Após quase dois séculos de existência, PM da BA tem 1ª mulher promovida a tenente-coronel

  • Itana Alencar, G1 BA
  • 23 Mai 2019
  • 10:48h

Agora tenente-coronel, a militar Ana Fernanda Dantas é a maior autoridade feminina da PM da Bahia — Foto: Jorge Cordeiro/Divulgação PM-BA

Após 194 anos de instituição, a Polícia Militar da Bahia teve, neste mês, a primeira mulher promovida à patente de tenente-coronel. Aos 54 anos, a médica pediatra Ana Fernanda Dantas contou a sua trajetória profissional como oficial e falou sobre as responsabilidades que a aguardam. Nascida em Salvador, a militar está na corporação há 25 anos – agora a um degrau da patente mais alta da PM, que é coronel. No entanto, hoje, Ana Fernanda Dantas é a maior autoridade feminina da Polícia Militar na Bahia. Ela entrou na PM no primeiro concurso em que foi permitido o ingresso de mulheres no quadro de médicos da instituição – em 1993. Além de médica pediatra, a tenente-coronel também é bacharela em direito e mestra em administração pública. Por já ter ingressado na PM como médica, Ana nunca participou de ações operacionais nas ruas.

A honraria – como ela mesma classifica a promoção –, foi concedida no dia 7 de maio, em uma solenidade liderada pelo comandante-geral da PM, o coronel Anselmo Brandão, no quartel da corporação que fica no Largo dos Aflitos.

"O coronel Anselmo fez essa solenidade. Foi simples, mas bastante significativa. Só estavam na minha frente quatro coronéis e, no meu grupo, dos que seriam promovidos a tenentes-coronéis, só tinha eu de mulher. Quando eu olhei para trás e vi tantos homens, eu percebi o quanto é significativo ser a primeira mulher", lembra Ana Fernanda.

Para a militar, junto com a promoção há o crescimento da responsabilidade. "A carreira militar tem isso, você vai subindo de acordo com seu amadurecimento e as responsabilidades e nossas atribuições vão aumentando", ponderou.

As promoções na carreira militar dependem de vários quesitos, segundo Ana Fernanda. Para a patente de tenente-coronel no quadro de médicos, que era a área em que a militar concorria, só havia uma vaga que seria "disputada" entre ela – então major –, e um colega homem.

"[A promoção] não depende só da gente estar habilitado. No meu caso, como eu sou médica, a gente concorre dentro do nosso quadro de médicos. Eu e o outro colega que estávamos habilitados para a promoção, então nós dois tínhamos expectativa. Quase não tinha nenhuma diferença entre a gente no termo de pontos e notas, então sabíamos que poderia ser um ou outro", comentou.

A tenente-coronel se formou em medicina pela Universidade Federal da Bahia (Ufba) em 1988. Antes disso, ela concluiu o Ensino Fundamental em uma escola pública da cidade de São Gonçalo dos Campos, a cerca de 108 km de Salvador, município onde morou por 15 anos.

Depois, a militar voltou à capital para terminar o Ensino Médio no Colégio Marista, onde também ingressou após fazer prova.

"Em 90 [1990] eu vi o concurso [da PM], mas naquele ano não tinha vaga para as mulheres na minha área. O quadro de saúde era só para homens. Em 93 [1993] abriu o concurso com vagas para mulheres. Eu passei aos 28 anos. Depois eu fiz os sete meses da academia, fazendo estágio de adaptação para carreira militar e entrei na corporação com 29 anos", lembra.

Na época, Ana Fernanda fez a especialização em pediatria e em pneumologia infantil. A militar serviu no Colégio da Polícia Militar da unidade Dendezeiros, que fica no bairro do Bonfim, de 1996 a 2008, nas funções de tenente e capitã.

"Em 2011 eu fui convidada para implantar o serviço médico da Casa Militar do Governador, que fica na governadoria, no Centro Administrativo da Bahia. Já em 2017, me convidaram a implantar o serviço médio do Centro de Operações e Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, que também fica no CAB", destaca.

Hoje, a tenente-coronel se divide entre o Departamento de Saúde da PM, que fica na Vila Militar do Bonfim, e no serviço do Centro de Operações da SSP. "Agora estou aguardando o nosso diretor de Saúde, o coronel Nolasco, voltar de férias e me delegar meu novo local de trabalho. Enquanto isso, sigo com meu serviço", disse.

Sobre histórias que tenham marcado a trajetória da tenente-coronel, ela faz questão de dizer que todas têm significado igual.

"Como eu lido com a parte médica, são inúmeras histórias envolvendo pacientes. A nossa missão é tentar ajudar as pessoas nos seus momentos de maiores fragilidades. Quando eu fazia atendimento em ambulância, por exemplo, eu recebia muitos pacientes graves. São situações rotineiras e a gente tenta tratar todas de forma igual", ponderou.

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