Brasil: Aos 61, calouro da UFPA que viralizou nas redes sociais fala da aprovação

  • 04 Fev 2020
  • 17:15h

(Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

A foto tirada na última quinta (30), dia do listão da Universidade Federal do Pará (UFPA), viralizou nas redes sociais e foi compartilhada dezenas de milhares de vezes. E como manda o rei do carimbó Pinduca na tradicional "Marcha do Vestibular", música que anima a festa de calouros paraenses, Alcyr Ataíde Carneiro, de 61 anos, aparece tendo o cabelo cortado pela mãe de 90 anos. Juntos os dois comemoram a aprovação no curso de enfermagem. "Em todos esses anos, com certeza esse foi o momento mais indescritível da minha vida", ele diz. Morador do bairro do Coqueiro, em Belém, Alcyr vive com a mãe em uma casa de madeira alugada, trabalhando há, pelo menos, 23 anos cortando grama em quintais. Ele já foi recenseador, fez serviços gerais e trabalhou como cobrador de ônibus. Em entrevista exclusiva ao G1, ele comenta que decidiu se dedicar aos estudos para tentar vaga no ensino superior e tentar melhorar a situação da família, já que mora somente com a mãe. Para ele, a sensação de ser aprovado na primeira tentativa é resultado de um ano de dedicação, perseverança e força de vontade: "Cheguei ao ponto de pensar que havia duas saídas - ganhava na mega sena, o que é quase impossível, ou vencia através do estudo. Optei pela educação, porque além de obter sucesso, terei conhecimento, e isso não tem preço!", revelou. Alcyr conta que se matriculou em um cursinho pré-vestibular em março do ano passado, quando as aulas já haviam começado há um mês, e que dividia a sala com garotos entre 16 e 18 anos. As aulas no período da tarde, das 13h30 às 18h, e as revisões em casa pelas noites e madrugadas ocorriam depois da manhã "árdua" de trabalho, de domingo a domingo.'Mesmo com todo esse esforço, eu nunca faltei uma aula sequer, nunca cheguei atrasado, queria participar de tudo, e todos me incentivavam - os colegas, os professores, a coordenação, o segurança, o pessoal que trabalhava na limpeza. Eu até brincava que se dependesse de torcida, eu já estava aprovado. Me senti valorizado, por isso eu sempre dediquei o máximo", contou.