Número de adoções internacionais é o menor dos últimos 20 anos no Brasil

  • 31 Mar 2019
  • 15:10h

O número de adoções internacionais realizadas em 2018 é o menor dos últimos 20 anos no Brasil. Foram concretizadas no ano passado 67 adoções de crianças por pretendentes de fora do país. É o que mostram dados obtidos pelo G1.Uma das explicações para a queda é o crescente número de adoções realizadas dentro do território nacional. Houve 2.184 adoções por meio do Cadastro Nacional no ano passado, segundo dados da Corregedoria Nacional de Justiça – um ligeiro aumento em relação ao ano anterior. Ou seja, uma criança é adotada a cada quatro horas, em média, hoje no Brasil. “As pessoas no país têm começado a adotar crianças com doença ou deficiência. Também estão mais abertas a grupos de irmãos que antes. Há uma mudança de mentalidade progressiva”, afirma Paula Leal, responsável pelo núcleo de adoção internacional do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Isso tem tido um impacto.” “Mas também existem os efeitos da crise mundial de 2008. Entre os quatro principais parceiros que têm entidades credenciadas para adoção (EUA, França, Espanha e Itália), três ainda têm uma taxa de desemprego superior à de 2008. Ou seja, não houve uma recuperação. E a adoção internacional é um processo muito caro”, afirma Paula, que é especialista em políticas públicas e gestão governamental. Segundo ela, o Cadastro Nacional de Adoção – que passa por uma reformulação – também não tem ajudado a mudar essa realidade. Há três anos, os estrangeiros passaram a ser incluídos no cadastro. Ainda assim, existem atualmente apenas 287 pretendentes de fora do país cadastrados. “Ainda há problemas. O novo cadastro está em teste. E o que os servidores dizem é que, por mais que haja melhora na ferramenta, falta pessoal para alimentá-la. A maioria das comissões judiciárias de adoção internacional ainda não consegue utilizar efetivamente o cadastro.” Uma das alterações previstas no novo cadastro é a inclusão de fotos e vídeos das crianças, além do histórico de acolhimento. Outra novidade é a implantação de um sistema que permite uma varredura automática diária entre perfis de crianças e pretendentes informando ao juiz quase que em tempo real sobre um possível “match”.