Jovem faz faxina em cursinho em troca de bolsa de estudos e passa na USP

  • 24 Fev 2019
  • 13:14h

Foto: Reprodução/TV TEM

Zípora é uma jovem menina de família simples que saiu da Paraíba e foi para o interior de São Paulo buscar tratamento de saúde para a irmã mais nova.Em São José do Rio Preto (SP), ela trabalhou no Poupatempo e limpou salas de um cursinho para ganhar bolsa de estudos até conseguir realizar o sonho: passar em uma universidade pública.“Ele sempre lutou, batalhou, inclusive no cursinho que ela estudou agora limpava o cursinho, as salas de aula, porque a gente não tinha condições de pagar”, afirma a mãe Gerusa Emídio.Zípora conseguiu passar no curso de enfermagem na USP, em Ribeirão Preto (SP), e na Famerp, a Faculdade de Medicina e Enfermagem de Rio Preto. A menina, que conseguiu o primeiro emprego aos 16 anos como menor aprendiz, sempre pensou em voos mais altos.“Saber que tudo que eu passei valeu a pena, tudo no final teve uma vitória. Saber que teve pessoas que estavam ao meu lado me ajudando, porque não foi fácil. Esse é só o início da caminhada, virão outras dificuldades, mas eu vou conseguir vencer”, diz.Zípora se mudou para Rio Preto há três anos com a família em busca de tratamento para a irmã dela, Zíbia Héllem, portadora da Síndrome de Crouzon, uma doença rara que causa deformidades cranianas e faciais com várias consequências para a saúde.A garota estudava pela manhã e trabalhava no Poupatempo da cidade a tarde. USP e Famerp não foram as únicas universidades que ela já passou. No ano passado, ela foi aprovada no mesmo curso na Unesp de Botucatu, mas sem dinheiro, não conseguiu ir.Mas agora a história foi diferente. O apoio que ela teve não foi apenas da família, mas sim dos amigos no trabalho.“Ela falou que tinha passado novamente numa universidade pública e estava sem condições de ir para Ribeirão. Ela precisava de dinheiro até conseguir uma moradia fixa. A ideia surgiu nesse momento, resolvemos fazer essa rifa e ajudar”, diz a coordenadora do Poupatempo Fernanda Abreu.O dinheiro arrecadado com a rifa vai ajudar Zípora a se manter por pelo menos três meses em Ribeirão Preto, cidade onde vai estudar.Na quinta-feira (21) foi a despedida no último dia de trabalho. O clima não foi de tristeza. “Me apoiaram desde o início, sempre que eu queria desistir eles falaram para não desistir, é uma segunda família para mim”, diz.Estudar numa universidade pública e se tornar médica sempre foi o sonho dela. Embora ela tenha passado na faculdade de enfermagem, ela tem a intenção de tentar uma transferência para o curso de medicina. Para isso ela tem que passar numa avaliação interna. Para ela, nada parece impossível.“Estou muito ansiosa. Se você tem um sonho, se é isso que você quer para sua vida, você tem que lutar por ele, porque nada vem fácil, tudo tem um caminho a ser seguido, a vida é cheia de degraus e muitas vezes não é fácil da gente subir, às vezes a gente tem até que escalar”, diz.


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