Olimpíada de Língua Portuguesa mobiliza estudantes de todo o país

  • Redação
  • 28 Abr 2019
  • 11:54h

(Foto: Divulgação)

A última Olimpíada de Língua Portuguesa, realizada em 2016, envolveu 4.874 municípios brasileiros (o país tem pouco mais de 5.500), quase 40 mil escolas e mais de 80 mil professores, com a participação de mais de 5 milhões de alunos nas oficinas de redação e escrita. A expectativa é que esses números sejam ainda mais expressivos na 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa, a ser realizada neste ano (2019). Embora o projeto seja permanente, o concurso se dá a cada dois anos –a partir deste ano, ocorrerá nos anos ímpares (os anteriores se deram em 2008, 2010, 2012, 2014 e 2016). O projeto, que já atinge 87% dos municípios brasileiros, ainda que tenha a forma de uma competição, dada pelo seu nome e pela existência de premiação de alunos, professores e escolas, é uma grande mobilização em torno da língua portuguesa como vetor de expressão e de exercício da cidadania.

Alunos da rede pública do 5º ano do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio participam de um processo de produção textual, sob a supervisão de seus professores, os quais, por sua vez, têm acesso a orientações metodológicas, que os ajudam na preparação dos estudantes para o concurso.

As categorias do concurso foram baseadas no aprendizado da língua por meio da teoria de gêneros textuais, da qual os pesquisadores Joaquim Dolz e Bernard Schneuwly, ambos da Universidade de Genebra, entre outros estudiosos, são importante referência. Produzidos nas mais variadas situações sociais, os gêneros são, por isso mesmo, entendidos como formas de funcionamento da língua. Na prática pedagógica, por meio dos gêneros, os estudantes percebem a importância e o sentido do aprendizado da língua.

Foram escolhidos cinco gêneros textuais como as categorias nas quais os alunos podem se inscrever, de acordo com o ano que estejam cursando. Os do 5º ano do ensino fundamental escreverão poemas, os do 6º e do 7º farão memórias literárias, os do 8º e do 9º escreverão crônicas. Os estudantes do 1º e do 2º ano do ensino médio serão os primeiros a desenvolver pequenos documentários –o gênero foi introduzido nesta edição da Olimpíada e, como todo o projeto, está em consonância com a BNCC (Base Nacional Curricular Comum), em que se inclui a produção oral em língua portuguesa. Com a tecnologia disponível em seus telefones celulares, os jovens farão vídeos curtos (de aproximadamente três minutos) em grupos de até três integrantes. Os alunos do 3º ano do ensino médio escreverão artigos de opinião.

A superintendente do Itaú Social, Angela Dannemann, enfatiza que o objetivo da Olimpíada de Língua Portuguesa não é ser uma espécie de caça-talentos, como ocorre com a conhecida olimpíada de matemática. “Usamos o nome [Olimpíada] como isca”, diz ela em tom de brincadeira, enquanto explica que, “nesta Olimpíada todos são vencedores”. Isso porque o projeto envolve todos os alunos da turma, com oficinas realizadas durante as próprias aulas.

O resultado, como não poderia deixar de ser, é permanente. Os professores têm a oportunidade de atualizar conhecimentos, em contato com o trabalho de pesquisa feito nas universidades, e de estabelecer importante diálogo com a inovação, pondo em prática novas metodologias e recursos didáticos. E quem ganha são todos: alunos, professores, gestores escolares. Afinal, o objetivo é um só: aprender, evoluir, desenvolver habilidades de leitura e escrita.

“O LUGAR ONDE VIVO”
O tema geral da Olimpíada, sobre o qual todos os participantes escreverão, nos variados gêneros textuais, é “O lugar onde vivo”. A escolha, que se mantém desde a primeira edição da Olimpíada, permite a qualquer estudante exprimir algo próprio de sua vivência, que o toque pelos mais diversos motivos: a emoção de uma lembrança, uma paisagem, pessoas, mas também as carências e dificuldades que, por vezes, são parte da sua rotina.

Poder falar e, sobretudo, poder falar-se, saber-se ouvido, esse é o grande ganho no aprendizado da língua, que só amadurece quando o jovem percebe a potência da linguagem na própria existência, como instrumento de ser e estar num mundo que é –ou deve ser– em si mesmo um lugar onde todos possam viver, respeitando as diferenças e aprendendo uns com os outros.