2020
  • 08:46h

Foto: Reprodução Google

Adversário declarado de Jair Bolsonaro, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, diz que o Judiciário e o Legislativo precisam ficar atentos e impor freios ao que vê como ações de viés autoritário do chefe do Executivo, além de zelar por políticas de combate à pandemia do coronavírus. "O presidente só pensa nisso, só pensa em poder, como é natural dos tiranos, dos autoritários e ultrapassou um limite impensável. A verdade é que os democratas agora têm que ter atenção total até o final do mandato dele contra todo e qualquer ato que venha ferir liberdades, garantias", falou.Santa Cruz avalia que Bolsonaro trabalha com o objetivo de ser reeleito. E questiona como um presidente que rechaça a chamada velha política agora faz propaganda para teses do ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson. "A gente já identificava esse viés autoritário. Mas, com clareza, acho que ele deu um passo a mais, ele atravessou o rubicão. Para quem não conhece a história, o Julio César [ditador romano] atravessa com seus exércitos no sentido de Roma e lança sua sorte no plano de ser um autocrata", falou.

O presidente compartilhou vídeo nas redes sociais em que o ex-parlamentar acusa o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de tramar junto com o chefe da OAB um golpe para tirar Bolsonaro do poder. Apesar das críticas, Santa Cruz diz que o momento não é o de levantar a bandeira e pedir o impeachment de Bolsonaro.Bolsonaro e o presidente da OAB já protagonizaram embates públicos. Em julho do ano passado, o presidente provocou o advogado e disse que um dia contaria como o pai dele desapareceu durante a ditadura militar.Santa Cruz foi ao STF pedir explicações do presidente. Ele é filho de Fernando Augusto Santa Cruz de Oliveira, desaparecido em fevereiro de 1974, após ter sido preso por agentes do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura, no Rio de Janeiro."O presidente já deu todos os exemplos do mundo que está abaixo do que o cargo dele exige, mas ele foi eleito. Cabe às instituições dentro das suas possibilidades corrigir os rumos desse barco à deriva por abandono ou omissão do seu comandante", completou.