Candidata do Enem tem autorização para entrar em local de prova sem documento, mas depois é eliminada na Bahia

  • G1
  • 04 Nov 2018
  • 17:12h

Foto: Alan Oliveira/ G1

Aos 20 anos, o sonho da estudante Simoni Oliveira de ingressar em um curso de farmácia foi adiado mais uma vez, neste domingo (4), após ela ser impedida de fazer a prova do Enem por esquecer o documento de identificação em casa, em Salvador.A candidata chegou a entrar na sala onde faria o teste, no Colégio Estadual Dr. João Pedro Dos Santos, na Avenida Bonocô, mas, depois de ter a permanência no local autorizada por uma fiscal, foi informada pela mesma mulher que não poderia participar do exame, por não ter apresentado o documento de identificação. Simoni conta que não levou o documento porque teve uma manhã agitada com a filha, uma bebê de apenas 20 dias. Segundo a estudante, na correria para arrumar as coisas da criança, para deixá-la com uma tia, acabou não lembrando da identidade. "Eu tenho um bebezinho de 20 dias. Estava arrumando as coisas para deixar ela com minha irmã e aí eu acabei esquecendo a identidade em casa", disse. Em entrevista ao G1, a estudante, que é moradora do bairro Luís Anselmo, contou que, mesmo com o tempo corrido, chegou com 20 minutos de antecedência na escola e poderia ter ido buscar o documento em casa, a tempo de voltar para fazer a prova, mas confiou na fiscal e ficou, na esperança de que poderia participar do exame sem a identidade. Quando eu cheguei, me identifiquei na porta, falei que tinha esquecido a documentação. Meu esposo ainda falou: 'Eu posso ir buscar'. Aí, ela [a fiscal] falou venha conferir seu nome na lista. Eu fui para baixo, conferi com outro monitor, no corredor, ele falou o meu nome e ela disse: 'Você pode entrar'. Ela guardou meu celular no saquinho, mesmo sabendo que eu estava sem documentação", contou. A estudante conta que só foi orientada a sair da sala quando faltavam dois minutos para o fechamento dos portões, às 11h58. Ela chegou a conversar com a coordenadora do local de prova, mas não houve o que fazer. "Depois de entrar na sala, eu fiquei esperando. Faltando dois minutos para não poder ninguém entrar [12h], ela me chamou novamente, me levou para a coordenação e a moça falou lá que eu não poderia ficar porque eu estava sem documento. Depois, me mandou embora. Eles falaram que eu não poderia ficar nem se eu pedisse para alguém trazer minha documentação, sendo que é 5 minutos da minha casa para cá", falou. Simoni saiu da escola por volta das 12h10, cerca de 10 minutos após o fechamento dos portões da unidade. "Agora, é só frustração. Porque a gente espera o ano todo e não pode fazer a prova, sendo que essa é a nossa única chance de conseguir alguma coisa. Entre tentar buscar e não fazer, eu preferia tentar buscar e fazer a prova. Não queria ficar aqui fora sem poder fazer nada", lamentou. Sem as provas deste domingo, Simoni contou que não pretende participar do exame na próxima semana. Ele conclui o ensino médio em 2016 e fez o Enem no ano passado, mas não conseguiu vaga em uma universidade. "Como a nota é uma somatória, não vai valer a pena. Eu vou ficar com muito menos que o esperava. Ainda mais que hoje a redação era o mais importante pra mim. Então, não tem muito o que fazer", contou. O G1 procurou o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que ficou de se posicionar sobre o caso, mas não respondeu até esta publicação.


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