Secretários que pretendem ser candidatos fazem figa para que eleições sejam adiadas

  • Fernando Duarte
  • 28 Mai 2020
  • 07:52h

(Fotocomposição: Brumado Urgente)

O possível adiamento das eleições será uma aposta para adiar também a saída de figuras-chaves na administração soteropolitana e que pleiteiam disputar o pleito de 2020. Leia-se os secretários de Infraestrutura, Bruno Reis, e de Saúde, Léo Prates. Ambos são apresentados como pré-candidatos por DEM e PDT e teriam que deixar os cargos do primeiro escalão no dia 4 de junho, quatro meses antes da data originalmente prevista para a eleição.Há uma articulação forte para que as urnas não sejam dispostas em outubro, como previa o calendário do Tribunal Superior Eleitoral. A pandemia, cuja curva descendente de contaminação ainda não está prevista claramente, é um motivo justo para que a excepcionalidade do adiamento da eleição entre na pauta. Tanto o processo de campanha eleitoral, que demanda uma mobilização de pessoas, como o ato de ir votar envolve a possibilidade de aglomeração, algo completamente diferente do que recomendam as autoridades de saúde. Como os agentes políticos são interessados nesse adiamento, é provável que a demanda acabe acatada pela Justiça Eleitoral. O próprio presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, apontou a possibilidade antes mesmo de tomar posse no cargo. Mesmo que alguns otimistas mantenham a previsão original da ida da população às urnas em 4 de outubro, enquanto a curva do novo coronavírus permanecer em crescimento, dificilmente alguém vai bancar o não adiamento. Na capital baiana, Bruno Reis e Léo Prates seriam os grandes beneficiários da mudança na data das eleições, pois permaneceriam mais tempo nos postos que garantem certo nível de visibilidade. Especialmente Prates, que comanda a Saúde soteropolitana, área-chave para o enfrentamento à Covid-19. Por isso, o PDT, partido ao qual ele é filiado, se apressou em fazer uma consulta ao TSE sobre se a desincompatibilização de políticos que atuam na saúde pode ser equiparada à de militares, de três meses, o que daria uma sobrevida de um mês como secretário para ele. Já Bruno Reis, por ser vice-prefeito, até conseguiria manter um grau de presença na imprensa, mesmo que esteja fora da secretaria de Infraestrutura. No entanto, adiar um pouco a saída dele da pasta permitiria que ele continuasse a participar de atos públicos da prefeitura, algo crucial no processo de associação dele ao prefeito ACM Neto, de quem tenta ser sucessor. Como a classe política praticamente dá como certa a transferência da eleição 2020 para uma data posterior a outubro, o efeito em cascata vai gerar mais prazo para as eventuais desincompatibilizações. Quem talvez não fique muito feliz sejam os candidatos a vereador, que deram adeus aos cargos no tempo regulamentar. Talvez não contassem com a gravidade da crise do novo coronavírus.

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