Vice de Bolsonaro, Mourão critica 13º salário e adicional de férias

  • Uol
  • 27 Set 2018
  • 17:10h

O candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL) o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) fez críticas ao pagamento de 13º salário e ao adicional de férias ao trabalhador durante palestra a empresários no interior do Rio Grande do Sul. Convidado da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Uruguaiana, Mourão prometeu, a uma plateia composta por empresários e representantes de associações e sindicatos patronais, a realização de reformas tributária e trabalhista em um eventual governo Bolsonaro. O capitão da reserva lidera as últimas pesquisas de intenção de votos à Presidência. Ao se referir especificamente à reforma trabalhista pretendida, Mourão classificou como "jabuticabas" direitos trabalhistas que acabam onerando, segundo ele, os patrões, e elencou entre elas o 13º salario –garantido pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), em legislação de 1943. "Temos algumas jabuticabas que a gente sabe que é uma mochila nas costas de todo empresário. Jabuticabas brasileiras: 13º salário. Se a gente arrecada 12, como é que nós pagamos 13 [salários]?", definiu. "É complicado, e é o único lugar em que a pessoa entra em férias e ganha mais, é aqui no Brasil. São coisas nossas, a legislação que está aí, é sempre aquela visão dita social, mas com o chapéu dos outros, não é com o chapéu do governo", classificou.O vice de Bolsonaro defendeu a realização das duas reformas como forma de "priorizar gastos" e citou o responsável pelo programa econômico da campanha, Paulo Guedes. "Ele vem falando há oito meses no mercado... surgiu aquela história da CPMF. Vamos lembrar que é um imposto que anda em cascata, ela vai tributando em cascata. Agora: para que ocorra algum tipo de imposto dessa natureza, os outros [impostos] têm que ser baixados. Temos hoje em torno de R$ 192 bilhões de desonerações, ou seja, o pessoal que não paga imposto", reclamou Mourão. Na avaliação do general, "teremos que paulatinamente ir organizando isso [o fim da desoneração], não pode ser cortado da noite para o dia". Ele mencionou fechamento de "25 mil indústrias" e tributaristas "como o professor Marcos Cintra, gente que entende do assunto", que estão, segundo ele, "trabalhando no assunto". "A filosofia é uma só: temos que colocar todo mundo na base, todo mundo pagando, tem muita gente que não paga", disse. Sobre a reforma trabalhista, Mourão também fez questão de criticar o peso do imposto sindical "em cima da atividade produtiva". "É o maior custo que existe", classificou. A obrigatoriedade de recolhimento do imposto, entretanto, foi derrubada pelo governo de Michel Temer (MDB) no final do ano passado. A reportagem tentou entrar em contato com Mourão, mas ele não atendeu as ligações. Em suas redes sociais, a CDL de Uruguaiana destacou a declaração de Mourão sobre as reformas pretendidas, mas sem citar os posicionamentos dele a respeito dos benefícios trabalhistas. "General Mourão encerrou a sua fala destacando dois importantes temas, a implementação da reforma trabalhista, o que para o candidato é fundamental para modernização das relações entre o empregado e empregador, acompanhando as novas práticas mundiais. E a abertura comercial do país, que, de acordo com Mourão deve ser feito de forma gradual e segura, baseado em um programa estratégico agressivo de fomento as exportações brasileiras no mercado internacional", relatou a entidade.