Voz que liberou entrada de acusado de matar Marielle em condomínio não é do porteiro que disse ter falado com Bolsonaro, diz laudo

  • G1
  • 11 Fev 2020
  • 14:07h

(Foto: Reprodução)

A voz do porteiro que liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no Rio de Janeiro, em 14 de março de 2018, dia do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, não é a do funcionário que havia mencionado o presidente Jair Bolsonaro aos investigadores da Delegacia de Homicídios (DH). A informação está em um laudo assinado por seis peritos da Polícia Civil e foi publicada nesta terça-feira (11) pelo jornal "O Globo". De acordo com o laudo, a pessoa que autorizou a entrada de Élcio no local foi o policial reformado Ronnie Lessa, morador do condomínio e vizinho de Bolsonaro. Tanto Élcio como Lessa estão presos. O primeiro é acusado de ter dirigido o veículo usado no crime, e o segundo é acusado de ter efetuado os disparos contra Marielle e Anderson. Conforme reportagem que foi ao ar no Jornal Nacional em 29 de outubro de 2019, um dos porteiros afirmou em depoimento que Jair Bolsonaro, então deputado federal, havia liberado a entrada de Élcio no condomínio. Depois, o homem voltou atrás e afirmou que errou ao dizer que havia falado com "seu Jair". Ao apurar as declarações dadas no depoimento, o Jornal Nacional pesquisou os registros da Câmara dos Deputados e encontrou uma contradição. Jair Bolsonaro estava em Brasília naquele dia, como mostram os registros de presença em duas votações no plenário: às 14h e às 20h30. Portanto, ele não poderia estar no Rio. Em novembro, a PF abriu inquérito para investigar o depoimento do porteiro. A investigação apura se o porteiro cometeu crimes de obstrução de Justiça, falso testemunho e denunciação caluniosa contra o presidente. Agora, o laudo da Polícia Civil assinado por 6 peritos confirmou que outro funcionário havia interfonado naquele dia para Lessa, e não o porteiro que havia dado o depoimento envolvendo Jair Bolsonaro. Segundo o documento ao qual "O Globo" teve acesso, não há "indícios sugestivos de edição fraudulenta" do disco rígido (HD) analisado, que contém registros do sistema de gravação do interfone.O G1 esteve nesta manhã no condomínio onde Lessa e Bolsonaro têm residência, e onde o porteiro que deu o depoimento ainda trabalha, mas foi informado que o homem não estava no local.