Denúncia de palavrão motivou pente-fino de livros em Rondônia

  • 08 Fev 2020
  • 09:03h

(Foto: Reprodução/EPTV)

O pente-fino nas obras literárias das escolas de Rondônia começou após a denúncia de que havia um palavrão no contos "Amálgama" (Ediouro), do escritor Rubem Fonseca, de 94 anos, um dos maiores escritores brasileiros vivos. A revelação foi feita pelo secretário Estadual de Educação do estado (Seduc-RO), Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, em entrevista ao G1 nesta sexta-feira (7).Abreu, no entanto, não citou a origem da denúncia. O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar a atuação da Seduc em relação ao memorando da pasta. Divulgado nesta quinta-feira (6), o documento ordenava a retirada de 43 livros das escolas.Só de Rubem Fonseca, havia 19 obras na relação. Outros clássicos da literatura como "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, "Macunaíma", de Mário de Andrade, e "Os sertões", de Euclides da Cunha, compunham a lista (veja abaixo). O ofício trazia também uma observação: "Todos os livros de Rubem Alves devem ser recolhidos".O secretário negou que os livros serão recolhidos e reforçou que o Estado apura o caso. "Os livros estão na escola. Já chegaram. É para serem usados. Não existe nenhum tipo de interesse nosso em censurar uma obra clássica que nós adquirimos. O governo está apurando", disse.O secretário alegou ainda que não assinou o documento que autorizava o recolhimento dos títulos e negou que estava ciente da lista de livros. "O documento não está concluso, não passou pela assessoria técnica que vai deixá-lo apto para que eu assine", explicou.Publicado em 2013, "Amálgama" é uma coletânea de contos que tem, segundo o material de divulgação da editora, "todos os elementos" que caracterizam a obra de Rubem Fonseca ("o erotismo, a violência, a velocidade narrativa, o clima noir"). O volume é o 17º na lista da Seduc.A lista com os 43 livros e o memorando 4/2020 determinando o recolhimento imediato das obras foram divulgadas em redes sociais na quinta-feira (6).No ofício, a Seduc afirmava ser necessário tal recolhimento porque estes apresentavam "conteúdos inadequados às crianças e adolescentes".O documento, que seguia no sistema interno da Secretaria de Educação de Rondônia, passou a ser listado como sigiloso.