Rui pode até negar interesse no Planalto, mas movimentos sugerem o contrário

  • Fernando Duarte
  • 03 Mai 2019
  • 10:28h

(Foto: Daniel Simurro | Brumado Urgente)

Poucos dias após o segundo turno das eleições de 2018, essa coluna falou sobre o capital político reunido por Rui Costa após a campanha de então. Acabou reeleito com cerca de 75% dos votos válidos e transferindo esse prestígio para a campanha de Fernando Haddad ao Palácio do Planalto. Haddad não logrou êxito, porém Rui saiu fortalecido do pleito e despontava como uma liderança emergente no cenário nacional dentro do próprio PT. Não era um exercício de previsão, confirmado nesta quinta-feira (2) após veículos de imprensa nacionais tratarem pela primeira vez do tema. Rui ser cogitado para o Planalto é um caminho natural. Depois que o petismo se tornou o novo “comunista que come criancinha” do Brasil, o partido deve passar, necessariamente, por um processo de mudança. E Rui talvez seja um grande símbolo de como se desprender do PT sem deixar de ser petista. Esse processo de “afastamento” do estigma partidário vem sendo construído pelo governador da Bahia desde o período anterior ao impeachment de Dilma Rousseff. Enquanto lideranças da legenda bradavam a teoria do golpe, Rui era uma voz comedida que, mesmo tratando do processo como um golpe, não endossava 100% a tese de sobreposição das instituições democráticas. É como se Rui fosse um petista fora dos estereótipos construídos ao longo de muitos anos de consolidação da sigla como uma das principais vertentes políticas do país. Tal postura pode ser observada desde a construção do governo, que não cede a pressões de aliados tão facilmente, até a forma como lida com outros setores da economia. O empresariado não só o apoiou em 2018, como também é responsável por manter um ritmo de investimento maior do que a média do restante do país. Enquanto os sindicatos, tradicionais redutos da esquerda, ficam para escanteio e ainda assim permanecem calados. O governador pode não ser considerado amplamente um ás na política, tal qual o padrinho dele, Jaques Wagner. Todavia, Rui construiu uma história capaz de sobreviver e amplificar o alcance do Galego. E, ao dizer estar cedo para discutir o pleito de 2022, sai pela tangente ao invés de negar peremptoriamente a intenção de disputar a Presidência da República na próxima eleição. É esperto. Diferente do próprio Wagner, que defendeu publicamente que Haddad continua sendo o nome natural do PT para ser candidato lá. É a lógica do boato a favor que não se nega. Aliado a isso, o petista segue em uma agenda intensa de trabalhos em conjunto com outros governadores, ampliando a projeção que tem no cenário nacional. Mesmo que negue a intenção, Rui tem dado passos importantes para ser uma alternativa viável para o PT. O empurrão dos aliados o governador já tem, vide a declaração de Otto Alencar de que a Bahia precisa ter um presidente da República.

 

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