Formada em teatro pela UFBA, atriz da Globo lamenta cortes na educação: 'É deprimente'

  • Ian Meneses / Júnior Moreira Bordalo
  • 29 Jun 2019
  • 08:19h

(Foto: IG)

Após participação em “Velho Chico” e “Segundo Sol”, a baiana Ariane Souza já tem data para voltar às telas da TV Globo. A atriz está gravando a série “Segunda Chamada”, de Carla Four, Jô Bilac e Julia Spadaccini, dirigida por Joana Jabace. A previsão de estreia é para outubro. Na trama, ela vive a Joelma. “A série se passa dentro de um EJA (Educação de Jovens e Adultos), de ensino noturno e eu faço uma das alunas. Ela é meio a ‘intriguentinha’ da escola. Ela se acha dona da situação, tudo tem que passar pelo seu”, explicou ao Bahia Noticias. As duas últimas participações da artista em projetos da platinada foram em obras nordestinas e ter trabalhado nesse contexto foi motivo de comemoração para ela. “Maravilhoso, importantíssimo. Era muito raro na época que eu morava em Salvador. Sempre que existia alguma coisa relacionada a Bahia eu ficava muito animada. Então, comemoro que cada vez mais tem se deslocado o audiovisual do eixo Rio-São Paulo. É uma questão de representatividade. O Brasil não se resume ao eixo, quero que aconteça cada vez mais.

Apesar dos 20 anos de carreira, Ariane segue buscando seu espaço na TV e entende as dificuldades por ser mulher, negra e nordestina. “Acho que o cenário está mudando, mas temos um caminho bem longo a percorrer para chegar à representatividade real do povo brasileiro. Tenho amigos fora do Brasil que assistem televisão brasileira e ficam impressionados com a diferença quando vêm ao País. Espero que em breve isso se equipare”, desejou. Sobre a falta de investimento em artistas negros no audiovisual de uma forma geral, destacou: “Ainda existe uma coisa enraizada da nossa história. É um processo que precisa abrir a cabeça dos investidores, dos diretores, autores...”.

 

CRISE NA EDUCAÇÃO

Morando no Rio de Janeiro há cinco anos, Ariane é bacharel em interpretação teatral pela Universidade Federal da Bahia e lamenta os recentes cortes na educação superior, que atingirão diretamente a sua faculdade. “É deprimente, tive uma experiência muito feliz na ETUFBA. A nossa faculdade é conceituada no mestrado e tudo mais. É uma referência do teatro. Sempre que chego aos lugares e perguntam se eu sou formada e digo que sou pela UFBA as pessoas vibram. Fico muito triste de saber que os jovens que estão entrando e pretendem entrar podem não ter essa experiência que tive, porque para mim a educação em todos os âmbitos é a chave de salvação”, firmou.

 

Para as pessoas que sonham em seguir a carreira, mas desanimam por não fazerem parte do eixo Rio – São Paulo, ela incentiva a não desistir. “Acho que a pessoa tem que seguir para onde é mais interessante à carreira. Para mim foi muito difícil não estar com minha família, principalmente com minha mãe e minha avó. Não foi simples e não está sendo simples”, confessou. Quanto aos sonhos, disse ter muitos: “Cada vez mais galgar espaços no teatro musical. Estou gostando muito de estar na TV, num lugar que nunca me vislumbrei fazendo e meio que caiu no meu colo na época de ‘Velho Chico’. Estou gostando de fazer e quero mais coisas na TV. Além de obviamente o cinema. Sou apaixonada real”, finalizou. Inclusive ela será vista em breve nas telonas nos longas “Pluft, o Fantasminha”, direção Rosane Svartman, e “L.O.C.A”, direção Claudia Jouvin.