Polícia apura caso de garoto de 12 anos mantido trancado à disposição de suposto ritual religioso

  • G1
  • 11 Jan 2019
  • 15:16h

Foto: Reprodução/TV Globo

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga o caso de um menino de 12 anos que ficou mais de uma semana trancado à disposição de um suposto ritual religioso. Em um dos ritos, a cabeça dele foi raspada. As denúncias ao Conselho Tutelar foram feitas pelo pai. Segundo ele, o local é um um centro espírita do Entorno, e foi a mãe quem levou o garoto.“Rasparam minha cabeça com navalha e botaram tipo uma bola de areia quente aqui no meio da cabeça. Doeu. Ardia quando eu pegava e ficou uma marca.” “A gente tinha que tomar um banho gelado porque já tinha uma ordem assim, e toda pessoa que passa por lá tem que cumprir essa ordem”, descreveu o garoto, que dizia ter ficado mais de dez horas sem comer. Como refeição, só podia comer arroz com frango sem sal nem tempero. O menino mora com a mãe. O pai dele disse ter percebido que algo estava errado quando não conseguiu mais ver o filho, que ficou 15 dias sem ir para a escola. “Ele sumiu e eu achei estranho. Eu e minha esposa fomos até a casa da mãe dele. Eu não falo com ela, mas minha esposa fala. Ela relatou que ele estava na roça, um centro espírita, e que ela não ia dar o endereço e que ele estava sofrendo problemas psicológicos”, disse o pai. Ele acabou descobrindo o local. Ao chegar, veio o susto. “Meu filho estava em um quarto, em um barracão do centro espírita, com as vestimentas molhadas e mofadas, tossindo muito. Eu não reconheci meu filho.” O menino relata que o próximo passo do ritual seria passar por um abuso sexual. “O cara falou que eu ia ter relações. Eu tinha que ter relações com um homem depois que eu saísse de lá. Minha mãe sabia. Por isso que eu não quero voltar para morar [com ela].” O Conselho Tutelar fez um relatório considerando ter notícia de outras vítimas, decidiu entregar um termo de responsabilidade para que o pai cuide do filho. “Tanto adultos como crianças vítimas de violência sexual ou violência mesmo, corte nas mãos, questão de redução de alimentos. A gente já tinha visto muito dessas denúncias, e então a gente aplicou essa medida de entregar para o pai para realmente prevenir, proteger esse menino porque vimos uma ameaça de abandono de incapaz.” A mãe acionou a Vara da Infância, que decidiu entregar o menino de volta à mãe, apesar das denúncias de maus-tratos. O menino disse ter sido agredido pela mãe, quando era criança. Em 2016, ele chegou a prestar depoimento à polícia. “A agressora, por estar convicta de que o ofendido estava mentindo, e, visando corrigi-lo, o agrediu com um cinto, o qual, acidentalmente, lesionou sua cabeça, devido à fivela”, dizia a ocorrência. “Ela falava que eu pegava dinheiro. Aí ela já me queimou com a chapinha na minha mão, botava para eu beber pimenta e ela já mordeu minha língua. Faz tempo, eu era criança.” Procurada, a mãe do adolescente não quis se explicar. A delegacia de Ceilândia Centro investiga o caso. O centro espírita não foi localizado.


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