Idosos ampliam espaço no mercado de trabalho, mas só 1/4 tem carteira assinada

  • 18 Nov 2018
  • 13:53h

Monika, de 70 anos, é treinada por funcionária mais jovem após ser contratada como atendente do Reclame Aqui. — Foto: Reclame Aqui/Divulgação

O interesse das empresas por trabalhadores da terceira idade nunca foi notável, mas já se percebe um olhar um pouco mais amigável para a diversidade etária e a convivência entre gerações dentro do ambiente corporativo. Esse movimento atende a uma crescente demanda de pessoas mais velhas que buscam um emprego. Ainda que o percentual de pessoas acima de 60 anos no mercado de trabalho venha crescendo – bateu o recorde de 7,9% no segundo trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – apenas 26% têm carteira assinada. A maior parte ainda está na informalidade ou em ocupações por conta própria. A faixa etária mais excluída do mercado formal é também a que mais tem sofrido com o fechamento de vagas com carteira assinada, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). Em agosto, enquanto a faixa etária até 39 anos criou mais de 140 mil vagas, 37 mil postos foram fechados para pessoas acima de 50 anos. Contudo, algumas empresas passaram a lançar programas com vagas abertas apenas para pessoas de idade mais avançada, como parte de um esforço de diversidade que já era observado em relação a gênero e raça. Após sair do emprego de secretária bilíngue no ramo de autopeças, Monika Feldenheimer da Silva pensava que não teria mais chances no mercado de trabalho. Ao saber, por sua filha, que o site Reclame Aqui divulgou um anúncio de vaga com os dizeres “Contratamos a sua avó”, ela enviou um email para a empresa: “Eu sou a avó que vocês procuram”. Formada em ciências sociais e com 20 anos de experiência, Monika recebeu um Uber na porta de sua casa para levá-la à entrevista de emprego, que tinha cinco candidatos. O emprego de atendente era dela. No começo, a nova atendente de 70 anos teve receio de sofrer preconceito dos mais jovens, mas logo percebeu que o ambiente era receptivo. Ela foi treinada por uma das funcionárias mais jovens da empresa, como parte da cultura de mesclar gerações. “Não consigo me imaginar não trabalhando, senão me sinto meio inútil. Quando parei, disse para meu filho que foi dificil ficar sem trabalhar”, conta Monika. Além do senso de utilidade, Monika destina parte de seu salário para ajudar um dos netos, que não tem renda suficiente para se manter.