Vítimas de estupro vivem clausura e banda 'New Hit' espera nova sentença

  • 08 Jun 2016
  • 10:10h

Parte dos integrantes da banda New Hit, envolvida em denúncia de estupro (Foto: Divulgação)

Quase quatro anos após a denúncia do estupro coletivo envolvendo nove músicos da banda de pagode New Hit e um ex-policial militar, o caso segue sem previsão de desfecho. Em maio de 2015, todos os suspeitos foram condenados a 11 anos e oito meses de reclusão. Os réus entraram com recursos e, desde então, aguardam o julgamento dos pedidos em liberdade. As duas vítimas, segundo testemunhas, mantêm uma rotina de clausura. Uma delas mudou de nome e estado e segue amparada pelo Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM). A segunda abandonou o programa e permanece na Bahia, porém em uma rotina domiciliar. Já os reús mantêm a esperança de que a pena seja reavaliada. Conforme o Ministério Público da Bahia (MP-BA), com base em informações do Sistema de Acompanhamento Integrado de Processos Judiciais (Saipro), os autos da ação foram remetidos ao Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) no último dia 23 de maio. Ao G1, o TJ afirmou que ainda não há um prazo final definido para o julgamento dos recursos interpostos pelos réus. O parecer conclusivo está a cargo do relator do processo, o desembargador Lourival Almeida Trindade.

Enquanto os recursos não são julgados, as duas vítimas, que hoje são maiores de idade, vivem os traumas do crime. Isso é o que afirma Sandra Muñoz, coordenadora regional da Rede Feminina de Saúde, entidade nacional não-governamental e sem fins lucrativos que defende o direito sexual e reprodutivo das mulheres no país. “Acompanho elas. O estado psicológico é péssimo. Foram violentadas e elas que têm que ficar escondidas. Saíram de suas casas com as roupas do corpo. Uma delas continua no programa [de Proteção de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte]. Mudou de nome, de estado. A outra não aguentou e deixou o programa, mas vive escondida”, detalha. A cada novo caso de estupro, Sandra Muñoz conta que as vítimas revivem a violência sofrida. Assim foi durante a divulgação da agressão sexual contra uma adolescente de 16 anos envolvendo mais de 30 homens no Rio de Janeiro. O crime ocorreu no final do mês de maio. “Elas me ligaram. Estavam chocadas demais. A lembrança dói”, atesta.


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