Zen Budismo
Diversas escolas compõem a prática religiosa do Budismo como um todo, como o Budismo Tibetano, o Mahayana e o Zen Budismo, entre outros. Os ensinamentos de Buda, porém, são comuns a todas as correntes, e falam sobre compaixão, desapego material e emocional e disciplina da mente. Cada escola prepara um evento característico para celebrar a passagem do ano e relembrar os ensinamentos budistas. No Zen Budismo, existe uma comemoração especial para marcar essa data, exatamente no dia 31 de dezembro.
Os praticantes se reúnem e batem o sino durante 108 vezes. Essa prática simboliza o número de apegos e defeitos que devem ser abandonados para o próximo ano, como raiva, ciúme, mágoa. Mas para o Monge Genshô Chalegre, da Comunidade Zen Budista de Florianópolis, essa centena de emoções negativas devem ser trabalhadas todos os dias.
“Nós convencionamos esse ritual de Ano Novo para o nosso calendário, no dia que a Terra completa a volta ao redor do sol. Porém, nós não podemos ficar presos a essa data. Toda vez que acordamos devemos ter em mente que esse é o primeiro dia do resto das nossas vidas”, pontua o monge, explicando que não é preciso esperar a virada para se redimir. “Uma vez por ano não é suficiente. Todo dia pode ser o dia do Ano Novo.”
Judaísmo
Embora Rosh Hashaná (o ano novo judaico), tenha sido em setembro, os valores do judaísmo para essa data, de certa forma, também podem ser aplicados na celebração da virada para 2015, diz o rabino Ruben Sternschein, da Congregação Israelita Paulista (CIP). É preciso lembrar o ano que passou e avaliar o que foi feito de certo e de errado, e também pensar sobre como se quer agir no ano seguinte.
Afro-brasileiras
“As religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, aproveitam a virada de ano para fazer uma purificação, deixando para trás o que é negativo. Os terreiros fazem uma limpeza coletiva com ervas e oferendas para trazer paz no ano seguinte”, explica a mãe de santo Kátia de Ogun. Segundo a sacerdotisa, 2015 será regido por Oxóssi e Obá. O primeiro é um orixá da caça e da fartura. Já a segunda comanda o amor e o sucesso profissional.
Mãe Kátia explica que a regência desses dois orixás vai exigir que todos exercitem a tolerância num ano que será turbulento. A sacerdotisa também propõe um ritual simples trazer tranquilidade e livrar dos maus fluidos.
“Recomendo a todos tomar um banho de cachoeira. É um ritual simples que traz muita paz na vida da gente. Não precisa ser no dia 31, pode ser uns dias antes. Aliás, sempre digo, peça apenas paz nesta hora. Com paz fica mais fácil de conseguir o resto.”
Catolicismo
Tendo o Natal como data fundamental no ano, celebrando o nascimento de Cristo, o catolicismo usa o 25 de dezembro como período de redenção e reflexão sobre o ano que passou, projetando o novo que virá. Mesmo assim, a virada de 31 para 1º não deixa de ter sua importância para os católicos.
Para eles, a passagem de ano funciona como um momento para inspirar otimismo e renovação. “Iluminados por Jesus, desbravamos novos caminhos, buscando novos horizontes cheios de alegria, saúde e paz”, projeta o padre Tarcísio Machado.
“Apesar das contradições, confiamos na ação santificadora do Espírito Santo para fazer resplandecer, em nossa face, a bondade do Deus da vida”, prossegue o padre.
Presbiterianismo
Ricardo Mota Leite, pastor presbiteriano e executivo da Agência Presbiteriana de Evangelização e Comunicação, diz que a passagem do Ano Novo pode gerar uma ideia de transformação artificial.
“É comum ao final de cada ano, sermos tomados por um otimismo natural. Talvez pela sensação de que o que não deu certo ficou para trás e que uma nova oportunidade aparecerá no próximo ano como se tudo fosse melhorar magicamente na noite da virada”, avalia Leite.
Para o pastor, é preciso ter clareza do sentimento que devemos focar na passagem de ano. “A expectativa tem uma durabilidade menor e se esvai diante da adversidade. A esperança não, ela vê além da adversidade, supera a expectativa e não é dependente desta.”
Islamismo
A passagem de ano no Islamismo não segue o calendário solar tradicional. Para os muçulmanos, o ano de 1436 começou em 25 de outubro de 2014, segundo o ciclo lunar. Mesmo sem ter um ritual específico para celebrar a passagem no dia 31 de dezembro, a religião aproveita para a reflexão.
“O Ano Novo representa um momento para refletir sobre o que foi feito durante esse ciclo que terminou, em relação às boas ações. Analisamos, por exemplo, nossas orações para Deus, o jejum, o pagamento purificador dos bens (Zakat), a ajuda aos mais necessitados e o bom comportamento com os vizinhos”, explica Feres Fares, gestor da Mesquita Brasil.
Os muçulmanos acreditam que esse é um dia para se arrepender das más ações e se comprometer a ter uma conduta melhor, resistindo às tentações e sendo mais paciente frente às adversidades. “Devemos fazer isso todos os dias. Deus deixou a morte como um dos maiores mistérios para que nós não tiremos proveito disso. Não sabemos quando vamos morrer, por isso é importante ter esperança e sempre propagar o bem”, reforça Feres Fares.