Depressão entre famosos ajuda a combater estigma sobre a doença

  • GQ Brasil
  • 20 Abr 2019
  • 07:42h

O comediante e youtuber Whindersson Nunes, dono do 4º maior canal do mundo na plataforma, revelou recentemente que sofre de depressão (Foto: Reprodução/Instagram)

Aqui vão alguns números para você: até 2020, a depressão será a doença mais incapacitante do mundo, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre 2005 e 2015, o índice de crescimento dela foi de 18% em todo o planeta, e o Brasil é o país da América Latina com a maior quantidade de casos: cerca de 6% da população, um total de 11,5 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença. Pois é, ainda assim a depressão e outros transtornos mentais são tratados como um tabu ou vistos como sinal de fraqueza por parte da sociedade - mesmo em países de alta renda, 50% da população diagnosticada não recebe tratamento. Algo que tem ajudado a quebrar o estigma em torno da saúde mental são as diversas celebridades que abriram seus diagnósticos publicamente. O padre Fábio de Melo declarou, em 2017, que sofria com a síndrome do pânico e estava sob tratamento clínico. Assim como o cantor Lucas Lucco, que, em 2016, falou no programa Encontro, de Fátima Bernardes, sobre a depressão e a síndrome do pânico que o fizeram perder gravações e deixar de viajar, contando que foram precisos ajuda médica, medicamentos e apoio familiar para enfrentar as doenças. “É benéfico que uma pessoa de vida pública fale sobre seu diagnóstico", comenta a professora Clarice Madruga, psicóloga e doutora em Psiquiatria e Psicologia Médica pela Unifesp. "Isso ajuda a diminuir o preconceito com as doenças mentais e seus tratamentos”, completa. Parte desse preconceito com a depressão, ansiedade, síndrome do pânico e outros transtornos mentais atrapalha o processo de procurar ajuda e aceitar o tratamento. “Muitos dizem que é frescura, bobagem, que basta ter força de vontade para sair dessa. Não é bem assim. É como dizer a alguém com diabetes que basta pensar positivo para que sua glicemia se estabilize. São doenças que também precisam de medicação para estabilizar os neurotransmissores”, diz a pesquisadora. A tristeza profunda não é um sinônimo de depressão. Irritabilidade, dificuldades de sono, falta de ânimo, angústia, ansiedade e até a perda ou aumento de apetite, por si só, também não. É precciso uma associação de sintomas como esses, crônicos, para que o especialista conclua um diagnóstico. “Existem pessoas que se identificam com os sintomas relatados e se autodiagnosticam. Por isso é importante ter responsabilidade ao falar sobre doenças mentais”, alerta Madruga.

Na sexta-feira passada (12), o ator e humorista Whindersson Nunes desabafou com seus fãs nas redes sociais, contanto que tem se sentido angustiado e triste. “Apesar de tudo de bom que vem acontecendo comigo, com tudo que já conquistei, me sinto há alguns anos triste. Eu sinto uma angústia todos os dias. Todos os dias, algumas risadas, algumas brincadeiras e depois lá estou eu de novo com esse sentimento ruim”, escreveu.

A especislista explica que a depressão não tem relação direta com a personalidade, por isso humoristas também podem sofrer com a doença. É a velha piada contada em Watchmen do homem que vai com depressão ao médico e este indica como tratamento que ele vá ao circo ver o palhaço Pagliacci, o que animaria qualquer um. "Mas doutor... Eu sou o Pagliacci", responde o homem.

 

Sintomas entre nós

A tristeza profunda não é um sinônimo de depressão. Irritabilidade, dificuldades de sono, falta de ânimo, angústia, ansiedade e até a perda ou aumento de apetite, por si só, também não. É precciso uma associação de sintomas como esses, crônicos, para que o especialista conclua um diagnóstico. “Existem pessoas que se identificam com os sintomas relatados e se autodiagnosticam. Por isso é importante ter responsabilidade ao falar sobre doenças mentais”, alerta Madruga.


Na sexta-feira passada (12), o ator e humorista Whindersson Nunes desabafou com seus fãs nas redes sociais, contanto que tem se sentido angustiado e triste. “Apesar de tudo de bom que vem acontecendo comigo, com tudo que já conquistei, me sinto há alguns anos triste. Eu sinto uma angústia todos os dias. Todos os dias, algumas risadas, algumas brincadeiras e depois lá estou eu de novo com esse sentimento ruim”, escreveu.


A especislista explica que a depressão não tem relação direta com a personalidade, por isso humoristas também podem sofrer com a doença. É a velha piada contada em Watchmen do homem que vai com depressão ao médico e este indica como tratamento que ele vá ao circo ver o palhaço Pagliacci, o que animaria qualquer um. "Mas doutor... Eu sou o Pagliacci", responde o homem.