Baianos reclamam após uma semana de greve dos bancos: 'afeta demais'

  • 13 Out 2015
  • 14:46h

(Foto: Reprodução)

Solange Batista dos Reis, desempregada há seis meses, está preocupada com a liberação do FGTS, já que o benefício dela só poderá ser disponibilizado a partir de uma transação realizada diretamente na agência bancária. "Muito complicado. Preciso sacar meu FGTS e só posso sacar lá dentro. Não sei mais o que faço", reclamou. O G1 percorreu unidades bancárias da capital baiana na manhã desta terça-feira (13) após uma semana do início da greve no setor. A paralisação afeta, ao todo, 891 agências no estado, segundo informações do sindicato da categoria. Em Salvador, 189 unidades pararam as atividades. Já no interior, o número de bancos fechados é de 702. Nesta terça-feira, às 18h, ocorrerá uma nova assembleia da categoria, no Ginásio de Esportes, ladeira dos Aflitos, para avaliar o movimento.

 

Segundo Solange Batista, a chave de liberação para o saque do benefício tem um prazo. A depender de quanto tempo a greve se estenda, ela terá que recorrer ao ex-chefe. "Um transtorno só de pensar que a chave pode perder a validade. Se isso acontecer, vou ter que falar com meu ex-chefe para ele movimentar o FGTS na conta e gerar outra senha. Se isso acontecer, depois de gerar a chave, ainda vou ter que esperar mais oito dias. Preciso do meu dinheiro e dar entrada no meu seguro-desemprego", relatou ao G1. Para Antônio da Silva, assistente social, o limite para saque nos terminais de autoatendimento tem prejudicado. "Afeta demais a nós que precisamos pagar nossos débitos. Já não basta a greve lá dentro. Nos caixas, quando queremos retirar uma quantia maior, não podemos. Minhas contas já estão vencidas. Nós clientes somos prejudicados todos os anos com essa greve", disse.  Da mesma forma, Adelino Modesto, aposentado, de 67 anos, reclama da dificuldade que enfrenta por conta do limite diário de saque disponível. "Tenho minhas dificuldades por causa da minha idade e tenho que voltar aqui mais de duas vezes para sacar a quantia certa pagar minhas contas. Eles liberam só uma quantia pequena e isso prejudica", conta.

Alternativa 
Como forma alternativa para pagamento de contas e outras transações, os clientes estão optando pelas Casas Lotéricas, já que não há previsão de quando a greve dos bancários chegará ao fim. Conforme Alexandre Vieira, auxiliar administrativo, esta opção tem beneficiado bastante. "Apesar de algumas dificuldades, por conta da enorme fila, principalmente, pagar as contas aqui tem me ajudado muito durante este período de greve dos bancos", afirmou ao G1. A atendente Luana Limoeiro garante que houve um aumento significativo do movimento de clientes na Casa Lotérica onde trabalha, no bairro do Comercio. "Muito grande o movimento. Aumentou muito depois da greve. Todas as vezes que acontece essa paralisação é inevitável que as agências lótéricas aumentem o movimento. Estamos dando conta demanda", garantiu ao G1.

Reivindicações da categoria
Na última rodada de negociação, ocorrida no dia 25 de setembro, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) apresentou a proposta de 5,5% de reajuste salarial, o que, segundo o Sindicato dos Bancários, não cobre a inflação, acumulada em 9,88% no mês de setembro. Entre os principais pontos da pauta de reivindicações estão redução da taxa de juros e tarifas para clientes e usuários dos serviços, atendimento à população no tempo designado na Lei dos 15 minutos (a qual o cliente não pode passar de 15 minutos na fila à espera de atendimento), reajuste salarial com reposição da inflação mais 5,7% de aumento real, segurança para evitar golpes e saidinhas bancárias, prevenção contra assaltos e sequestros, além de igualdade de oportunidades para os funcionários. Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), durante a greve, os clientes podem fazer saques, transferências e outras operações por canais alternativos de atendimento, como caixas eletrônicos, internet banking, aplicativos no celular (mobile banking), telefone, além de casas lotéricas, agências dos Correios, redes de supermercados e outros estabelecimentos credenciados. "Tivemos uma expansão da greve na Bahia. A paralisação deste ano é muito mais forte do que a do ano passado. Temos de manter a unidade e continuar pressionando a Fenaban", afirmou o presidente do Sindicato, Augusto Vasconcelos.


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