Governo da Bahia anuncia decreto de emergência para ajudar cidades afetadas por manchas de óleo no estado

  • G1
  • 13 Out 2019
  • 11:18h

Foto: Itana Alencar/G1 BA

O governo da Bahia anunciou neste sábado (12) um decreto de situação de emergência por causa das manchas de óleo que atingem o Nordeste desde setembro. Segundo o governador em exercício e vice, João Leão, o objetivo é liberar recursos para as cidades afetadas no estado. O documento será assinado na segunda-feira (14). "O que o estado da Bahia vai fazer agora é fazer um decreto de calamidade pública para ir em todos os municípios que já foram atingidos, mais Salvador e Lauro de Freitas, que foram em pequena escala. E trabalhar. E vamos cuidar disso. Vamos tomar conta. Vamos ter responsabilidade. Chamar os prefeitos, chamar toda a sociedade para participar, para a gente não deixar sequer uma manchinha de óleo nas praias da Bahia", disse João Leão. A medida foi divulgada durante o primeiro encontro de um grupo criado para combater o problema no estado. O Comando Unificado do Incidente, como foi nomeado, é composto por representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Instituto do Meio-Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Marinha do Brasil, Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ministérios Públicos Federal e Estadual, Defesa Civil, coordenadores dos planos de área da Baía de Todos-os-Santos e da Baía de Aratu, além de integrantes das prefeituras dos municípios afetados. A reunião foi realizada na sede do Ibama, em Salvador. De acordo com o governo, de imediato ficou definido que o Ibama e o Inema irão elaborar um documento de orientação de limpeza de praia, que será disponibilizado para as prefeituras afetadas, incluindo informações importantes para destinação correta dos resíduos coletados. "A ideia da gente ter essa sala de comando aqui , de Controle Unificado, unindo todos os agentes do Sisnama, Ministério Público Estadual, Federal, Estado da Bahia, municípios afetados e Ibama, Marinha e UFBA, é pra que a agente possa coordenar todos os esforços nas ações de mitigação desses danos ambientais que estão sendo provocados por essa emergência de causa ainda não identificada”, disse o superintendente do Ibama na Bahia, Rodrigo Alves. "Além da sala de comando, esse trabalho também será feito com o Comitê Nacional de Crise, que vai ser deslocado para a Marinha, em Salvador. Ele começou no Rio Grande do Norte, há cerca de 30 dias, depois passou para Sergipe, e agora esse comitê vem vem para a Marinha, em Salvador", contou. Também durante o encontro, o Comando divulgou a informação de que houve uma suspeita de mancha de óleo de 21km quadrados a 100km da costa de Alagoas, que foi descartada após monitoramento aéreo especializado realizado por equipes da Petrobras e por imagens de satélites do Ibama. “Nós recebemos a informação ontem [sexta-feira (11)], eu estava na reunião quando o professor da UFBA recebeu essa informação. Ele repassou pra gente no mesmo momento. Essa mancha estaria, segundo os estudos deles, 100 Km afastado da costa. A gente precisava de um helicóptero específico da Petrobras, a gente deslocou esse equipamento para lá e não conseguimos visualizar nada. Nossas análises aqui, internamente, também com radar nosso, da Petrobras e da Marinha, também não identificam nada", disse Rodrigo. "Muito provável, felizmente, se trata de um alarme falso. Mas a gente vai continuar monitorando. O que existe é essa mancha que está perto da costa, que está causando esse transtorno, essa sujeira, e que nós vamos cuidar da limpeza das nossas praias. Mas não há nenhuma evidência de óleo se aproximando da costa brasileira”, completou. O diretor de Fiscalização do Inema, Marcos Machado, falou sobre a dificuldade em localizar as manchas e explicou como elas se deslocam. “Esse óleo não consegue ser visualizado aereamente, então a Marinha está sobrevoando a área muito, o Ibama. O Inema já fez sobrevoos, existem monitoramentos por satélites, por radares. Essa borra de óleo não fica sobrenadante, ela fica a subsuperfície, o que a agente chama de 'meia água', então a gente não consegue visualizar ela chegando na costa. Então, ela chega na costa, e quando a gente conhece, já está na costa. Por que ela vem em pequenas borras? Porque ao longo desse tempo que ela já está no mar, há mais de um mês, ela vem sendo craqueada. Então ela já vem em pequenas borras, que a agente chama de pepita, porque ela também já adquiriu a matéria orgânica do mar", conta. Além disso, na reunião, o superintendente do Ibama também negou neste primeiro momento que a mancha possa chegar à Baía de Todos-os-Santos, que é uma das principais do estado. “Nós fomos até Praia do Forte, voltamos, fizemos um giro completo na Baía de Todos-os-Santos, fomos até Morro de São Paulo. A gente conseguiu identificar que não existem evidências, ainda, de que o óleo tenha se aproximado da Baía de Todos-os-Santos ou da Baía de Camamu. O maior volume de óleo está concentrado mais ao norte, em Camaçari. Lauro de Freitas e Salvador começam a receber esse óleo mais estratificado, essas pelotas".