Fila de brasileiros que receberam caixa 2 concorreria com Muralha da China, diz João Santana

  • 22 Jul 2016
  • 16:12h

(Foto: Reprodução)

O publicitário João Santana admitiu o uso de caixa dois na campanha da presidente afastada Dilma Rousseff, mas informou que o crime não se restringiu à petista. Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, durante depoimento à Justiça Federal nesta quinta-feira (21), o marqueteiro garantiu milhões de pessoas podem ter se beneficiado direta ou indiretamente dos esquemas. "Com generosidade, e com conhecimento de causa, eu digo que 98% das campanhas no Brasil utilizam caixa dois. Que isso envolve das pequenas às grandes campanhas. 

Que centenas de milhares de pessoas - quase certo que milhões - de todas as classes sociais e de dezenas de profissões são remuneradas com dinheiro de caixa dois. Mais que isso: o caixa dois é um dos principais - senão o principal - centros de gravidade da política brasileira". Santana decidiu, então, fazer uma comparação para ilustrar a grandiosidade do esquema: “Se todos que já foram remunerados com caixa 2 no Brasil fossem tratados com o mesmo rigor que eu, era para estar aqui, atrás de mim, uma fila de pessoas que chegaria a Brasília. Uma muralha humana capaz de concorrer com a muralha da China. Capaz de ser fotografada por qualquer satélite que orbita em torno da Terra”. No depoimento, ele disse que não tentava justificar ou defender o caixa dois e que ele e a esposa, Mônica Moura, estavam dispostos a pagar pelos erros. Mesmo assim, criticou o tratamento que têm recebido no âmbito da Operação Lava Jato. “O que eu não entendo e não me conformo é com o fato de eu e minha mulher estarmos sendo acusados, injustamente, de corrupção, formação de organização criminosa e de lavagem de dinheiro. De estarmos sendo tratados como criminosos perigosos”, lamentou. “Somos os únicos presos, neste país, por caixa 2. Não queremos ser símbolos. Nem bodes expiatórios. Não quero clemência, nem piedade. Não espero perdão. Espero apenas proporcionalidade”, pediu.