Dia Mundial da Água: Irregularidades resultaram em perda de 2,1 bi de litros

  • Fabiana Mascarenhas | A Tarde
  • 22 Mar 2015
  • 13:57h

O desafio de reduzir o consumo de água e evitar o desperdício não se restringe somente ao setor industrial e à agricultura. A Bahia enfrenta um outro problema: ações fraudulentas envolvendo a utilização da água.


Dados da Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa) revelam que elas foram responsáveis, no ano passado, pelo desvio indevido de mais de 2,1 bilhões de litros  por mês em Salvador e Região Metropolitana. Em 2011, este número era de 1,3 bilhão.


Os 137,6 mil casos de suspeita de fraudes detectados em 2014 resultam em prejuízo da ordem de R$ 121,7 milhões, decorrente do  volume de água não faturado.


"Temos uma perda enorme por conta do gasto excessivo e da utilização clandestina, que acaba, inclusive, comprometendo o abastecimento de alguns locais", afirma o superintendente de abastecimento de água da Embasa, José Moreira.

 

Engana-se quem pensa que o problema ocorre somente nos bairros periféricos de Salvador. Segundo Moreira, durante a requalificação da Barra, por exemplo, foram encontrados pelo menos 100 ligações clandestinas, mais conhecidos como "gatos de água".


"Encontramos 'gatos' em bancos, lojas, shoppings, e em diversos bairros. Em Vilas do Atlântico, por exemplo, foram localizados 300", afirma o superintendente do órgão.


Um outro problema apontado por Moreira é a degradação dos mananciais. "O aumento das ocupações irregulares em torno dos mananciais somado à falta de saneamento e a práticas inadequadas de uso do solo geram graves consequências, resultando na baixa qualidade da água captada", explica ele.


De acordo com o superintendente de abastecimento, as principais barragens utilizadas pela Embasa estão em nível satisfatório, mas estão comprometidas por conta do desmatamento.


"Todo o entorno da barragem de Pedra do Cavalo já foi afetado pelo desmatamento. Em Salvador, a situação não é diferente. As barragens de Ipitanga I e II, o Joanes I e II sofrem com a degradação e invasões", diz Moreira.


Professor titular em Saneamento e participante especial do mestrado em Meio Ambiente, Águas e Saneamento (Maasa) da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (Ufba), José Roberto Moraes lembra, no entanto, que a urbanização  de forma desordenada está relacionada à ausência da alternativa da aquisição de moradias.


"Isso obriga as pessoas, sobretudo de baixa renda, a ocuparem áreas de proteção ambientais, na ocupação de espaços impróprios para habitação. Consequentemente, as atividades realizadas geram impacto levando à alteração da qualidade da condição hídrica", afirma.


Ele lembra, ainda, que a degradação também é causada por empresas que se instalam no entorno das barragens.



Na opinião do professor, é preciso assegurar a manutenção dos mananciais por meio da criação de ações articuladas para o disciplinamento do uso e ocupação do solo, além da recuperação ambiental.



"É preciso investir nisso. As políticas governamentais deve contemplar, no bojo das suas medidas e normas, ações de preservação e conservação dos recursos hídricos", pontua José Roberto Moraes.


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