Qual é a mensagem deixada pelas cadeiras vazias no Legislativo de Brumado?

  • Brumado Urgente
  • 24 Mai 2016
  • 10:07h

(Foto: Daniel Simurro | Brumado Urgente)

Partindo da premissa de que todo o poder emana do povo e que Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, fica mais que evidente que sem a participação popular, a tão sonhada consolidação democrática não será efetivada. Transportando esse ideal para os dias atuais, está ficando cada vez mais explícito que o povo, após escândalos e mais escândalos protagonizados pela classe política, está, ao invés de se aproximar do processo político, se afastando cada vez mais, o que provoca um abismo entre essas duas vertentes que são os pilares democráticos. Na noite desta segunda-feira (23), isso ficou evidente durante a sessão do Legislativo de Brumado, a qual não teve a mínima participação popular, ou seja, as cadeiras da “plateia” estavam completamente vazias, numa cena que pode comprovar esse novo momento de ceticismo. Sem a participação popular, os vereadores que estavam presentes não tiveram muitas opções e a sessão foi encerrada pelo presidente Alessandro Lobo. Os membros da imprensa que acompanham o dia-a-dia da política local, mostrando frustação, abandonaram também os seus postos sem fazer uma entrevista sequer, já que os vereadores não quiseram se pronunciar. Alguns afirmam que a proibição das transmissões das sessões, que era inclusive uma cultura popular, principalmente dos moradores do meio rural, foi a causadora deste marasmo legislativo, já que, agora, os vereadores preferem fazer o trabalho parlamentar do que ficar se pronunciando para os “fantasmas da indiferença”. Lembrando a célebre frase de Rousseau que “o Poder Legislativo pertence ao povo, e não pode pertencer senão a ele”, em Brumado, pelo menos, isso não está acontecendo, pois, as “cadeiras vazias” vêm sendo uma constante. Numa análise mais ampla da situação, percebe-se que o povo prefere muito mais as redes sociais, que acabaram se tornando a “tribuna livre”, do que comparecer às sessão da Câmara de Vereadores, só que, a esfera cibernética é insuficiente para que os reclames, anseios e as grandes necessidades venham ser realizadas. Com a proximidade das eleições, esse quadro de afastamento popular é preocupante, lembrando que o velho ditado “de que cada povo tem o governo que merece” pode ser cruel, já que pela falta de participação, a Democracia pode dar lugar ao totalitarismo velado, pois a ausência popular, pode ser interpretada como a máxima que surgiu no século XIII de que “quem cala, consente”.