Covid-19: Com população subestimada, Maetinga recebe menos doses de vacinas

  • Vitor Castro
  • 01 Abr 2021
  • 08:27h

Covid-19: Com população subestimada, Maetinga recebe menos doses de vacinasFoto: Reprodução / Prefeitura de Maetinga

A cidade de Maetinga, no Sudoeste, não tem conseguido acessar a quantidade necessária de imunizantes contra a Covid-19 para atender a população de acordo com a faixa-etária de cada etapa. Para a gestão, uma discrepância nos dados populacionais que não refletem a realidade do município, faz com que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) envie menos doses do que o necessário, já que o quantitativo de imunizantes seria calculado com base na última estimativa anual feita pelo Instituto Brasileiro de  Geografia e Estatística (IBGE), que revela um população de pouco mais de 2.700 pessoas. Número é inferior aos mais de 7 mil usuários dos serviços de saúde da cidade. 

Para a secretária de Saúde do município, Sabrina Souza, a cidade, que vacinou com a primeira dose do imunizante 785 pessoas e outras 205 com a segunda dose, poderia estar mais avançada na vacinação, que agora atende a faixa etária dos 70 aos 75 anos. Souza explica que as doses são enviadas com base em uma população equivalente a 2.764 pessoas - valor referente à última estimativa anual do IBGE - no entanto, 7.497 moradores de Maetinga utilizam os cinco Postos de Saúde da Família (PSF) distribuídos entre a zona rural e a sede.

“A gestão está entrando com processo para ter uma nova contagem. Por conta dessa diferença, nossos recursos e até o quantitativo de vacinas recebidas são menores. Em relação às vacinas, a gente sempre recebe um quantitativo menor em relação à faixa etária do momento. Daí temos que enviar ofícios nominais para a regional [Núcleo Regional de Saúde] apontando um quantitativo maior e toda semana eles acabam mandando um pouco mais para suprir essa deficiência que a gente tem, mas vai chegando bem aos poucos”, explicou.

Ainda segundo a secretária, a Sesab tem ciência da discrepância dos dados, mas até agora o município permanece enfrentando a dificuldade. “A nossa coordenadora de vigilância epidemiológica já sinalizou para a Sesab o porquê da gente ficar solicitando [novas doses], justamente por conta dessa discrepância da população”, disse. 

ESTIMATIVA X REALIDADE

O último censo do IBGE foi realizado em 2010, e um novo levantamento deveria ter ocorrido ano passado. Mas, por conta da pandemia, acabou sendo adiado (lembre aqui) para este ano. No entanto, o anúncio do governo federal de uma proposta de corte de R$ 1,7 bilhão dos recursos previstos para a realização do levantamento (reveja), pode inviabilizar um novo censo. 

A supervisora de disseminação de informações do IBGE, Mariana Viveiros  justificou a discrepância nos dados pela ausência de um censo mais atual. No entanto, disse acreditar, com base no que tem acompanhado, que a Sesab não utiliza os dados da estimativa anual, mas sim os do último censo para fazer projeções vacinais. “A estimativa não é usada para fazer distribuição de vacina. O que temos acompanhado é que se utiliza os dados da população censitária com um trabalho específico em relação a 2010”, disse.

Mariana explicou que o IBGE faz um cômputo de estimativa a cada ano baseado basicamente em um cálculo matemático onde se analisa os dois últimos sensos, 2000 e 2010, e se aplica uma taxa ano a ano. “Mas esse não é uma dado em princípio utilizado para distribuição de vacinas. Se estão utilizando esse dado já é uma questão que precisa ser questionada ao órgão que está distribuindo a vacina”, disse. 

Em Salvador, por exemplo, a Secretaria de Saúde solicitou ao IBGE dados do censo de 2010 das pessoas com 60 anos à época para, agora, estimar quantas doses da vacina seriam necessárias para as pessoas com 70 anos.  

A supervisora explicou ainda que a queixa de Maetinga em relação a este tipo de discrepância é a mesma de outros municípios e se dá porque muitas vezes as cidades perdem população com relação as estimativas anuais. “Maetinga tem uma tendência de perda de população em relação à estimativa anual. Isso ocorre por que entre os censos de 2000 e 2010 a cidade teve uma perda de população. Quando a cidade tem essa perda de propulação entre os censos, na hora de fazer estimativa anual no período intercensitário, ou seja, nos anos em que não temos o censo, esse fator de redução de população vai se repetindo”, explicou. 

O Bahia Notícias entrou em contato com a Sesab para saber se a pasta tem conhecimento da discrepância dos dados do IBGE frente à realidade populacional da cidade; se a secretaria utiliza estes dados para calcular o contingente de vacinas enviado ao município, e saber quais providências serão adotadas para que a cidade receba o número de doses proporcional à população.

No entanto, até o fechamento dessa matéria, não obtivemos retorno. De acordo com a secretária de Saúde de Maetinga, a cidade registra quatro casos ativos da Covid-19 e outros 19 seguem monitorados. No município, 189 pessoas já são consideradas curadas e seis óbitos foram registrados. 


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